
Com o 830 a empresa passava aos
motores V8, de início com 3,0 litros; a versão BL, acima (também na
abertura do artigo), passava a 3,5 litros




O 853 voltava aos cilindros em
linha e chegava a 140 km/h; acima, um Sport Cabriolet e o cupê especial
feito para o piloto Bernd Rosemeyer |
Para simplificar o motor e reduzir custos, o novo diretor técnico Fritz
Friedler adotou um só comando de válvulas e voltou a usar menor cilindrada em
uma versão de entrada, o Tipo 430, que aparecia em 1931 com 3,0 litros e 65 cv
no chassi mais curto. O de 4,0 litros e 80 cv ainda podia equipar os Tipos 410 e
440. À medida que o mercado aceitava opções mais sofisticadas, o motor voltava a
crescer. Os modelos 420, 450 e 470 tinham 4,5 litros e 90 cv e os sofisticados
480 e 500 vinham com 5,0 litros e 100 cv, com o que superavam 125 km/h.
Esses eram enormes carros com 5 a 5,55 m de comprimento e peso de 1.950 a 2.250
kg, conforme a escolha de carroceria. O mais sofisticado deles, o 500B, podia
vir como turismo de seis lugares, sedã Pullman e conversível Pullman de quatro
portas. Sedãs e conversíveis de duas portas também faziam parte da gama Horch.
Já sob o guarda-chuva da Auto Union, a empresa teve suas instalações usadas como
sede para a construção dos lendários
"Flechas de Prata", os carros de corrida muito velozes projetados por
Ferdinand Porsche.
Houve ainda um imponente modelo de 12 cilindros em "V", o Tipo 600/670, com 6,0
litros, 120 cv e máxima de 140 km/h — ótimo patamar para o começo dos anos 30.
Era oferecido como conversível de duas ou quatro portas, sedã Pullman e
conversível Pullman, estes com quatro portas. Medindo 5,40 ou 5,55 metros,
pesavam de 2.300 a 2.500 kg e representavam concorrentes à altura para o
Mercedes-Benz 770 e o
Maybach Zeppelin. Apenas 81 unidades
foram produzidas em quatro anos.
Ainda no período da Depressão a empresa trouxe ao mercado a marcante série 830,
também de oito cilindros, mas em "V". Apresentado em 1933, o modelo representava
importante redução de peso (de 1.650 a 1.730 kg), embora mantivesse o estilo
clássico de seu tempo. A gama compreendia o sedã de quatro portas, o Pullman, o
turismo com seis lugares e o conversível de duas portas, que usavam um motor de
3,0 litros com 70 cv e alcançavam 115 km/h. No 830B, dois anos depois, a
cilindrada crescia para 3,25 litros — e logo chegava a 3,5 no 830 Bk, em que o
"k" indicava o entre-eixos curto.
Com a mesma unidade motriz, o 830 BL (longo) oferecia as carrocerias maiores:
conversível de quatro portas e Pullmans sedã e conversível. Mais 15 cm na
distância entre eixos e 30 no comprimento deixavam-no grande e pesado, com 1.950
kg. Uma variação de tamanho intermediário era lançada em 1937, a 930V, com
suspensão traseira mais evoluída, opção roadster (conversível de dois lugares) e
o 3,5-litros com potência elevada a 82 cv. Com 4,92 m, estava entre os 4,75 m do
830 convencional e do Bk e os 5,05 m do BL.
No ano seguinte o motor de toda a gama aumentava para 3,85 litros e 92 cv,
suficientes para 130 km/h, e era adotada uma caixa
overdrive acionada por alavanca para reduzir a rotação em uso rodoviário. O
930V respondia pelas carrocerias menores, e o 830 BL, pelas que usavam o
entre-eixos longo — e que chegavam a pesar 2.100 kg. Mas esses não foram os
maiores Horchs da época em termos de cilindrada, tamanho ou peso: o título coube
aos modelos 850 Sport Cabriolet, 851, 853, 855 e 951, membros da série iniciada
em 1935 como sucessora do Tipo 500.
Neles, uma unidade com oito cilindros em linha, 4,95 litros e válvulas laterais
alcançava 100 cv (elevados a 120 cv em 1937) e permitia chegar a 140 km/h. O
câmbio podia ter quatro ou cinco marchas e foram empregados três entre-eixos
conforme a carroceria adotada: 3,30, 3,45 e 3,75 m. Os maiores eram vendidos
como Pullman sedã ou conversível, turismo de seis lugares e conversível de
quatro portas e chegavam a pesar 2.810 kg. Algumas unidades receberam
carrocerias especiais feitas por especialistas como a Erdmann & Rossi, que fez
em 1937 um cupê 853 para Bernd Rosemeyer, piloto da Auto Union.
A produção dos carros da Horch continuou até 1940. Depois disso ela construiu
alguns veículos militares com motor Ford, para uso na Segunda Guerra Mundial,
até que a fábrica fosse severamente danificada por bombardeios. Após o conflito,
já desapropriada dos alemães, a empresa retomava atividades em 1948 para
fabricar tratores e caminhões. Uma pequena série de automóveis do modelo P240,
de seis cilindros, foi produzida entre 1955 e 1958 até que a marca se unificasse
com a Audi. |