

Painel e bancos foram
revistos para o modelo nacional; no Dynamique de 2,0 litros há opção de
câmbio automático que admite trocas manuais


O Duster básico tem aspecto
simples por fora e por dentro, mas traz os itens de conforto mais usuais
como ar-condicionado e direção assistida


Bolsas infláveis, mais itens
de conveniência e aparência mais cuidada fazem do Expression 1,6 uma
opção com boa expectativa de vendas |
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Acessórios à venda em concessionária são faróis de neblina, rede e
isolamento de porta-malas, para-barros, soleiras de portas, tapetes de borracha
com carpete, apoio de braço central, controle elétrico dos vidros traseiros,
ponteira de escamento cromada, calhas de chuva, barras de teto, porta-bicicleta,
seis modelos de sistema de áudio, toca-DVDs para encosto de cabeça e três
modelos de navegador por GPS.
Ao olhar para o Duster, alguns elementos de estilo saltam à vista, como os
para-lamas abaulados ao extremo, ligados aos estribos, e a combinação de vincos
e formas na traseira que transmite robustez. Chama atenção ainda o uso das
portas dianteiras do Sandero, até com seu característico vinco em curva, medida
de economia inesperada em um carro com carroceria toda diferente. A nosso ver, o
aspecto algo antiquado da frente — apesar da grade redesenhada para a versão
Renault em relação à Dacia — é o ponto fraco em termos de estilo.
A ligação visual com o Sandero continua na parte interna, com muitos componentes
em comum ou de aparência semelhante, sobretudo o painel e seus instrumentos. A
Renault adotou porta-objetos na parte superior do conjunto, mas manteve alguns
itens criticados no hatch, caso dos comandos de ventilação muito baixos. Em
comparação ao Duster europeu, o nacional ganhou desenho mais elaborado nos
mostradores e na parte central do painel, bancos redesenhados com laterais mais
envolventes e novos revestimentos.
Comprimento, altura e distância entre eixos (2,67 metros, ainda mais longa que a
do Logan, de 2,63 m) bem maiores que os do EcoSport deixam o Duster claramente
mais espaçoso que o concorrente, com bancos largos e ampla acomodação para as
pernas no banco traseiro. O acabamento é simples, com plásticos rígidos mais
presentes do que deveriam em um carro de sua faixa de preço, mas a aparência
está dentro do esperado.
Um efeito colateral dos para-lamas largos e dos estribos incorporados é que a
soleira das portas ficou muito larga e destacada. Pode ter um efeito estético
interessante, mas para passageiros e motoristas de 1,70 metro ou menos a perna
tende a encostar na soleira ao entrar e sair; se o carro tiver rodado pela terra
ou lama, certamente se vai sujar a roupa. Ainda sobre portas, seu ângulo de
abertura é muito bom, mas elas não se fecham com facilidade.
Destaque é o compartimento de bagagem espaçoso, para 475 litros, mas o banco
traseiro bipartido deveria estar na versão Expression. No 4WD, com o estepe sob
o assoalho, o espaço cai para 400 litros. A posição abaixo da carroceria, usada
nas demais versões, não poderia ser mantida por causa da transmissão. Sem o
estepe preso à quinta porta como no EcoSport, o Duster pôde optar pela tampa com
abertura convencional, para cima, tendência em utilitários — o Honda CR-V, por
exemplo, adotou esse padrão na atual geração.
Para todos os gostos
O Duster conta com dois motores flexíveis em combustível de quatro
válvulas por cilindro da própria Renault, sem recorrer à unidade de 2,0 litros
de origem Nissan hoje empregada pelo Fluence. O de 1,6 litro, bem conhecido,
recebeu nova programação de central eletrônica e sistema de partida a frio com
quinto bico injetor, em vez de eletroválvula. As vantagens são maior controle do
tempo e da quantidade de gasolina injetada no coletor de admissão, no momento da
partida, e menor nível de ruído nessa condição. Potência (110 cv com gasolina e
115 com álcool) e torque (15,1 e 15,5 m.kgf, na ordem) são números já habituais.
Novidade mesmo é o motor de 2,0 litros, o do extinto Mégane, mas com diversas
alterações — boa parte para aproveitar as características do álcool, pois nesse
modelo só havia versão a gasolina. A Renault modificou central eletrônica,
taxa de compressão (elevada de 9,8:1 para 11:1),
partida a frio (também com quinto injetor), cabeçote, válvulas de admissão e
escapamento, injetores de combustível, pistões, polias e tampa de distribuição.
A potência chegou a 142 cv com álcool, mantendo-se em 138 cv com gasolina, mas o
torque aumentou de 19,2 m.kgf (Mégane) para 19,7 m.kgf (gasolina) e 20,9 m.kgf
(álcool).
O câmbio da versão de 1,6 litro é da mesma linha do usado no Sandero, mas com
maior capacidade de torque. No Duster de 2,0 litros, a caixa manual tem todas as
relações diferentes para o carro com tração dianteira e a versão 4WD: nessa
última foi usado um escalonamento bem mais
aberto, com primeira bastante curta, apropriada para condições severas como
subidas íngremes e atoleiros. O câmbio automático, por sua vez, mantém o
gerenciamento eletrônico adaptativo e a seleção manual de marchas, por toques
para frente (subir) e para trás (reduzir).
Na versão 4WD a tração funciona como a de muitos utilitários esporte atuais,
incluindo o EcoSport 4WD: apenas as rodas dianteiras recebem torque até que
apresentem perda de aderência, o que aciona a tração traseira. No painel, um
seletor traz as posições 2WD, Auto e Lock. Em 2WD
apenas a tração dianteira atua; em Auto a distribuição do torque é
automática entre os eixos dianteiro e traseiro, conforme a aderência do piso; e
em Lock (bloqueio) tal divisão é fixada em 50% para cada eixo, sendo
indicada para pisos de baixa aderência. A função Lock é desativada, de
forma automática, a 80 km/h.
Para quem pretende ir ao fora-de-estrada, vale saber que o ângulo de entrada é
de 30 graus, o de saída 35 graus, o vão livre mínimo do solo de 21 centímetros e
a capacidade de transpor áreas alagadas chega a 40 cm.
A suspensão traseira também é diferente entre as versões. As de tração dianteira
contam com o mais barato eixo de torção, tendo sido recalibrados molas e
amortecedores para o Duster brasileiro. Na 4WD, que não poderia manter tal
suspensão (eixo de torção não serve para tração), é usado um moderno sistema
independente multibraço, o que deixa o Duster na ponta de lança entre os
Renaults nacionais nesse quesito — e aqui, como em vários outros aspectos, há
ampla semelhança com o EcoSport. A dianteira não muda, sendo o tradicional
conceito McPherson em toda a linha, e nos freios a única diferença é haver ou
não ABS.
Continua |