Enquanto a capota de lona deixava-o com aspecto de dois lugares, o teto rígido (opcional no início) assumia o perfil de um cupê tradicional

Painel bem-equipado, apliques de madeira, ar-condicionado: a Triumph deu ao Stag um interior confortável para enfrentar o Mercedes-Benz SL

Com comando nos cabeçotes de alumínio, o V8 de 3,0 litros obtinha 147 cv e trazia bom desempenho ao Stag, capaz de 0-100 em 12 segundos

O V8 resultava da união de duas unidades de quatro cilindros inclinados em 45 graus, o chamado Slant Four, que equipava o Dolomite e seria, anos depois, o primeiro de série com quatro válvulas por cilindro. A partir de um projeto de Webster com cilindrada de 2,5 litros, seu sucessor Spen King ampliou-o para 3,0 litros e substituiu a injeção de combustível Bosch — sistema à época um tanto problemático — por dois carburadores Zenith-Stromberg, que permitiam atender aos novos padrões de emissões poluentes dos EUA. O resultado foi potência de 147 cv e torque de 23 m.kgf, que faziam o Stag acelerar de 0 a 100 km/h em 12 segundos e alcançar 185 km/h. Para os EUA, limitado para conter as emissões, ele contava com meros 128 cv e 19,6 m.kgf.

Seu conjunto mecânico era tradicional: câmbio manual de quatro marchas com caixa overdrive Laycock de Normanville (que, ao ser acionada, alongava a relação final da terceira e da quarta, fazendo o efeito de seis marchas), tração traseira, suspensão independente com o conceito McPherson à frente e braços semiarrastados atrás com molas helicoidais para ambas, freios dianteiros a disco e traseiros a tambor, pneus radiais 175/80 R 14. Havia opção por uma caixa automática de três marchas, que equipou grande parte das unidades exportadas à América.

Em sua primeira avaliação, a revista inglesa Autocar apontou qualidades: "A suavidade e a prontidão do novo motor tornam-se óbvias. Não há impressão de que o torque em baixa rotação tenha sido obtido por meio de estrangulação em altos regimes. O motor é perfeitamente disposto a chegar à faixa vermelha de 6.500 rpm. Já o motorista preguiçoso perceberá que, com um fio de acelerador, o Stag pode ser levado a partir de 10 mph [16 km/h] em última marcha, e acionar o overdrive é apenas questão de mover o pequeno interruptor no topo da alavanca de câmbio".

Freios e nível de ruído também foram bem avaliados pela revista, que concluiu: "Parece que o Stag pode ser um exemplo genuíno daquela rara espécie, o carro de grã-turismo. Do ponto de vista da British Leyland, ele preenche o espaço entre o MG B e o Jaguar E-type. É bem mais rápido, muito mais bem-equipado e confortável que o primeiro, mas longe de ser tão veloz ou tão caro quanto o segundo".

O teste da revista norte-americana Road & Track também fez elogios: "O Stag combina um bom conforto de marcha a uma boa estabilidade; a suspensão é bem acertada, nem muito firme nem mole demais. E a estrutura é adequadamente rígida, a ponto de impressionar por seu peso moderado — e, em geral, livre de ruídos, de modo que rodar por más estradas não seja uma experiência traumática". Por outro lado, incomodaram a precária instalação da capota rígida e mesmo da de lona, a direção imprecisa, a tendência dos freios em travar as rodas traseiras e o mau funcionamento da caixa automática.

A revista concluiu a avaliação com uma expectativa favorável, mas que merecia a atenção do fabricante: o Triumph poderia "encontrar seu maior mercado potencial entre aqueles que querem um [Mercedes] SL, mas não podem pagar por ele. Com melhor qualidade de montagem, direção aprimorada e uma recalibração dos freios, o Stag poderia preencher muito bem esse nicho, mas no estado atual ele tem inconvenientes demais para ser um carro realmente satisfatório".

De fato, apesar da boa recepção inicial, o Stag logo enfrentou problemas de qualidade que limitaram suas chances de êxito. Se alguns defeitos eram comuns em qualquer automóvel inglês da época, esse Triumph trazia mais um: a baixa durabilidade do motor V8, que superaquecia com facilidade — talvez porque a ampliação de diâmetro dos cilindros, para aumento de cilindrada de 2,5 para 3,0 litros, tivesse deixado as paredes muito finas e as galerias de arrefecimento insuficientes. Em outros casos, a corrente de acionamento do comando de válvulas rompia, danificando extensamente o motor.

Com a imagem abalada, menos de 26 mil unidades foram produzidas e o total exportado aos EUA não chegou a três mil, entre 1972 e 1974. Enquanto isso, a intenção da Triumph de oferecer um sedã de luxo com o V8 — talvez um 3000 derivado do 2000 já existente — foi cancelada com sua absorção pela British Leyland, já que poderia haver concorrência interna com o Rover P6 3500. Fabricantes que mostraram interesse na compra do motor também mudaram de planos: a Morgan optou pelo V8 da Rover e a Saab, que chegou a testar a unidade Triumph no modelo 99, decidiu usar turbocompressor em um motor próprio.

Em seus sete anos de produção o Stag passou por poucas mudanças, parte delas concentrada na segunda série — chamada de Mark II dentro do padrão inglês —, apresentada em 1973: novos bancos, volante de menor diâmetro, motor com taxa de compressão reduzida para melhor funcionamento com gasolina comum. Mais tarde ele recebeu soleiras de porta em alumínio polido, rodas de alumínio de série, painel traseiro pintado na cor da carroceria (em vez de preto) e uma nova caixa automática.

Como por uma ironia do destino, depois que o conversível saiu de produção, seus admiradores têm soluções para que o motor consiga boa durabilidade — os lubrificantes e aditivos de arrefecimento modernos ajudam na tarefa — e o Stag adquire o prestígio de carro colecionável. Em 2003, a revista Classic & Sports Car escreveu que ele "tem o maior clube de proprietários de um só modelo do Reino Unido e a reputação de carro clássico de maior índice de roubos". Uma unidade em ótimo estado chega a superar US$ 25 mil.

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