Foto: Louwman Museum

Com o Dynamic a Panhard aderia aos primeiros passos da indústria em aerodinâmica: linhas fluidas e para-lamas alongados que cobriam as rodas
Fotos: Bonhams

Telas com frisos como os da grade protegiam os faróis e havia janelas nas colunas dianteiras; o motor básico de 2,5 litros permitia 130 km/h

Foto: Conceptcarz.com

Oferecido também com duas portas, o Dynamic trazia o volante quase no centro; a suspensão independente era outra característica avançada

A renovação não parou por ali: uma licença da Knight permitiu que a Panhard fabricasse de 1911 em diante motores sem válvulas, técnica que ela manteria até 1939. O primeiro no novo padrão foi um quatro-cilindros de 4,4 litros e 25 cv, mas os de seis cilindros em linha — iniciados em 1927 — equiparam uma variedade de carros com carrocerias abertas, fechadas ou semiabertas, caso do Coupé de Ville com capota apenas sobre o banco traseiro. Modelos mais luxuosos usavam motores de até 7,4 litros. Freios dianteiros eram a novidade em 1922. Sete anos mais tarde, um quatro-cilindros de 5,3 litros permitia alcançar 145 km/h, um espanto.

O mais marcante Panhard do pré-guerra foi fabricado por apenas três anos. No Dynamic — curiosamente com nome anglo-saxão em vez do francês Dynamique —, lançado em maio de 1935, a carroceria desenhada por Louis Bionnier seguia os conceitos primitivos de aerodinâmica que começavam a ser vistos nos Estados Unidos, no Chrysler Airflow, e na Europa no Tatra T77, no Voisin Aérodyne e no Peugeot 402. As linhas eram fluidas, com os para-lamas encobrindo parte das rodas e suavemente se estendendo até os estribos. Grades com frisos verticais como a do radiador protegiam os faróis, que já estavam integrados aos para-lamas. O estepe vinha sob uma cobertura com sua forma na traseira.

Havia quatro modelos: cupê, sedãs de quatro portas com e sem porta-malas na traseira e conversível de duas portas, sempre com as dianteiras "suicidas", abrindo-se para trás. Além do para-brisa inteiriço, dotado de três limpadores montados por cima, a visibilidade era beneficiada por pequenas janelas nas colunas dianteiras, que deixavam mínimos os pontos cegos nessa região. Nos dois primeiros anos o volante vinha em posição quase central, o que também favorecia o campo de visão e facilitava viagens pela Europa — na época havia diversos países com "mão inglesa", como Suécia, Áustria e parte da Itália.

Um carro grande para os padrões europeus, com comprimento entre 4,75 e 5,15 metros, largura de 1,90 m e distância entre eixos de 2,60 a 3 metros, o Dynamic usava um motor de seis cilindros em linha sem válvulas, que na versão 130 tinha cilindrada de 2,5 litros e 75 cv para uma velocidade máxima de 130 km/h — a origem da denominação. A opção mais bem-aceita, porém, foi a 140 com o mesmo motor ampliado para 2,9 litros, mais adequado ao peso de 1.600 kg. Uma versão ainda mais vigorosa, a 160, era apresentada em 1937 com 3,8 litros e 105 cv, mas não alcançou grande produção. A suspensão era independente nas quatro rodas, com barras de torção, e os freios a tambor usavam comando hidráulico, o que ainda não era usual; o câmbio tinha quatro marchas com tração traseira.

Quando a produção da Panhard foi suspensa pela guerra, em junho de 1940, o Dynamic havia sido o último carro no mundo com um motor Knight. Algumas unidades chegaram a sair adaptadas para o uso de gasogênio, diante da restrição ao fornecimento de gasolina para uso particular. Após o conflito, a marca retornou submetida a novas regras do governo francês, que estabeleciam que tipo de automóvel cada fabricante poderia fazer com a escassa matéria-prima disponível.

À Panhard e à Simca cabia produzir um mesmo modelo compacto, sendo a primeira com a versão de duas portas e a segunda com a de quatro portas; Peugeot e Renault fariam carros médios e a Citroën se encarregaria dos maiores e mais sofisticados. O plano acabou por se perder, já que a Simca insistiu em partir para segmentos mais altos, e a Citroën, em fabricar o acessível 2CV. O carro pequeno acabou ficando restrito à Panhard e foi lançado como Dyna X.

Depois de um período em que ainda houve espaço para inovar, como no Dyna Z com carroceria de alumínio (1953) e no cupê 24 (1963), a empresa foi adquirida pela Citroën em 1965 e deixou de produzir carros dois anos depois, sendo ambas as marcas absorvidas pela Peugeot em 1974. Dedicada dali em diante a veículos militares, a Panhard foi comprada em 2005 pela Auverland, que adotou a marca como identificação de seus blindados.

 
blog comments powered by Disqus

Carros do Passado - Página principal - Escreva-nos

© Copyright - Best Cars Web Site - Todos os direitos reservados - Política de privacidade