
No hatch 1325 Liberta (à
esquerda) ou no sedã dos anos 90, a tentativa de modernizar um carro de
20 anos com modificações de baixo custo



Com esse aspecto, adotado em
1998, o mais famoso modelo Dacia foi produzido até 2004; chegaram às
ruas quase dois milhões de unidades


Além das cabines simples,
estendida e dupla, o picape teve a versão com laterais rebatíveis e a
curiosa 1309, acima, de porta-malas fechado |

Um
modelo de duas portas e teto mais baixo, derivado do sedã, também ganhou
as ruas: o 1310 Sport, lançado em 1981 e renomeado 1410 Sport após dois
anos. Fez boa presença em ralis com o motor bastante preparado. No mesmo
ano o picape 1302 evoluía para o 1304, modelo de longa carreira que
seria fabricado até 2006. O 1310 rendeu ainda uma variação com
entre-eixos bem maior, a Limousine, e sua versão convencional adotava em
1983 um câmbio de cinco marchas.
O Dacia 1320, de 1987, mostrava uma carroceria hatchback com comprimento
de 4,15 m e o mesmo entre-eixos. Se a ampla área envidraçada e os
para-choques envolventes em plástico pareciam mais modernos, os traços
originais dos anos 60 ainda estavam bem à vista. Sob o capô, o motor de
1.397 cm³ oferecia mais vigor, com 63 cv e 10,5 m.kgf, suficientes para
velocidade máxima de 145 km/h. No sedã, dois anos depois, os novos
faróis (de novo apenas dois) e o painel do hatch eram aplicados em busca
de um ar relativamente atual para o carro, que já se aproximava de 20
anos de projeto.
Chegavam os anos 90 e o valente Dacia permanecia em produção, sempre com
modificações de baixo custo e resultados modestos, mas suficientes
para atender ao mercado de seu país. O hatch 1325 Liberta, de 1991,
estreava uma ligeira revisão de estilo e o motor de 1.578 cm³, ainda de
comando no bloco, para obter 74 cv e 12,2 m.kgf e alcançar 160 km/h.
Seguiram-no novas opções de picapes: o 1305 Drop Side (com laterais
rebatíveis, a exemplo da Kombi Pickup),
o 1307 King Cab (cabine estendida), o 1307 Double Cab (cabine dupla) e o
1309.
Este último, o mais curioso, combinava uma cabine dupla de quatro
portas, com o vidro traseiro inclinado, a uma caçamba curta e coberta.
Fazia lembrar um automóvel, só que com maior capacidade de carga. Na
maior das versões, a Double Cab, o comprimento chegava a 4,79 m e o peso
a 1.270 kg. Além dos motores a gasolina de 1,3, 1,4 e 1,6 litro dos
automóveis, os picapes usaram um Renault a diesel de 1.870 cm³ e
comando no cabeçote com 62 cv e 12 m.kgf.
Embora a concepção do carro original previsse apenas tração dianteira,
os utilitários ofereceram versões com quatro rodas motrizes e até mesmo
com tração só traseira.
Uma leve reforma afetava faróis, para-lamas dianteiros, para-choques
(pintados na cor da carroceria nas versões superiores) e painel do sedã
em 1993. Com o lançamento do Dacia Nova — projeto próprio dos romenos,
já sem intervenção francesa — dois anos mais tarde, a veterana linha
1300 começava a perder espaço, não sem antes ganhar um último sopro de
renovação. A série de 1998 adotava frente toda refeita, com faróis em
forma de trapézio e grade em forma arredondada, além de lanternas
traseiras e maçanetas de aspecto mais atual. Claro que as origens do
desenho dos anos 60, com sua cabine retilínea e vidros quase verticais,
não podia ser ocultada.
A maior modernidade talvez estivesse no uso de injeção eletrônica no
motor, necessária para atender às normas de emissões poluentes de alguns
mercados. O hatch já não existia desde 1996. Uma edição limitada, a
Dedicatie, era apresentada em 2000 para o sedã e a perua com rodas de
alumínio, direção assistida, controle elétrico dos vidros e acabamento
superior. A última unidade do modelo — um 1310 sedã de número 1.979.730
—, que saía da linha de produção de Mioveni em 21 de julho de 2004,
marcava o encerramento de um ciclo que esteve perto de completar 35
anos. Renomeado Dacia Pickup, o utilitário durou mais dois anos.
Durante a produção da longeva linha 1300, a Dacia fez também sob licença
da Renault o 2000 (um R20 destinado a órgãos do
governo) e o furgão comercial D6, variação do
Estafette da marca francesa. Existiram ainda os hatches de projeto
romeno Nova, SuperNova e Solenza, com motores Renault. Com a absorção da
Dacia pela antiga parceira em 1999 e o posterior ingresso da Romênia na
Comunidade Europeia, a marca passou por uma modernização e tornou-se a
principal unidade de produção da família Logan, vendida como Renault em
vários mercados.
Entretanto, com quase 35 anos e 2,5 milhões de unidades produzidas
(incluindo o picape), a série 1300 representou grande parte da
motorização dos romenos e ainda tem presença frequente em suas ruas.
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