Peter Schreyer acertou a mão
outra vez: o antes discreto Sorento se tornou um utilitário elegante,
com estilo que passa a sensação de vigor
O interior ganhou espaço,
sobretudo longitudinal, e pode vir em três tons de couro; ajuste
elétrico do banco equipa versões de sete lugares |
Se alguém lhe perguntar o que permaneceu igual entre a versão anterior e
a nova do utilitário esporte (SUV) Kia Sorento, pode responder: o nome.
Mudou tudo — a começar pela estrutura, que passou a ser
monobloco, deixando de lado a carroceria
sobre chassi. Essa é uma das principais mudanças do novo Sorento, pois
foi responsável por um emagrecimento recorde de 215 kg em relação à
geração lançada em 2002. Outra novidade importante é a oferta de sete
lugares.
No Brasil há cinco versões, todas a gasolina (motor a diesel não pode
ser usado sem que haja caixa de redução na transmissão) e com a sigla
EX. O de cinco lugares com tração apenas dianteira e motor de quatro
cilindros e 2,4 litros tem preço sugerido de R$ 96.900. Com sete lugares
e nível superior de equipamentos, passa a R$ 115.900; com tração 4x4
permanente, R$ 120.900. Com motor V6, a opção 4x2 custa R$ 119.900 e a
4x4 vai a R$ 124.900, nos dois casos com sete lugares. Todas as versões
são equipadas com câmbio automático de seis marchas, bolsas infláveis
frontais, apoios de cabeça dianteiros ativos,
freios com sistema antitravamento (ABS), ar-condicionado automático de
duas zonas de ajuste, rodas de 18 pol (estepe inclusive), sistema de
áudio com rádio/toca-CDs/MP3 (dotado de conexões USB, auxiliar e para
Ipod) e controle no volante, bancos revestidos em couro, computador de
bordo, controlador de velocidade, faróis
de neblina, acendimento automático de faróis,
sensor de estacionamento traseiro e
retrovisor interno fotocrômico.
As versões com sete lugares acrescentam vários itens de conforto e
segurança que a básica não traz: tela da câmera traseira no retrovisor
para orientar manobras em marcha à ré, chave inteligente (destravam-se
as portas e liga-se o motor com ela no bolso, por exemplo), bolsas
laterais e de cortina, banco do motorista com ajuste elétrico, faróis de
xenônio no facho baixo, teto solar
panorâmico de comando elétrico e ar-condicionado para a terceira fila de
bancos. Aquelas com motor V6 vêm equipadas ainda com
controle eletrônico de estabilidade. Os
concorrentes no alvo da Kia são, sobretudo, Honda CR-V,
Chevrolet Captiva, Toyota RAV4,
Volkswagen Tiguan e o "primo" Hyundai
Santa Fe, do mesmo grupo sul-coreano.
Como já aconteceu com o Cerato, os traços
do habilidoso projetista alemão Peter Schreyer — chefe de Estilo da
marca sul-coreana que fez fama na Audi — fizeram muito bem ao Sorento.
Onde o modelo original era discreto, sem inspiração, surgem agora linhas
fortes e bem definidas que chamam atenção. Repare no vinco inclinado nas
portas, no capô mais alto nas seções laterais (antes era o contrário),
nos arcos de para-lamas mais pronunciados e na terceira janela lateral
integrada às demais, em vez de separada por uma coluna larga. A grade
dianteira típica dos novos Kias é um dos poucos itens cromados e as
lanternas traseiras usam leds. Bitolas
bem mais largas e rodas de 18 pol de série concorrem para o aspecto
vigoroso. Com o novo desenho o Sorento conseguiu uma pequena redução na
área frontal. O coeficiente aerodinâmico (Cx)
também foi melhorado, de 0,42 para 0,38, o que ainda ajudou a diminuir
os ruídos de vento.
Em comparação ao anterior, o utilitário cresceu 95 mm em comprimento,
mas perdeu 15 mm em altura (e 19 mm no vão livre do solo) e manteve a
largura. Donos do antigo Sorento vão notar que o interior conserva a
disposição original de muitos comandos, mas está com um aspecto renovado
e mais atraente. Evoluíram sobretudo o sistema de áudio mais integrado
ao painel e o volante com ar esportivo e pega bem melhor, enquanto os
instrumentos assumiram o moderno formato de "três cilindros" já adotado
em outros Kias. Bem-vinda é a oferta de revestimento dos bancos em couro
em três opções: marfim/preto, preto e bege. O motorista dispõe de boa
posição, mas o volante poderia trazer ajuste em distância e não só em
altura.
Outros pontos melhoráveis: o freio de estacionamento com acionamento por
pedal parece coisa de picape e o controle elétrico dos vidros só tem
função um-toque para os dianteiros (com
sensor antiesmagamento). A Kia destaca
ligeiros aumentos de espaço para todos os ocupantes, como mais 27 mm
para as pernas na segunda fileira e 102 mm na mesma medida da terceira
fila. Com assoalho 32 mm mais baixo, o acesso à cabine também está mais
cômodo.
Continua |