Como sedã (no alto) ou perua, o
1300 original era praticamente igual ao R12 e, não por acaso, lembrava
bastante o Corcel de primeira geração
Depois de uma década em
produção, a série 1310 trazia quatro faróis e novos para-choques;
embaixo a versão Denem, vendida na Inglaterra
O modelo 1984 mostrava
para-choques em preto e as mesmas linhas |
A
marca romena Dacia foi fundada em 1966 com o nome Uzina de Autoturisme
Piteşti, ou fábrica de
automóveis de Piteşti, a cidade onde estava instalada. O nome Dacia
referia-se à antiga região que corresponde a grande parte da atual
Romênia. A francesa Renault, que colaborou com a empresa desde seu
início, encarregou-se de fornecer o projeto e o ferramental de produção
do modelo R12, que seria apresentado na França
apenas em 1969. Nesse intervalo de tempo, o mais antigo
R8 foi fabricado sob licença como Dacia
1100, processo que durou até 1972.
Em agosto de 1969, antes mesmo que o R12 aparecesse ao público no Salão
de Paris, a marca romena apresentava no evento similar em Bucareste seu
modelo equivalente, o Dacia 1300 — como no 1100, o número representava a
cilindrada do motor. O R12 é, de certa forma, um velho conhecido dos
brasileiros, pois foi gerado em paralelo ao primeiro
Ford Corcel, lançado aqui um ano
antes. Isso explica a grande semelhança técnica e de estilo entre eles.
A versão Dacia era praticamente igual à Renault, com um estilo simples e
adequado a seu tempo: carroceria de três volumes, poucos vincos, faróis
retangulares, tampa do porta-malas em acentuado declínio, para-choques
finos de metal cromado. O sedã media 4,34 metros de comprimento, 1,63 m
de largura, 1,43 m de altura e 2,44 m de distância entre eixos e pesava
900 kg. O interior com espaço mediano vinha em três níveis de
acabamento: básico, Lux e Lux Super, este com amenidades como rádio e
vidro traseiro térmico.
Também sob o capô o Dacia não se distinguia facilmente do R12, pois
ambos usavam o mesmo motor de quatro cilindros e 1.289 cm³ (também
empregado no primeiro Corcel), com comando de
válvulas no bloco e carburador, capaz da potência de 55 cv e do
torque de 9,8 m.kgf no caso do modelo romeno. Outras similaridades eram
a caixa de câmbio de quatro marchas, a tração dianteira e as suspensões
com molas helicoidais, sendo a dianteira independente e a traseira por
eixo rígido. E, tal e qual o Ford brasileiro, as rodas de 13 pol usavam
a incomum fixação por três parafusos.
A primeira variação de carroceria vinha em 1973: a Break, nome francês
para perua, disponível tanto nessa versão de passageiros quanto na 1300
F (furgão, sem banco traseiro, para maior volume útil de carga) e na
1300 S, uma ambulância. Dois anos mais tarde aparecia o picape leve
1302, caso raro de utilitário desse tipo com base em um automóvel na
Europa — embora tal conceito fosse se tornar comum no Brasil anos mais
tarde.
Enquanto o R12 fazia grande sucesso no oeste europeu, chegando a liderar
o mercado francês em meados da década de 1970, o romeno Dacia
mantinha-se quase inalterado no leste do continente. Pequenas evoluções
vinham em 1979, quando seu "primo" da Renault já estava prestes a ser
substituído: a série 1310 vinha com quatro faróis circulares, novos
para-choques, lanternas traseiras maiores e mudanças no interior, de
certa forma reprisando o que a marca francesa havia apresentado quatro
anos antes. Itens estéticos mais elaborados, como rodas de alumínio, e
de conveniência eram usados em versões de exportação, como o Dacia Denem
vendido na Inglaterra.
Continua
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