Herança holandesa

Ao adquirir a DAF, a criadora do CVT, a Volvo pôde adotar esta
e outras tecnologias na série 300, produzida naquele país

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

A história do automóvel mostra muitos casos em que, com a aquisição de um fabricante, a empresa compradora assume técnicas e projetos da que foi comprada, não raro estendendo seu uso por décadas. Para ficar em exemplos brasileiros, o Corcel de 1968 surgiu de um projeto da Willys, feito em parceria com a francesa Renault, e a mesma Willys teve os modelos Aero, Itamaraty, Jeep e Rural mantidos em produção pela Ford, a nova proprietária da marca.

A holandesa DAF foi fundada em 1928 por Hubert "Hub" van Doorne, para produzir implementos agrícolas, mas só quatro anos mais tarde — ao mesmo tempo em que Wim van Doorne, irmão de "Hub", entrava no negócio — assumiu essa denominação, sigla para Van Doorne's Aanhangwagen Fabriek ou fábrica de trailers de Van Doorne. Ao passar a produzir também caminhões e ônibus, em 1949, o significado mudou para Van Doorne's Automobiel Fabriek, indicação do que viria 10 anos depois: o DAF 600, primeiro automóvel de uma marca que entraria para a história como a criadora do câmbio de variação contínua (CVT).

Novo emblema, alguns itens de segurança a mais, e o DAF 66 tornava-se o Volvo 66, um holandês com marca sueca e motor francês da Renault

Na década de 1970 a DAF substituía o veterano modelo 55 pelo 66, um compacto com versões sedã, cupê fastback e perua, todas de duas portas. Tinha desenho do italiano Michelotti, motores Renault de 1,1 e 1,3 litro (com potência de 47 e 57 cv, na ordem) e o CVT Variomatic de seus antecessores, montado junto ao eixo traseiro, onde estava a tração. Com a absorção do controle acionário das operações automobilísticas da DAF pela Volvo, em 1975, o 66 ganhou o emblema da empresa sueca, que lhe aplicou recursos de segurança como encostos de cabeça nos bancos dianteiros, barras de proteção no interior das portas, pára-choques mais reforçados e coluna de direção retrátil (para não ferir em colisões). A versão cupê deixou de ser oferecida.

O legado holandês para a Volvo, porém, não terminaria por ali. O projeto de uma nova linha de carros pequenos iniciado pela DAF teve seguimento pelas mãos dos suecos, que viram ali vantagens como menor custo de desenvolvimento (os motores continuariam a vir da Renault, dispensando a Volvo de investir neste setor) e facilidade de chegar a mercados da Comunidade Européia, da qual a Suécia ainda não fazia parte na época. Isso porque a nova série 300, assim como o modelo 66 a ser substituído, seria fabricada na Holanda.

A série 300 (iniciada com o 343 de três portas) modernizou a Volvo no segmento dos compactos, mas manteve a peculiar transmissão Variomatic

A primeira versão da linha, o 343, tinha o formato de dois volumes e meio (com um pequeno acréscimo na traseira, tal e qual o primeiro Escort brasileiro), três portas, grande área envidraçada e linhas retas e sóbrias, dentro do padrão Volvo àquele tempo. A preocupação com a segurança estava clara em recursos como os robustos pára-choques e os encostos de cabeça dianteiros. Como em outras séries da marca, o número designava a linha de modelos (3), o número de cilindros do motor (4) e o de portas. A versão 345, de cinco portas, viria em 1980 mantendo a regra. Continua

Carros do Passado - Página principal - Escreva-nos - Envie por e-mail

Data de publicação: 11/9/07

© Copyright - Best Cars Web Site - Todos os direitos reservados - Política de privacidade