

Renomeado Commando, o
Jeepster agora oferecia as opções do motor Dauntless V6, com 3,7 litros
e 160 cv brutos, e de câmbio automático


Junto ao atraente conversível
com opção de estepe Continental, a perua de três portas e o picape eram
modelos da linha Jeepster nos anos 60

O Commando reestilizado de 1972
perdia o nome Jeepster e a ligação visual com o Jeep da guerra, mas
ganhava um motor V8 de 5,0 litros |
Apesar das boas críticas que a idéia de misturar o Jeep ao conceito de
um roadster recebeu, a resposta do público não atendeu às expectativas
da Willys. Mesmo com dois bons primeiros anos, as novidades na mecânica
e uma nova grade (com frisos cromados horizontais sobre os verticais de
antes), as vendas do modelo despencaram em 1950. O Jeepster foi retirado de linha ainda naquele ano, após 19.132 exemplares
produzidos. A baixa demanda permitiu que algumas unidades chegassem a
ser vendidas como linha 1951. Contudo, esse não seria o fim da história
desse nome, nem de seu conceito híbrido.
Houve uma homenagem ao Jeepster no Brasil quando, no Salão do Automóvel
de 1962, a Willys apresentou o Saci, adaptação conceitual da perua
Rural. Quatro anos depois, a própria Jeep americana voltaria a produzir
essa curiosa variação de seu utilitário. A Willys já estava fora da
jogada: fora vendida à Kaiser em 1953 e a Kaiser-Jeep já não mantinha a
divisão Kaiser desde 1955. Baseado no chassi do CJ-6, dessa vez o jipe
esporte vinha com recursos e versões bem distintos de sua primeira
experiência no mercado.
Além do nome já conhecido, havia também um sobrenome: agora ele se
chamava Jeepster Commando. Outra novidade era que não vinha apenas na
versão roadster, mas também como conversível com teto de acionamento
elétrico, picape de cabine simples e perua de três portas. Elas
descaracterizavam a idéia por trás do nome, mas — há de se convir —
ampliavam as chances de o novo Jeepster emplacar e só vinham se somar às
versões abertas. Os alvos eram o Ford Bronco e o
Toyota Land Cruiser.
O Hurricane de 2,2 litros e 75 cv ainda era a opção básica de motor, mas
agora o vigoroso V6 Dauntless de 3,7 litros (225 pol³) era o opcional,
com 160 cv e 32,4 m.kgf. Mas o que mais marcou no Commando foi o
primeiro câmbio automático associado a tração nas quatro rodas em um
veículo compacto. Essa caixa de três marchas era opção à manual com o
mesmo número de velocidades. Se o CJ-6 servia de base, no estilo eles se
distinguiam e isso se notava logo na dianteira.
Enquanto neste modelo o capô se estreitava junto ao pára-choque em
função dos pára-lamas ressaltados, no Jeepster Commando ele se mantinha
largo, sobreposto a essas peças, para que as luzes de direção coubessem
nas extremidades da frente. No CJ-6 elas ainda ficavam abaixo dos
faróis. Os pára-lamas traseiros já eram embutidos e o pára-brisa
inteiriço, mas as portas novamente tinham janela com linha de cintura
descendente e as faixas brancas dos pneus eram bem mais finas. Estepe
Continental nas versões sem capota era mais uma vez oferecido.
A partir da compra da Kaiser-Jeep pela American Motors Corporation (AMC),
em 1970, uma renovação dos motores marcaria a linha Jeepster Commando na
nova década. Nada mais de propulsores de quatro cilindros: agora eram os
seis-em-linha AMC que equipavam o modelo. Fosse de 3,8 litros (232 pol³),
100 cv e 25,5 m.kgf ou de 4,2 litros (258 pol³), 110 cv e 26,9 m.kgf,
ambos com válvulas no cabeçote e comando no
bloco, essa configuração era a única a constar no catálogo.
Séries especiais também marcaram a trajetória do novo Jeepster. Em 1971
foi lançado o SC-1, ou Sport Commando, que vinha com pintura especial
Butterscotch e faixas decorativas esportivas. Além dele, naquele ano
surgiu o Hurst Jeepster, parceria com a preparadora Hurst Performance —
responsável pelos famosos comandos de câmbio manual que levavam seu nome
— que rendeu cerca de 100 exemplares com motor de 160 cv e acabamento
esportivo. Havia tomada de ar no capô, faixas decorativas, rack no teto
e conta-giros, entre outros acessórios. Uma versão equivalente à SC-1
foi acrescentada à linha 1972 com o nome SC-2.
Foi quando o modelo perdeu o pré-nome Jeepster, apesar de o projeto
básico continuar o mesmo. A dianteira do Commando embutia os pára-lamas,
além de ter uma borda cromada que contornava a grade e os faróis. Não
foi mero capricho estético: era preciso acomodar um V8 de 5,0 litros
(304 pol³), 150 cv e 33,8 m.kgf, opcional assim como o novo câmbio
manual Borg-Warner de quatro marchas, disponível apenas para os motores
de seis cilindros. A versão perua seria substituída dois anos depois
pelo Cherokee Chief, primeiro
Jeep a usar esse famoso nome indígena, mas as carrocerias abertas
ficariam para a história.
O Jeepster foi uma idéia solar, feita para a diversão, ainda que baseada
em um projeto criado para a guerra. Sua proposta foi merecidamente
celebrada no cinqüentenário do lançamento, em 1998, quando a Jeep
apresentou o atraente conceito Jeepster. Entre os Jeeps antigos, ele é
certamente um dos mais disputados clássicos. Nos anos 40 era um convite
tentador para se esquecer da guerra, a que os Jeep eram associados, e se
entregar ao lazer. Vinte anos depois, podia levar pranchas de surfe ao
som dos Beach Boys para uma festa à beira mar.
A bordo de um Jeepster,
as férias sempre começavam mais cedo.
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