Um rebelde com causa

De início uma versão especial, depois uma ampla gama,
o Rambler Rebel contribuiu para a imagem da AMC

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação

O nome Rambler nunca foi muito conhecido dos brasileiros. Na Europa teve alguma projeção na década de 1960, por causa de uma associação da AMC com a Renault francesa, mas entre os americanos foi uma marca muito conhecida. A empresa nasceu nos Estados Unidos em 1900, a partir de um modelo experimental feito por Thomas B. Jeffrey. A produção em série começou apenas em 1913 e a empresa foi batizada com o nome de Rambler. Depois mudou a razão social para o sobrenome do fundador e, em 1917, foi absorvida pela Nash.

Em 1950, o nome Rambler era usado nos modelos básicos e mais econômicos da Nash. Quatro anos depois, a Nash, a Hudson, a Studebaker e a Packard se fundiam formando a American Motors Corporation, ou AMC. Naquela década ocorria uma modificação importante nos carros em todo o mundo: ganhavam carroceria mais baixa, motores mais potentes e, nos EUA, uma renovação constante.

Harmonia de linhas não era o forte do primeiro Rebel, em 1957, mas o motor V8 de 5,35 litros e carburador quádruplo, que fornecia 255 cv, fazia dele o segundo mais rápido americano

Modelos da General Motors como o Chevrolet Bel Air eram sucesso. Na mesma linha vinha a Ford, com o Fairlane e o Crown Victoria. A Chrysler atacava com o Dodge Coronet e o Plymouth Belvedere. E a AMC também queria ter um modelo potente e competitivo. Foi assim que, em 1957, a empresa apresentou o Rambler Rebel. Tratava-se de um sedã de quatro portas, sem coluna central, com capota estilo hardtop. Media 5,05 metros de comprimento com o estepe "Continental" (em alusão ao Lincoln homônimo que lançou essa tendência) sobre o pára-choque traseiro ou 4,85 m sem esse opcional, 1,81 m de largura, 1,48 m de altura e 2,74 m de distância entre eixos.

Sua carroceria, em estrutura monobloco, era oferecida apenas na cor prata metálica. E não era atraente, indo na contramão dos estilos das concorrentes. A frente era pesada, com uma grade oblonga que abrigava dois faróis circulares. Misturava frisos horizontais e verticais com um desenho grosseiro. Nas extremidades ficavam as luzes de direção. Visto de perfil, a maior estranheza ficava por conta de uma faixa larga dourada, que começava na dianteira e aumentava de espessura até o pára-lama traseiro. A capota, quase quadrada, completava o estranho conjunto. Também eram fornecidas as versões cupês e perua, ambas com estilo pouco ortodoxo.

Já no modelo 1958 a frente era reestilizada e a traseira ganhava rabos-de-peixe, mas o motor 327 saía de oferta, substituído pelo de 4,1 litros

Para compensar a infelicidade externa, o motor não fazia feio. Era um V8 de 327 polegadas cúbicas (5,35 litros), com comando de válvulas no bloco e equipado com um carburador de corpo quádruplo, que desenvolvia a potência bruta de 255 cv a 4.700 rpm e o torque máximo de 47,7 m.kgf a 2.600 rpm. Apesar da coincidência de cilindrada, o motor não tinha relação com o 327 da GM, que surgiria só em 1962. A combinação de tanta força em um carro compacto, para os padrões americanos, faz dele um precursor dos "musculosos", embora este rótulo seja atribuído normalmente ao Pontiac GTO de 1964.

O Rebel tinha escapamento duplo, direção assistida, pneus 6,70-15 e suspensão recalibrada, com amortecedores ajustáveis em três níveis de carga (macio, normal e firme). Podia ser equipado com caixa manual ou automática e acelerava muito bem: de 0 a 100 km/h em 7,8 segundos — o segundo americano mais rápido da época, atrás apenas do Chevrolet Corvette. Apenas 1.500 foram produzidos. Consta que poucas unidades de pré-série chegaram a sair da fábrica com a Bendix Electrojector, a primeira injeção eletrônica aplicada a automóveis de série. Com ela a potência passava a 288 cv. Continua

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Data de publicação: 26/6/07

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