O Renault para despachar

A marca francesa competiu entre os furgões com o
Estafette, prático e com soluções técnicas interessantes

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação

Para uma indústria automobilística há dois caminhos: ter uma gama variada de veículos, para atender a muitos segmentos e ganhar em volume, ou ser especialista e poder aumentar a margem sobre cada carro vendido. Ferrari, Maserati e Porsche são exemplos de marcas especialistas em modelos esportivos — apesar do utilitário esporte Cayenne. Já as grandes marcas, para participar de um mercado competitivo, têm de atender a todas as faixas de públicos. Sempre foi assim desde o princípio do automóvel, no século 19.

Além de sedãs, cupês, peruas e conversíveis, outros veículos que sempre tiveram lugar nos principais mercados foram os furgões. Na década de 1950 havia na Alemanha vários modelos de renome. A Volkswagen produzia a linha Kombi, de muito sucesso, mas o mercado contava também com o Tempo Matador e o DKW F 800. Na Inglaterra havia o Morris série J, que reinava por lá. E na França a Citroën inovava com o furgão Tipo H, lançado em 1949, com tração e motor dianteiros, ótima capacidade de carga e versatilidade de carrocerias. A Peugeot dispunha do modelo D3A, a Saviem do SG2 e a Renault do 1000K, já bem envelhecido, pois havia sido lançado em 1945.

Além do furgão de carga com opção entre teto normal e alto (acima), a Renault ofereceu o Microcar (ao lado), modelo de passageiros para até nove pessoas

A Renault queria participar de uma categoria um pouco mais leve, um nicho de mercado ainda pouco explorado. Os estudos do novo furgão começaram em 1952 sob o código R213x. O coordenador do projeto do pequeno utilitário era Guy Grosset-Grange. Como seu compatriota da Citroën, o veículo teria tração dianteira para deixar muito espaço para carga, assoalho plano, teto alto e a maneabilidade de um automóvel de passeio. Em setembro de 1959, após sete anos de preparação, era lançado o Renault Estafette.

Seu nome em francês quer dizer algo como local de despacho de cargas. Era produzido na unidade de Flins. Quando do lançamento, foram organizados vários eventos em Paris e seus arredores. Até uma corrida de furgões com motoristas especializados em entregas foi feita. O vencedor levou para casa um modelo verde com vidros laterais. O sucesso foi grande. O Renault não tinha a carga útil do Tipo H da Citroën, mas reunia a praticidade de um furgão e o conforto de um automóvel.

A porta lateral corrediça somava-se a três na traseira, sendo uma aberta para cima e as demais para os lados: soluções eficientes de acesso sem ocupar muito espaço

Media 4,1 metros de comprimento e 1,78 m de largura. Com teto normal sua altura era de 1,91 m, e com teto alto, 2,21 m. A distância entre eixos era de 2,27 m. Tinha capacidade de carga útil de 500 kg, autorizados em zona urbana, e 600 kg fora dela. Oferecido com diversos tipos de carroceria, usava um monobloco em aço estampado apoiado em um falso chassi. O assoalho plano era nervurado. O furgão fechado, com teto alto ou baixo, tinha duas portas dianteiras, uma lateral de correr no lado direito e três na traseira. Destas, uma se abria para o alto e as outras para os lados. O acesso de carga era muito facilitado por este recurso, que permitia a abertura das portas mesmo em locais estreitos. Continua

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Data de publicação: 8/5/07

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