O 1800E de 1970, com motor de 2,0 litros e injeção, foi a evolução final desse cupê sueco; os 120 cv levavam-no à máxima de 185 km/h

O estudo Raketen (foguete) criado pela Frua: uma perua com formas
um tanto arrojadas, que não combinavam com a frente mantida do cupê

O desenho elaborado pela própria Volvo foi preferido e assim surgiu a 1800ES, mais prática, para dar alguma sobrevida ao já antigo projeto

 

Para quem desejasse melhor desempenho, um pacote de alterações mecânicas era colocado à venda nas concessionárias em 1966. Com novo cabeçote, válvulas maiores, taxa de compressão ainda mais alta, carburadores revistos, comando mais "bravo" e coletor de escapamento especial, o 1,8-litro chegava a 135 cv brutos, algo como 20 cv a mais que no motor original. Embora bons resultados tenham sido verificados pela imprensa, um melhor desempenho como padrão de fábrica era o que o 1800S merecia.

No modelo 1969 o motor crescia para 2,0 litros, por meio de maior diâmetro de cilindros, e passava a ter um pouco mais de potência (105 cv) e torque (16,9 m.kgf), além de substituir o dínamo por um alternador. A alteração de cilindrada não afetou o nome do cupê, mantido 1800S. O sistema de freios ganhava um capricho típico da marca: duplo circuito com três rodas em cada, em que ambas as dianteiras e uma das traseiras podiam ser freadas mesmo que houvesse falha em um circuito hidráulico. O usual na época era a simples separação entre frente e traseira, fonte potencial de risco caso o carro ficasse apenas com os freios de trás operantes.

Mas ainda não era o que o mercado queria, e o resultado foi um ano de vendas em baixa. Para 1970 a fábrica investia de novo sob o capô ao adotar injeção Bosch D-Jetronic no lugar dos dois carburadores. Renomeado 1800E, ele passava a contar com 120 cv (mantendo os 16,9 m.kgf), que se traduziam em máxima de 185 km/h e 0-100 em 10 segundos. Além disso, o melhor controle de emissões poluentes o fazia atender às normas mais severas em vigor nos Estados Unidos.

A mecânica revista incluía caixa overdrive de série (o que antes acontecia apenas em alguns mercados, como o inglês), freios traseiros também a disco e rodas Cromodora mais largas, com pneus Michelin na mesma medida 165-15. Na aparência, o 1800E tinha grade com moldura cromada e bancos, painel e volante redesenhados — com três raios, mas não metálicos. Um ano depois aparecia a opção de caixa automática Borg Warner de três marchas.

Um modelo 1971 foi dirigido recentemente pela revista Automobile Magazine,  dos EUA. "O motor de 2,0 litros é uma unidade robusta que pode ser modificada para uma potência ainda maior. O grande quatro-cilindros é realmente muito 'torcudo' em rotações extremamente baixas. A direção é muito pesada em velocidade de estacionamento, mas não ruim quando se roda. Compacto, confortável, e com jeito de cupê mas também de caminhão, o 1800 não é bem um carro esporte; está mais para turismo", explicou.

Como as shooting brakes   Apesar das atualizações, o 1800E era um projeto antigo que precisava enfrentar no mercado concorrentes mais modernos, como Ford Capri e Datsun 240Z. A Volvo bem que trabalhou em propostas para um sucessor (leia boxe abaixo), mas elas não vingaram, provavelmente por um custo difícil de amortizar. Remodelar a carroceria original já não parecia suficiente para adequá-la às modernas tendências. Os suecos chegaram então a uma proposta original.

Shooting brake era como os ingleses chamavam uma perua, em geral de três portas, feita com base em um carro esporte como um Aston Martin ou Jaguar. A ideia da marca sueca era acrescentar praticidade ao cupê para que servisse, por exemplo, para levar conjuntos de golfe até o clube ou viajar até a casa de praia ou de campo com a bagagem do fim de semana.

Os especiais
A Motauto SpA, representante italiana da Volvo, encomendou ao encarroçador Fissore uma versão especial do 1800S (abaixo). A maior diferença estava na traseira em formato fastback, dentro das tendências que começavam a tomar forma nos anos 60. O carro foi revelado no Salão de Turim de 1965.

Anos depois, a mesma Motauto contatou o estúdio Zagato para uma carroceria hatchback sobre a base do 1800E. O Volvo 2000 GTZ (acima) apareceu no Salão de Turim de 1970 com estilo todo reformulado e bastante esportivo.

Os sucessores que não vieram
Talvez pelo êxito apenas relativo do P1800, a Volvo desenvolveu propostas de um sucessor para ele, mas nunca as colocou em produção. O projeto P172, elaborado de 1965 em diante, previa um grande cupê esporte com linhas que lembravam o Ferrari 330 GT e o Lancia Flavia, esses desenhados por Pininfarina, e o motor de seis cilindros em linha do sedã 164. Consta que os cálculos de custo levaram a um preço 50% mais alto que o do P1800 — que já custava muito — e superior até ao do Jaguar E-type: um segmento no qual a Volvo não tinha experiência. O projeto foi abortado após dois anos.

Outra tentativa foi feita com o 1800ESC, projeto encomendado ao italiano Sergio Coggiola em 1969 ou 1970. Com a plataforma e o entre-eixos do P1800 mantidos, o modelo seguia o formato hatchback com linhas típicas dos anos 70 — há razoável semelhança com desenhos de Giorgetto Giugiaro da década, como o VW Scirocco de 1974. O protótipo foi até mostrado no Salão de Paris de 1971 com o nome Volvo Viking Coggiola (ao lado), mas também não teve seguimento.

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