Sobrevida no leste

Muito tempo depois que o Renault 12 deixou o mercado francês,
seu derivado Dacia 1300 continuou a motorizar os romenos

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Como sedã (no alto) ou perua, o 1300 original era praticamente igual ao R12 e, não por acaso, lembrava bastante o Corcel de primeira geração

Depois de uma década em produção, a série 1310 trazia quatro faróis e novos para-choques; embaixo a versão Denem, vendida na Inglaterra

O modelo 1984 mostrava para-choques em preto e as mesmas linhas

A marca romena Dacia foi fundada em 1966 com o nome Uzina de Autoturisme Piteşti, ou fábrica de automóveis de Piteşti, a cidade onde estava instalada. O nome Dacia referia-se à antiga região que corresponde a grande parte da atual Romênia. A francesa Renault, que colaborou com a empresa desde seu início, encarregou-se de fornecer o projeto e o ferramental de produção do modelo R12, que seria apresentado na França apenas em 1969. Nesse intervalo de tempo, o mais antigo R8 foi fabricado sob licença como Dacia 1100, processo que durou até 1972.

Em agosto de 1969, antes mesmo que o R12 aparecesse ao público no Salão de Paris, a marca romena apresentava no evento similar em Bucareste seu modelo equivalente, o Dacia 1300 — como no 1100, o número representava a cilindrada do motor. O R12 é, de certa forma, um velho conhecido dos brasileiros, pois foi gerado em paralelo ao primeiro Ford Corcel, lançado aqui um ano antes. Isso explica a grande semelhança técnica e de estilo entre eles.

A versão Dacia era praticamente igual à Renault, com um estilo simples e adequado a seu tempo: carroceria de três volumes, poucos vincos, faróis retangulares, tampa do porta-malas em acentuado declínio, para-choques finos de metal cromado. O sedã media 4,34 metros de comprimento, 1,63 m de largura, 1,43 m de altura e 2,44 m de distância entre eixos e pesava 900 kg. O interior com espaço mediano vinha em três níveis de acabamento: básico, Lux e Lux Super, este com amenidades como rádio e vidro traseiro térmico.

Também sob o capô o Dacia não se distinguia facilmente do R12, pois ambos usavam o mesmo motor de quatro cilindros e 1.289 cm³ (também empregado no primeiro Corcel), com comando de válvulas no bloco e carburador, capaz da potência de 55 cv e do torque de 9,8 m.kgf no caso do modelo romeno. Outras similaridades eram a caixa de câmbio de quatro marchas, a tração dianteira e as suspensões com molas helicoidais, sendo a dianteira independente e a traseira por eixo rígido. E, tal e qual o Ford brasileiro, as rodas de 13 pol usavam a incomum fixação por três parafusos.

A primeira variação de carroceria vinha em 1973: a Break, nome francês para perua, disponível tanto nessa versão de passageiros quanto na 1300 F (furgão, sem banco traseiro, para maior volume útil de carga) e na 1300 S, uma ambulância. Dois anos mais tarde aparecia o picape leve 1302, caso raro de utilitário desse tipo com base em um automóvel na Europa — embora tal conceito fosse se tornar comum no Brasil anos mais tarde.

Enquanto o R12 fazia grande sucesso no oeste europeu, chegando a liderar o mercado francês em meados da década de 1970, o romeno Dacia mantinha-se quase inalterado no leste do continente. Pequenas evoluções vinham em 1979, quando seu "primo" da Renault já estava prestes a ser substituído: a série 1310 vinha com quatro faróis circulares, novos para-choques, lanternas traseiras maiores e mudanças no interior, de certa forma reprisando o que a marca francesa havia apresentado quatro anos antes. Itens estéticos mais elaborados, como rodas de alumínio, e de conveniência eram usados em versões de exportação, como o Dacia Denem vendido na Inglaterra. Continua

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Data de publicação: 4/1/11

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