Deveria ser uma pedra no sapato dos concorrentes, mas um golpe do
destino jogou um pouco de areia nos planos da chinesa JAC Motors no Brasil. O
sedã médio J5 — quarto produto da marca por aqui, depois dos
compactos J3 e J3 Turin e
da minivan J6 — chega ao mercado logo após o aumento
de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), o que jogou seu preço para R$
53.800 (com rodas de 16 pol) e R$ 55.190 (rodas 17, o único opcional).
Isso fez o valor se inserir entre os de sedãs médios já consagrados, como
Ford Fiesta SE (o
importado, R$ 47.950) e Focus GL (R$ 57.110),
Honda City DX (R$
53.620), Kia Cerato
(R$ 53.635) e Nissan Sentra (R$ 53 mil), e ficar algo próximo ao de modelos como
Citroën C4 Pallas GLX, Peugeot 408 Allure (R$ 60 mil, ambos) e Renault Fluence
Dynamique (R$ 60.290). Desses, os quatro primeiros têm motores na faixa de 1,5 a
1,6 litro, com potência mais próxima à do J5 (125 cv em 1,5 litro), mas os
demais são de 2,0 litros com mais de 140 cv, uma vantagem expressiva.
O argumento de vendas da JAC continua sendo que o carro já vem de fábrica
completo, além de oferecer seis anos de garantia. De fato, ele traz bolsas
infláveis frontais, freios a disco nas quatro rodas com sistema antitravamento
(ABS) e distribuição eletrônica entre os eixos (EBD),
ar-condicionado com difusor para a traseira, rodas de alumínio, faróis de
neblina, sensores de estacionamento traseiros e
o habitual controle elétrico dos vidros, travas e retrovisores. Como opcional o
cliente pode escolher apenas as rodas de 17 pol com pneus Maxxis 215/45. Câmbio
automático? Por enquanto, não.
Comparado a Fiesta, City e Cerato, o J5 é um carro maior, com distância entre
eixos (2,71 metros) das mais longas entre os modelos médios. Para ser lançado no
mercado brasileiro foram feitas mais de 160 alterações no projeto original.
Suspensão e direção ficaram mais firmes, para se adaptar ao padrão brasileiro de
dirigir, e houve mudanças internas como a adoção de Iluminação em azul para o
painel de instrumentos
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um padrão JAC que está longe do ideal, pois não traz o devido contraste
para fácil leitura.
O interior revela um pouco de luxo e conforto, com bancos revestidos em
agradável tecido (o do motorista é dotado de regulagens lombar e de altura), e o
acabamento mostra alguns cuidados, com aplique de plástico preto brilhante no
painel e plástico mais suave na forração dos apoios de braço das portas. Não
falta a faixa degradê no para-brisa. Poderiam melhorar os encaixes de peças, o
volante com (pouca) regulagem apenas em altura e o revestimento de painel e
portas, que em uma das unidades avaliadas começava a apresentar ruídos.
O painel de instrumentos, que usa mostradores em três módulos, poderia ser do
tipo sempre aceso: a leitura durante o dia fica um pouco difícil, sobretudo com
óculos escuros. Curioso é que a sinalização do ventilador do ar-condicionado
está invertida: ele diminui para o lado que indica mais força. Nos comandos das
janelas nas portas, a do motorista tem acionamento
um-toque apenas para abrir. A forração do volante é de couro, bem-acabada;
já a empunhadura poderia ser mais larga e aderente.
Com espaço interno condizente com suas dimensões, o sedã pode acomodar bem
quatro adultos e uma criança, mas não há cinto de três pontos nem encosto de
cabeça para o passageiro central do banco traseiro. É amplo o porta-malas, com
capacidade de 460 litros (embora vários concorrentes superem 500 l), ótima
abertura da tampa e o estepe, sempre de aro 16 pol, sob o assoalho. A acomodação
das bagagens fica um pouco comprometida, porém, pelas grandes caixas de roda.
Além disso, as dobradiças "pescoços de ganso" podem amassar as malas.
Ao
volante
Ao manobrar o carro, ainda no aeroporto de Salvador, BA — onde a JAC fez
o lançamento para a imprensa —, nos surpreendemos porque a direção é bem suave
(como será na versão que os chineses usam?). O câmbio manual tem engates bem
precisos e curso na medida. No trânsito intenso da capital baiana, graças ao
câmbio e à embreagem bem suaves, o J5 não chega a incomodar no anda-e-para.
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