Pavimentando a estrada

Com tração traseira e saudáveis motores, o Starion abriu caminho
para outros esportivos da Mitsubishi em mercados externos

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

O desenho retilíneo, típico dos anos 80, contava com detalhes como os faróis escamoteáveis e o vidro traseiro com aparência de envolvente

No interior do Starion, conforto só para dois em bancos com amplos apoios; atrás cabiam apenas crianças ou adultos em pequenos trajetos

Embora não fosse um fabricante com grande tradição em carros esporte, a Mitsubishi estava interessada em participar do período em que diversas marcas japonesas aumentavam sua atenção aos segmentos esportivos nos Estados Unidos, depois de conquistar espaço  no mercado com modelos familiares — a Nissan, com sua série Z, foi uma das poucas nipônicas a oferecer carros esporte aos norte-americanos já no começo dos anos 70.

Até então, a marca havia colocado no mercado japonês versões esportivas de bom desempenho derivadas de cupês convencionais. O Colt Galant de 1971 já oferecia o pacote GTO, com motores de 1,6 e 2,0 litros em uma carroceria fastback. Seu sucessor, o Galant Lambda de 1976, chegou a usar motor 2,0 com turbocompressor na versão GTR. Esses cupês abriram caminho para o novo modelo esporte da empresa, lançado em 1982: o Starion.

Com um nome originário da contração de "star of Orion", ou estrela de Orion, o Starion não almejava apenas os compradores japoneses. Na América, além de participar da estreia da marca Mitsubishi com o nome original, ele seria vendido pela Chrysler (por meio das divisões Dodge e Plymouth) com o batismo de Conquest, aproveitando uma parceria entre os fabricantes firmada na década anterior e que ainda seria ampliada mais tarde.

A Mitsubishi dotou o Starion de linhas modernas e, para os padrões retilíneos de então, atraentes. Os destaques eram a frente com faróis escamoteáveis, que estavam em voga na época, e o vidro traseiro que parecia ter continuidade nas laterais, pelo uso de colunas bem estreitas nessa divisão, em oposição às colunas centrais bastante largas. Mercados como o japonês recebiam duas versões de carroceria, uma normal e outra com para-lamas um tanto alargados — apenas a primeira foi oferecida nos EUA do lançamento, em 1983, até dois anos depois.

Enquanto o comprimento de 4,40 metros, a altura de 1,32 m e a distância entre eixos de 2,43 m eram compartilhados entre as carrocerias, a mais larga — conhecida como widebody ou fatty — tinha largura total de 1,74 m contra 1,68 m da convencional. O peso variava de 1.260 a 1.340 kg. No interior vinham bancos com intensos apoios laterais e amplas regulagens. Peculiar era a ancoragem dos cintos nas portas, uma forma de permitir sua fácil colocação pelos ocupantes da frente sem causar risco de queda na saída dos passageiros de trás — que não dispunham de muito conforto, pois a configuração era típica de um 2+2.

A concepção mecânica do Starion era clássica, com motor dianteiro e tração traseira, como apreciam os amantes da direção esportiva. No mercado japonês era usado um 2,0-litros com comando no cabeçote, duas válvulas por cilindro, injeção eletrônica e turbo, que fornecia potência de 170 cv e torque de 25 m.kgf às versões GSR-I, GSR-II, GSR-III e GSR-X (uma GX, sem turbo, foi oferecida só por um ano). O algarismo romano identificava o nível de equipamentos, em que o II adicionava ao I direção assistida e controle elétrico dos vidros, e o III, ar-condicionado, painel com instrumentos digitais, computador de bordo e sistema de áudio mais sofisticado. Quanto ao GSR-X, vinha com revestimento em couro e controlador de velocidade.

Para os EUA era usado um motor de 2,6 litros, tanto para atender à demanda por maior torque quanto para compensar os sistemas de controle de emissões poluentes. Com turbo, injeção e relativamente modestos 145 cv, a unidade movia as versões LS, ES e LE da Mitsubishi e também as TSi e Technica das marcas Dodge e Plymouth. Esse motor foi um dos primeiros na produção mundial a contar com árvores de balanceamento, que reduziam em muito as vibrações esperadas de um quatro-cilindros de sua cilindrada.

As versões mais rápidas, de motor 2,0 turbo, eram capazes de acelerar de 0 a 100 km/h ao redor de nove segundos e de atingir velocidade máxima de 210 km/h. Além do câmbio manual de cinco marchas, o modelo podia ser adquirido com um automático de quatro marchas e tinha diferencial autobloqueante de série ou como opcional, conforme a versão e o mercado. A suspensão independente usava colunas McPherson à frente e atrás e os freios eram a disco nas quatro rodas. Rodas de 15 pol vinham com pneus 215/60. Continua

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Data de publicação: 5/7/11

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