Disponível nas opções Classique e Grand Tourisme, o modelo de luxo Présidence podia ter vidro separando motorista e passageiros, telefone e até televisor

A presidência da França na época utilizava vários desses Simcas. Um deles servia à primeira dama Yvonne De Gaulle. No mesmo ano a Chrysler americana, que buscava entrar no mercado europeu, iniciava uma compra gradual de ações da Simca. Em 1960 o Ariane 4 voltava a usar o motor Rush de quatro cilindros e 1.290 cm³ do Aronde, mas em versão Super, com potência mais adequada (62 cv) e máxima de 130 km/h.

Já no ano seguinte era encerrada a produção da linha na Europa. O Ariane foi responsável por quase 160 mil unidades das cerca de 240 mil de toda a gama. Fez sucesso nos paises escandinavos e foi montado na Bélgica. Em 1963 a Chrysler assumia o controle acionário da marca. Feita a aquisição do grupo inglês Rootes, um ano depois, a empresa americana formava a base para suas operações européias. Durante a década foram lançados os modelos 1000, 1100, 1200 S, 1300 e 1500. Em 1970 a Simca desaparecia como empresa, tornando-se Chrysler France, mas seu nome ainda seria aplicado aos carros por mais alguns anos.

Lançado em 1959, o Chambord nacional (na foto o de 1963) era igual ao francês;
teve primazias como carro grande e de luxo, no motor V8 e na estrutura monobloco

Um francês no Brasil   A fábrica da Simca instalou-se em 5 de maio de 1958 na cidade de São Bernardo do Campo, às margens da Via Anchieta, que liga a capital paulista à baixada santista, no lado oposto ao da Volkswagen. Os modelos Chambord ganharam as ruas em 1959, ainda com amplo conteúdo francês. Além de ser o primeiro automóvel de origem francesa fabricado aqui (o Renault Dauphine sairia meses depois), era então o único carro nacional grande, de luxo e com motor V8. Na época, ou os brasileiros optavam por importados ou pelos nacionais já existentes: Volkswagen Sedan 1200, DKW-Vemag sedã e perua e o pequeno Romi-Isetta, além dos utilitários. O Aero-Willys e o FNM 2000 JK só chegariam em 1960.

Suas linhas, idênticas às do Chambord francês, agradaram muito aos olhares brasileiros e se destacavam no trânsito, pois a quase totalidade de carros importados era de origem americana. Na época dizia-se que poderia ser confundido com um Chevrolet Bel Air 1957. Foi também o primeiro três-volumes nacional com tração traseira, pois a do DKW era dianteira. Logo de início seu espaço interno foi apreciado e também o conforto ao rodar. Para a época, era muito bem-equipado. Agradava também o espaço do porta-malas, cerca de 500 litros.

O Simca brasileiro logo cativou pelo espaço, conforto (na foto o painel do Rallye) e estabilidade, mas decepcionou pelo desempenho, a ponto de ser apelidado de Belo Antônio

O painel de instrumentos e o volante eram idênticos aos do irmão francês. Havia detalhes úteis como faróis de neblina, seletor de tom de buzina (mais adequado à cidade ou à estrada), hodômetro parcial, ventilação dinâmica para desembaçar o pára-brisa (aquecedor era opcional), acendedores de cigarro dianteiro e traseiro, terceiro pára-sol (entre os dois usuais, para fechar a lacuna acima do retrovisor), retorno automático das luzes de direção (por tempo, não pela posição do volante) e luzes de estacionamento, em que as lanternas de apenas um lado do carro eram mantidas acesas. Os pedais já eram suspensos, como nos modelos de hoje. Inadequada era a montagem do retrovisor no pára-lama esquerdo, fora do alcance do condutor. Continua

Em espetáculos
O Simca demonstrou-se muito galante também em duas rodas, no Brasil e na Europa. Na França o malabarista dos carros era Jean Sunny (foto). Utilizando uma rampa de 20 centímetros para colocar o Simca Ariane em duas rodas, seus espetáculos fizeram muito sucesso. Atraíam multidões na famosa Avenida Champs-Élysées, em Paris. A partir do êxito obtido ali, fez o show em várias cidades da França e também em outros países da Europa para divulgar o carro. Apesar de os Simca V8 serem mais rápidos, preferia o Ariane, mais leve na frente e equilibrado.

No Brasil se exibiu em Interlagos, em 1964, e fez vibrar o público. Além de andar em duas rodas, fez derrapagens controladas e números onde, com o carro inclinado, um dos integrantes da equipe se apoiava de cabeça para baixo numa escada presa ao carro. Em duas rodas, várias vezes ultrapassavam 100 km/h.

Pouco depois, quem assumiu os shows pelo Brasil foi a equipe do piloto Euclides Pinheiro. Fez belas exibições em vários locais do país. Um tipo de espetáculo que deixou saudades.

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