O Bel Air da Chrysler

Tal e qual a Chevrolet, a divisão Plymouth aplicou o charmoso
formato de cupê hardtop a um modelo longevo: o Belvedere

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

O nome Plymouth designa numerosas localidades, tanto na Inglaterra (seu emprego original) quanto nos Estados Unidos, onde há cidades com esse batismo em vários estados. E foi também a denominação escolhida pela Chrysler Corporation para sua divisão lançada em 1928. Junto da Chevrolet e da Ford, formava o trio de marcas de preço acessível do mercado americano, tendo inclusive superado esta última, em certo momento da década de 1940, e obtido o segundo lugar em vendas no país. A marca seria extinta em 2001, depois de longo tempo oferecendo — à exceção do Prowler — apenas versões dos Chryslers e Dodges com outro logotipo.

Pouco após a Segunda Guerra Mundial, os EUA viviam um momento próspero e muito favorável à indústria automobilística. Chegavam ao mercado freqüentes lançamentos, alguns deles os primeiros realmente novos de suas marcas desde 1942, quando a produção de carros fora interrompida pelo esforço de guerra. Em meio à euforia, em 1950 a General Motors introduzia o Bel Air, primeiro carro americano de preço acessível com a charmosa configuração cupê hardtop sem coluna central.

Nos primeiros anos, como 1952, o Belvedere mantinha as linhas tradicionais dos americanos da época, com capô alto e traseira em declínio; o motor de seis cilindros e 3,6 litros era o único oferecido

A resposta da Chrysler não tardou: em março do ano seguinte chegava o Plymouth Belvedere, o primeiro automóvel da empresa com esse padrão de carroceria. Como o próprio Bel Air, ele ainda não era um modelo independente, mas uma versão da linha de carros grandes e luxuosos Cranbrook. Suas dimensões asseguravam um aspecto imponente e a distância entre eixos era ampla, 3,01 metros. Tinha linhas típicas da época: arredondadas, com o capô mais alto que os pára-lamas, a traseira em suave declínio, o vidro posterior envolvente. Essa geração de Plymouths, fiel à definição da corporação de que a marca deveria fazer apenas carros simples e confiáveis, estava longe de emocionar.

O único motor disponível era de seis cilindros em linha, 217 pol³ (3,6 litros) e válvulas laterais (flathead, cabeçote plano), usado desde 1942 na marca, que desenvolvia a potência bruta de 97 cv. O modelo 1952 trazia uma só novidade: para destacar a versão, a pintura em dois tons fazia o teto e o porta-malas usarem a mesma cor, um padrão que foi apelidado de saddleback (em forma de sela). Além do Bel Air, o Belvedere — nome de uma cidade na Califórnia e de um palácio em Viena, na Áustria — competia com o Victoria da Ford, mas não conseguia vender mais do que 30% das unidades de cada um desses oponentes.

Em 1953, uma remodelação deixava-o mais amplo e atual, com pára-brisa inteiriço e pára-lamas traseiros em destaque

Na tentativa de revigorar seu cupê, a Plymouth aplicava a ele para 1953 a reestilização pela qual passou toda sua linha de carros grandes, elaborada pelo famoso Virgil Exner, que vinha da Studebaker. Capô mais baixo, um friso que ligava as laterais ao passar pela grade, pára-lamas traseiros mais vistosos, pára-brisa inteiriço e menor distância entre eixos (2,89 m) estavam entre as mudanças, que não agradaram a muitos: o carro foi considerado muito "gordo" e alto, a um tempo em que carrocerias mais longas, baixas e esguias estavam em voga. Um ponto muito criticado era o bocal do tanque de combustível abaixo da tampa do porta-malas, que causava vazamentos freqüentes ao abastecer ou ao acelerar rápido com o tanque cheio. Continua

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Data de publicação: 27/5/06

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