

O interior do cupê trazia um
painel bem-equipado e bancos individuais com cintos de três pontos;
havia a buzina de cidade e outra de estrada |
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Polêmico, mas
elegante
Depois de antecipar
fotos do carro esporte em meados de 1959, a Volvo apresentava nos Salões
de Bruxelas e de Nova York, no início de 1960, o P1800. Suas formas
seguiam fielmente o que Pelle Petterson havia apresentado à diretoria
quase três anos atrás. O cupê tinha a cabine recuada e compacta com
vidros de perfil baixo, frente comprida com faróis circulares e grade
oblonga e traseira também alongada, com aletas nos para-lamas e
lanternas diminutas. Um friso cromado na linha de cintura nascia junto
aos faróis e terminava nas maçanetas. Não era para todos os gostos, mas
tinha sua elegância.
O interior vinha descrito como de 2+2 lugares, mas o banco traseiro era
mesmo limitado a emergências, quase que um par de almofadas sobre a
superfície rígida. Nos dianteiros, individuais e revestidos em couro e
vinil, havia bom nível de conforto, mas a posição baixa em relação às
janelas e ao painel dava certa sensação de confinamento, a um tempo em
que carros amplamente envidraçados começavam a ser comuns.
Cintos de três pontos, que haviam sido uma inovação da Volvo em 1959,
eram equipamentos de série. Os dois instrumentos maiores — velocímetro e
conta-giros — vinham ladeados por três menores, com mais dois numa faixa
central, e o amplo volante usava dois raios metálicos. Atrás dele uma
das alavancas comandava uma segunda buzina, mais alta, ideal para a
estrada, enquanto o botão central acionava a buzina de cidade.
O motor B18, com dois carburadores, fornecia potência de 90 cv e torque
de 14,9 m.kgf, valores que parecem modestos hoje, mas estavam dentro dos
padrões de sua classe na época. Com peso de 1.110 kg, ele podia acelerar
de 0 a 100 km/h em 12,5 segundos e alcançar 171 km/h, de acordo com a
fábrica. O câmbio manual de quatro marchas oferecia opção de
caixa overdrive Laycock de Normanville,
acionada por interruptor no painel, que atuava sobre a última marcha e
permitia manter ritmos elevados de viagem com baixa rotação.
A suspensão seguia a do Amazon: dianteira independente com braços
sobrepostos e traseira de eixo rígido com
barra Panhard, ambas com molas helicoidais. Molas, amortecedores e
estabilizador foram redefinidos para um rodar mais firme e controlado.
A revista inglesa Autocar, ao testar em 1962 o P1800,
descreveu-o como "nem um carro esporte, nem um verdadeiro grã-turismo,
mas um sedã de dois, e ocasionalmente quatro, lugares com instintos
esportivos". O carro foi elogiado pelo motor de funcionamento suave e
com boa desenvoltura em baixa rotação, o aquecimento interno de alta
capacidade, a instrumentação completa e os bancos confortáveis.
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