Reconhecimento
póstumo

Com problemas mecânicos que
impediram seu êxito enquanto foi
produzido, o Triumph Stag
ganhou reputação como carro antigo

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Desenhado por Michelotti a partir do sedã 2000, o Stag mostrava linhas elegantes; a estrutura em forma de "T" aumentava a rigidez estrutural



Rodas raiadas ou de alumínio, amortecedores especiais e bagageiro sobre o porta-malas estavam entre os acessórios disponíveis para ele

Fale em Triumph para um entusiasta e ele pensará nos pequenos roadsters dessa marca inglesa que fizeram sucesso dos dois lados do Atlântico nas décadas de 1950 e 1960, como a série TR (iniciada em 1950 com o TR1 e concluída em 1981, quando se encerrou a produção dos TR7 e TR8) e as diferentes versões do Spitfire. Há outro conversível da Triumph que, no entanto, não obteve o mesmo êxito de seus irmãos menores: o Stag, fabricado de 1970 a 1977.

Depois de oferecer diversão acessível a tantos motoristas, a fábrica sediada em Coventry, na Inglaterra, buscava atender a um segmento exigente para o qual a referência era o Mercedes-Benz SL. Com essa finalidade, definiu uma fórmula de que participavam o desenho do italiano Giovanni Michelotti — autor de diversos modelos da Triumph e da Maserati — e um inédito motor V8 de 3,0 litros projetado pela própria empresa, considerado melhor alternativa que o emprego do conhecido seis-cilindros em linha de 2,5 litros.

Conta-se que as linhas do Stag nasceram como uma proposta de redesenho de Michelotti para um sedã Triumph 2000 emprestado pelo diretor de engenharia da marca inglesa, Harry Webster, seu amigo de longa data. Pelo acordo, se Webster aprovasse o estilo, poderia usá-lo como base para um novo modelo de produção. Não resta dúvida de que o engenheiro o aprovou, pois um desenho inspirado no daquele conversível apareceu mais tarde em sedãs e peruas da linha Triumph.

Michelotti aplicou ao Stag as formas longilíneas que cabem a um grande carro esporte. Os quatro faróis circulares vinham incrustados na grade, pois o estudo de usar um sistema escamoteável enfrentou problemas no inverno rigoroso, que congelava os mecanismos. O longo capô destacava a posição recuada da cabine, que deixava pouco espaço para o banco traseiro. Uma capota rígida foi oferecida como acessório e, mais tarde, incorporada como item de série. Detalhe bem pensado era o limpador de para-brisa com pantógrafo no lado esquerdo para aumentar a área de limpeza.

Uma estrutura de proteção em forma de "T", com uma barra transversal ("santantônio") ligada ao arco do para-brisa, foi adotada para aumentar a resistência do monobloco à torção, como o próprio Webster admitiria em uma entrevista à revista inglesa Motor: os primeiros protótipos "sofriam de uma 'dança de para-brisa' terrível. A resistência torcional da carroceria do sedã havia acabado, e o único meio de recuperá-la era amarrar as colunas A e B com uma caixa estrutural no topo". Há quem veja ali a antecipação em atender às normas de segurança que mais tarde vigeriam nos Estados Unidos — um dos principais mercados-alvo do modelo —, mas é pouco provável.

Com 4,39 metros de comprimento e 2,54 m de distância entre eixos, o Stag pesava 1.300 kg. O interior trazia bancos revestidos em vinil, painel com acabamento em madeira e confortos como direção assistida e controle elétrico dos vidros, enquanto ar-condicionado, rádio e bagageiro sobre o porta-malas eram opcionais. Uma vasta lista de acessórios estava disponível: rodas de alumínio ou raiadas, faróis de neblina, amortecedores Koni de maior desempenho.

Embora a Triumph pertencesse à época à British Leyland, corporação inglesa que também controlava a Rover, e esta tivesse à mão um motor V8 de qualidades reconhecidas — derivado de um projeto da Buick norte-americana —, o Stag não foi equipado com ele. Os motivos não são bem conhecidos, mas há quem alegue que havia dentro de cada marca um desejo de independência em termos de projetos. Assim, ao conversível foi destinado um motor todo novo, com comando de válvulas nos cabeçotes de alumínio, em vez do comando no bloco usado na unidade da Rover. Continua

 

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Data de publicação: 1/2/11

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