




Traços e vincos marcantes
colocam de vez o Fiesta no padrão Kinetic da Ford; as laterais volumosas
fazem as rodas parecerem menores |
Oito anos depois da estreia do modelo fabricado em Camaçari, BA, chega
um novo — realmente novo — Ford Fiesta ao mercado brasileiro. Oferecido
por enquanto apenas como sedã e importado do México, onde é feito na
unidade de Cuautitlán para atender às três Américas, ele estreia pouco
tempo depois do início de vendas nos Estados Unidos. O acordo comercial
entre Brasil e México o isenta de Imposto de Importação, como já
acontecia com o Fusion.
Esse novo Fiesta, que corresponde à sexta geração do modelo lançado em
1976, apareceu no mercado europeu em 2008 como versão de produção do
carro-conceito Verve,
apresentado no Salão de Frankfurt do ano anterior e que também esteve no
evento de São Paulo. Os europeus preferem hatches nessa categoria e por
isso naquele continente nunca existiu a opção sedã, que foi desenvolvida
para outros mercados, como o chinês (o primeiro a recebê-la) e o
norte-americano. Ainda em 2008 era revelado o conceito Verve sedã, em
que alterações na frente antecipavam as que seriam aplicadas a ambas as
carrocerias quando chegassem aos EUA.
E por lá o Fiesta tem sido bem-recebido, por oferecer conforto e
desempenho adequados em um pacote mais compacto e econômico, bem o que
os norte-americanos desejam nesse momento de recuperação da crise
econômica. Para a Ford de lá, ele representa também uma forma de atender
aos futuros limites do programa de consumo de combustível corporativo (Cafe),
pelo qual cada fabricante precisa atingir ou superar uma média de
rendimento para os automóveis e utilitários que vender. Mais clientes
convencidos a levar um Fiesta para casa significam, para a fábrica, o
direito de vender mais carros grandes e beberrões.
Mas onde entra o Brasil nessa história? O Fiesta produzido em Camaçari,
mesmo com duas remodelações frontais, já não pode esconder sua
defasagem. Com a saída de linha do Focus de primeira geração, a Ford
criou certa lacuna de preço entre o Fiesta local e o novo Focus — um
espaço onde o Fiesta mexicano se encaixa muito bem. O principal alvo é
claro e se chama Honda City, mas ele competirá por aqui também com Kia
Cerato, Volkswagen Polo e, de certa forma, Peugeot 207 Passion (a Ford
não inclui o Renault Symbol em suas comparações). Como curiosidade, esta
é a segunda vez em que um Fiesta sedã vem do México: entre 2001 e 2004 a
empresa importou o modelo derivado da
quarta geração.
Chamado pela Ford de New (novo) Fiesta, o carro vem em versão única de
acabamento, SE, com três configurações. A básica, ao preço sugerido de
R$ 49.900, traz de série ar-condicionado com ajuste manual, direção
assistida elétrica, computador de bordo, volante ajustável em altura e
distância, rodas de alumínio de 15 pol, rádio/toca-CDs com leitura de
MP3, alarme antifurto, comando a distância para portas e tampa do
porta-malas, fixações padrão Latch para cadeiras infantis, cintos de
três pontos e encostos de cabeça para cinco pessoas e controle elétrico
dos vidros, travas e retrovisores. O sistema antitravamento (ABS) de
freios eleva o preço para R$ 51.150.
Por R$ 54.900 tem-se a versão completa, ainda assim mais barata que a
opção de entrada do City. Além do ABS, ela traz revestimento interno em
couro e sete bolsas infláveis — duas frontais, duas laterais nos bancos
dianteiros, duas cortinas para toda a área envidraçada lateral e uma
para os joelhos do motorista. Isso mesmo: ou são sete bolsas ou nenhuma,
uma alternativa peculiar. O motivo é que a linha de produção mexicana
prevê apenas essas configurações, sendo as sete bolsas de série no caso
das unidades para os EUA, mesmo no acabamento mais simples (S). Fica a
situação curiosa de o Fiesta, de segmento inferior, poder vir com cinco
bolsas a mais que o bem mais caro Focus Ghia.
A garantia é de três anos, o que a fábrica tem estendido a mais modelos,
e a empresa exibiu à imprensa comparações de preços de revisões, pacotes
de peças e seguro que o deixam competitivo com os adversários citados,
quando não em clara vantagem. A Ford fala em previsão "conservadora" de
vender 1.000 unidades por mês.
Continua |