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Desempenho e economia do S10 turbodiesel entusiasmam,
mas o conforto da suspensão deixa muito a desejar

Texto e fotos: Fabrício Samahá

Com o preço da gasolina atingindo patamares obscenos e os motores a diesel, por outro lado, rodando bem mais com um combustível que custa muito menos, a tentação de escolher este último em seu novo picape é das maiores. No caso do Chevrolet S10, o diesel respondia já por 70% das vendas no ano passado e esse índice só tende a crescer. Mas há alguns pontos a considerar.

O primeiro é o preço. O S10 básico de cabine simples, com motor 2,8 turbodiesel de 132 cv, custa R$ 39.819 com tração apenas traseira e sem opcionais: uma diferença de 52% sobre o mesmo picape com motor 2,4 a gasolina de 128 cv. Pela versão 4x4 paga-se R$ 45.583. Pode-se argumentar que o valor e a facilidade de revenda do diesel são maiores, mas os R$ 13.600 são suficientes para equipar o veículo, pagar o IPVA, o seguro e algo mais. Com todos os opcionais, como o avaliamos, o mesmo S10 chega a respeitáveis R$ 54.734.

A traseira até agrada, mas a busca de robustez levou a uma nova frente (no alto) e a pára-lamas retilíneos, que vêm sendo criticados por muitos Clique para ampliar a imagem

Outro ponto importante, o conforto, divide-se em dois aspectos. Um, o conhecido nível de ruído e de vibrações do motor diesel. Embora bem menor no moderno propulsor do S10 que em modelos do passado -- como os arcaicos quatro-cilindros de cerca de 4,0 litros que moviam D20 e F-1000 --, ele ainda está bem presente em baixas e médias rotações, as mais usadas no tráfego urbano. Nota-se bem isso no ruído externo com o motor em marcha-lenta, o que significa que seus vizinhos o ouvirão chegando em casa.

De outro lado, optar pelo diesel implica aceitar o desconforto de uma suspensão dimensionada para o transporte de 1.000 kg, como exigido por lei para o uso do combustível, que é subsidiado para o transporte de carga. No S10 a gasolina, pela menor capacidade (cerca de 800 kg), a diferença de rigidez da traseira é bem perceptível quando se trata de cabine simples. Viagens mais longas com o turbodiesel, quando descarregado, são cansativas e passar por lombadas exige muita cautela. Em pisos irregulares, os saltos e desvios do eixo motriz podem prejudicar a aderência e até assustar.

Clique para ampliar a imagem Desempenho do motor 2,8 turbodiesel é muito bom em médias e altas rotações, permitindo viagens com poucos ruídos e vibrações, mas o mesmo não acontece no tráfego urbano

Finalmente, motores a diesel despertam a atenção dos ladrões por sua utilidade em aplicações adversas (saiba mais), encarecendo o seguro e expondo mais o usuário. Mas nem tudo é desvantagem, naturalmente -- e o maior benefício aparece a cada parada no posto. Com consumo urbano de 11,4 km/l, segundo a GM, o S10 turbodiesel poderia rodar 800 km com um tanque, a um custo médio de R$ 52, tomando-se o combustível a R$ 0,75 o litro.

O mesmo tanque com gasolina custaria R$ 112 (a R$ 1,60 o litro) e permitiria rodar bem menos na cidade, 560 km, à média de 8 km/l. A diferença -- que também se manifesta no uso rodoviário -- significa que o motor a gasolina requer três vezes o gasto com abastecimento do diesel, o que contribui para compensar o investimento inicial no picape mais caro e econômico. Portanto, cabe a cada um pesar suas prioridades.

Logotipo traseiro identifica o motor diesel, que acaba com os sustos no posto de
combustível; bancos têm apoio de braço, mas seriam melhores com mais apoio lombar

Assustando pit-bulls   O comercial de TV que mostra o novo S10 assustando um cachorro da raça pit-bull exemplifica bem o que a GM buscou em sua reestilização na linha 2001: mais robustez e agressividade, abandonando em definitivo o ar de automóvel que o picape trazia em seu primeiro modelo, de 1995. Acertada para alguns, a alteração foi criticada por muitos, em boa parte pelas linhas retas dos pára-lamas e a enorme grade.

Se gosto não se discute, a evolução está em diversos detalhes do S10. Começa pelos ótimos faróis de superfície complexa e duplo refletor, com quatro filamentos no facho alto, que Ranger e Dakota não possuem -- desconsidere, porém, se você ler que a novidade são as lentes de policarbonato, recurso introduzido no Brasil há seis anos pelo próprio S10. E chega às lanternas traseiras maiores e de perfil elegante.

Para quem vai usá-lo como utilitário, o S10 oferece bom volume de caçamba e capacidade de 1.065 kg; poderia trazer revestimento plástico de série, para evitar danos à pintura no transporte de carga Clique para ampliar a imagem

Por dentro, bem-vindas novidades. O painel, mais moderno e agradável, tem comando de luzes giratório (mais prático para passar de faróis baixos para lanternas, como muitos fazem nas cidades, infringindo a lei e o bom-senso) e espaço para a bolsa inflável do passageiro, além de uma alça de apoio quando há essa bolsa -- muito útil para ele se erguer do banco, suavizando os impactos da suspensão em lombadas. O assoalho enfim perdeu o ressalto ao lado direito do console, melhorando a posição das pernas.

O modelo básico vem de série com banco bipartido e apoio de braço central, que pode ser rebatido para o transporte de mais um passageiro -- magro e pouco exigente em conforto, de preferência. Há relativa acomodação para dois, mas a GM deveria aumentar o apoio lombar, pois os encostos retos cansam rapidamente em percursos maiores. Os pedais muito à esquerda são outro ponto negativo. O acabamento é adequado para uma versão de entrada, apesar de tão cara, e o painel de fácil leitura inclui relógio digital. Deveria, porém, trazer conta-giros.
Continua

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Tratamento de imagens: André Peretti

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