O inglês que conquistou a Índia

O Morris Oxford dos anos 50 ganhou uma longa sobrevida como
o indiano Hindustan Ambassador, ainda hoje em produção

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

William Morris fabricava bicicletas até que, em 1913, lançou seu primeiro automóvel, o Oxford. Com uma reputação de qualidade e robustez, os carros Morris logo conquistaram mercado: no final da década de 1920 a marca era líder de vendas na Inglaterra, com 51% de participação. Mais tarde a marca absorveu outras como a Wolseley, a Riley, a fábrica de carburadores SU, e criou sua divisão esportiva MG.

Depois da Segunda Guerra Mundial, as empresas estavam unidas na Nuffield Corporation e prontas para recomeçar a produção. Em 1948 eram introduzidos dois modelos de sucesso: o Morris Minor e um novo Oxford. Este era um sedã de médio porte (4,21 metros de comprimento, 2,46 m entre eixos) com versões de quatro portas e Traveller (perua) de cinco.

A primeira geração do Oxford, de 1948, tinha formas arredondadas, estrutura monobloco e um já antigo motor de 1,5 litro com válvulas laterais

As linhas arredondadas lembravam as do mais compacto Minor, sendo a carroceria compartilhada com as demais marcas do grupo — havia o Morris Six e os modelos 4/50 e 6/80 da Wolseley. Algo do estilo americano podia ser notado em suas formas. O interior oferecia espaço bem adequado para quatro pessoas, podendo levar precariamente até seis nos bancos inteiriços. Além da estrutura monobloco, pouco comum àquele tempo, o Oxford tinha suspensão dianteira com barras de torção e alavanca de câmbio na coluna de direção. Na traseira havia um eixo rígido com molas semi-elíticas e os freios eram a tambor. Usava pneus 5,25-15.

O motor de quatro cilindros em linha era conservador, com válvulas laterais, solução já abandonada por muitas marcas na época. Com 1.476 cm³ e um carburador, desenvolvia potência de 41 cv a 4.200 rpm e torque de 8,9 m.kgf a baixíssimas 1.800 rpm, suficientes para uma velocidade máxima de 115 km/h e para acelerar de 0 a 100 km/h em longos 41 segundos com o câmbio de quatro marchas. O carro não era leve: pesava cerca de uma tonelada, muito para o modesto motor. Isso levou a um encurtamento da relação do diferencial pouco após o lançamento.

Seis anos depois aparecia o Oxford II, com os pára-lamas mais altos para um ar mais elegante, maior espaço interno e novo motor de mesma cilindrada

Novos concorrentes surgiram durante a vida do primeiro Oxford, como os Fords Consul e Zephyr ingleses, em 1950, e o Vauxhall Wyvern, da subsidiária local da General Motors, dois anos depois. Simples e robusto, esse modelo teve 160 mil unidades vendidas até 1954, quando chegava uma nova geração.

O Oxford II tinha carroceria e motor inéditos. Continuava arredondado, mas o estilo evoluía com pára-lamas ao mesmo nível do capô e as maiores dimensões (4,31 m, com o mesmo entreeixos), que traziam também maior espaço para passageiros e bagagem. Permaneciam as opções de sedã e perua, mas estava mais pesado, 1.085 kg. O motor de 1.489 cm³, desenvolvido pela Morris para o novo grupo — BMC, British Motor Corporation, formado em 1952 —, tinha enfim as válvulas no cabeçote, com seu comando ainda no bloco. Os 50 cv a 4.200 rpm e 10,8 m.kgf a 2.400 rpm o levavam a 120 km/h, mas o 0-100 baixava para 24 segundos. Os pneus eram mais largos, 5,50-15. Continua

Carros do Passado - Página principal - Escreva-nos - Envie por e-mail

Data de publicação: 30/11/04

© Copyright - Best Cars Web Site - Todos os direitos reservados - Política de privacidade