Visto de perfil, o cupê da Alfa era imponente e discreto ao mesmo tempo. Havia seis entradas de ar logo atrás do vidro lateral, na coluna central, e as maçanetas eram embutidas. Atrás, o amplo vidro se abria — liberado por uma pequena alavanca na coluna da porta — dando acesso ao tímido porta-malas. As lanternas traseiras eram quase retangulares e o duplo cano de escapamento completava o belo conjunto. Não havia um ângulo ruim: o carro era muito bonito, sem ser pretensioso.

As persianas acima dos faróis eram um elemento de estilo marcante no cupê, que teve produção reduzida: menos de 4.000 unidades

Por dentro era muito luxuoso e aconchegante. Os bancos com desenho esportivo e encosto de cabeça podiam receber revestimento em tecido ou couro. Os ocupantes da frente iam bem acomodados; já os de trás não tinham muito conforto. No painel completo havia dois mostradores circulares: o da esquerda agrupava velocímetro, nível de combustível, relógio analógico e amperímetro; o da direita tinha conta-giros, manômetro de óleo e termômetros de água e óleo. Um conjunto completo, original e bonito. No centro estava o rádio/toca-fitas e, nas laterais, generosos porta-luvas. O volante com aro de madeira tinha três raios metálicos e a alavanca de câmbio, como habitual nos Alfas, ficava bem à mão em sua posição elevada. Os únicos opcionais eram ar-condicionado e controle elétrico dos vidros.

O motor do Montreal abandonava a timidez do conceito. Agora havia um V8 com bancadas separadas em 90° e 2.593 cm³, todo fundido em liga leve, com duplo comando de válvulas no cabeçote e câmaras hemisféricas. Era alimentado por injeção indireta da marca Spica (Società Pompe Iniezione Cassani & Affini). O projeto era herdado de um famoso carro de competição, o Alfa Romeo P33/2, que também fez sucesso em corridas no Brasil.

O compacto V8 de 2,6 litros com injeção fornecia 230 cv às rodas traseiras do Montreal

Com taxa de compressão de 9:1, o V8 fornecia potência de 230 cv a 6.500 rpm e torque máximo de 27,5 m.kgf a 4.750 rpm. A transmissão contava com câmbio manual ZF de cinco marchas, diferencial autobloqueante e tração traseira. E o desempenho era muito bom: de 0 a 100 km/h em 7,1 segundos, 0 a 400 metros em 15,1 s e velocidade final de 224 km/h. O som do motor cativava os ouvidos, como em todos os carros da marca.

A suspensão dianteira independente usava braços sobrepostos e a traseira tinha eixo rígido, ambas com molas helicoidais. Os quatro freios eram a disco, sendo os dianteiros ventilados, e os pneus 195/70 VR 14 vinham em belas rodas Campagnolo. Era um carro estável, confortável, prazeroso ao dirigir. Seus concorrentes em meados dos anos 70 eram os alemães BMW 3.0 CSL, Mercedes-Benz 350 SLC e Porsche 911; o francês Citroën SM; os ingleses Jaguar XJ6 cupê e E-type e os compatriotas Ferrari Dino 246 GT e Fiat 130 cupê. Embora diversos em desempenho e preço, todos tinham como características ser luxuosos, velozes e caros.

Bancos envolventes em couro ou tecido, alavanca de câmbio alta, volante de madeira e pouco espaço atrás: um interior esportivo e confortável para dois

O Alfa Romeo Montreal foi um dos poucos carros-conceito dos anos 60 — outro foi o Lamborghini Countach — a entrar em produção em série. Era um objeto de desejo de muitos, com técnica apurada, desenho muito original e bom acabamento. Foram produzidos 3.925 exemplares até 1977.

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