Dust, em inglês, significa pó, poeira. Portanto, duster seria aquele que
faz pó — embora também seja o nome, naquele idioma, de uma espécie de sobretudo
que se usa em regiões rurais. Seja qual tradução se preferir, o fato é que a
chegada do Renault Duster vai espanar a poeira no mercado dos utilitários
esporte de tamanho e preço intermediários — e a poeira mais sacudida será
certamente a da Ford, que enfim tem um concorrente à altura para o
EcoSport, líder do segmento.
Desde que o modelo da marca do oval foi lançado, em 2003, o mercado nacional
ganhou versões "aventureiras" de hatches (CrossFox, Sandero Stepway), peruas
(206 e 207 Escapade, além da Palio Adventure já existente), minivans (Idea
Adventure, C3 Aircross) e até furgões (Doblò Adventure), todos interessados em
uma fatia do bolo que a Ford vinha conquistando. Mas levou oito anos até que
aparecesse, de fato, um utilitário esporte para competir frontalmente com o
EcoSport.
O primeiro sintoma da importância do lançamento do Duster, em Foz do Iguaçu, PR,
foi a presença do brasileiro Carlos Ghosn, presidente mundial do grupo
Renault-Nissan. Não é sempre que se vê um executivo dessa envergadura em
lançamentos no Brasil, e Ghosn deu importantes dicas do fortalecimento da
presença dos produtos Nissan e Renault no Brasil.
Desenvolvido e fabricado inicialmente pela Dacia, fábrica romena adquirida pela
Renault, o utilitário foi apresentado na Europa no fim de 2009 e chega ao
mercado brasileiro com 68% de índice de nacionalização. O modelo local teve 774
componentes modificados em relação ao produzido pela Dacia, pois a versão romena
tem acabamento mais rústico. A plataforma B0, usada por Logan e Sandero, serviu
de base para que o Duster fosse desenvolvido, embora ele ofereça um motor não
disponível naqueles automóveis, de 2,0 litros, e opção de tração integral, que
usa transmissão e suspensão traseira específicas com tecnologia Nissan.
A intenção de enfrentar o EcoSport fica clara na definição de versões, conteúdos
e preços: há um Duster para competir com cada opção do modelo da Ford, com
alternativas similares de acabamento, motor, câmbio e tração. Os preços
sugeridos são: básico de 1,6 litro e câmbio manual, R$ 50.900; Expression 1,6
manual, R$ 53.200; Dynamique 1,6 manual, R$ 56.900; Dynamique de 2,0 litros e
caixa manual, R$ 60.600; Dynamique 2,0 com caixa automática, R$ 64.600; e
Dynamique 2,0 com tração integral e câmbio manual, os mesmos R$ 64.600.
Além do Eco, estão na mira da Renault o Hyundai Tucson e o
Mitsubishi Pajero TR4,
ambos com motor de 2,0 litros e, no caso do segundo, tração integral de série. A
garantia, de três anos como já habitual na marca, vem limitada a 100 mil
quilômetros, o que ocorrer primeiro. A Renault espera vender 2.500 unidades ao
mês até o fim do ano.
A versão básica do Duster tem aspecto simples, com para-choques em preto fosco e
rodas de aço, e vem de série com ar-condicionado, direção assistida hidráulica,
volante regulável em altura, controle elétrico dos vidros dianteiros e travas
com acionamento destas a distância, abertura interna da tampa do combustível e
pneus 215/65 R 16. O Expression acrescenta bolsas infláveis frontais, alarme
antifurto, controle elétrico dos vidros traseiros, ajuste de altura do banco do
motorista, Iluminação no porta-malas, para-choques na cor do carro e barras de
teto.
Quem optar pelo Dynamique leva freios antitravamento (ABS), faróis de neblina,
encosto de cabeça para o quinto ocupante (falta o cinto de três pontos para
ele), rodas de alumínio, banco traseiro bipartido 60:40, computador de bordo,
iluminação no porta-luvas, ajuste elétrico dos retrovisores, volante e pomo de
câmbio revestidos em couro, retrovisores e barras de teto cromados e
rádio/toca-CDs com MP3, conexões USB/Ipod/auxiliar,
interface Bluetooth e comando na coluna de direção. O 2,0-litros inclui
câmbio de seis marchas (quatro no automático) e o 4WD vem ainda com rodas pretas
e para-choques com dois tons. A única opção para os Dynamiques é revestimento em
couro.
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