Seu motor V8 de 2.351 cm³ era o mesmo do Chambord europeu, com igual potência (84 cv) e torque (15,5 m.kgf, brutos), obtidos com um carburador de corpo duplo. O desempenho estava longe de ser destaque: velocidade máxima de 135 km/h e aceleração de 0 a 100 km/h em 26 segundos. Isso lhe rendeu o apelido de Belo Antônio, alusivo a um personagem de filme italiano que conquistava as mulheres por ser bonito, mas falhava na hora "H"... O logotipo V8 destacado no centro do volante não significava muito na prática. Por outro lado, era um carro mais estável, macio de rodagem e agradável de dirigir que o principal concorrente, o Aero-Willys.

A publicidade destacava suas linhas elegantes e a suspensão McPherson; em 1963 (acima) a linha de sedãs já contava com cinco versões

Tal como na Europa, um destaque do Simca no Brasil era a suspensão dianteira McPherson, a primeira do tipo em um carro nacional. Chamada de Stabimatic, seguia o conceito original dessa suspensão: havia um braço transversal simples e o estabilizador era encarregado de manter a roda posicionada, no sentido longitudinal, enquanto a coluna de suspensão era o próprio amortecedor. Foi também o primeiro nacional a deixar de utilizar dínamo, pois vinha com alternador da marca francesa Ducellier. E os freios a tambor contavam com dois cilindros em cada roda dianteira, em vez de um, solução chamada de Twinplex que tornava o pedal mais leve. Os pneus eram 165-380, com rodas de 15 pol medidas em milímetros, dentro da tradição francesa.

Luxuoso e esportivo   Após concluir seu objetivo de nacionalização do Chambord (em 1961 já era anunciado conteúdo 95% brasileiro), a Simca começava a implantar evoluções, ampliar a oferta e adaptar melhor o carro ao que o mercado esperava. Já naquele ano era apresentada a versão de luxo Présidence. Idêntica ao similar francês, agradou muito àqueles que podiam pagar 20% a mais que o preço do Chambord e um pouco mais que o do FNM JK — eram os dois carros mais caros do Brasil. Vinha com bancos e painel revestidos em couro, rádio, ventilação forçada, aquecimento, luzes de leitura e minibar com copos de cristal para os passageiros de trás.

Por 20% mais que um Chambord, podia-se ter o Simca Présidence, com
bancos de couro, minibar para o banco traseiro e o charmoso estepe externo

O V8 estava um pouco mais forte: dotado de dois carburadores de corpo duplo com acionamento progressivo e maior taxa de compressão, rendia 94 cv. Na segunda série de 1961 o motor de ambas as versões sofria alterações internas, com cilindrada pouco maior (2.414 cm³), para ligeiro ganho de potência: 90 cv no Chambord, 105 no Présidence. Estava também mais econômico, segundo a empresa. Outra boa novidade era a caixa com três marchas sincronizadas. Seu nome era 3-Synchros, mas um emblema com três andorinhas nos pára-lamas é que indicava sua presença. Continua

Nas telas
Um filme que chamou muita atenção na década de 60 foi Acossados (À Bout de Souffle, 1959), francês do estreante Jean-Luc Godard, que deu inicio à famosa Nouvelle Vague. É todo rodado em Paris e foi feito em preto e branco. Michel Poiccard (Jean-Paul Belmondo) é um delinqüente que rouba belos carros, e Patricia Franchini (Jean Seberg), uma jornalista do jornal americano Herald Tribune. Ela faz reportagens e entrevistas na charmosa Avenida Champs-Élysées.

Num dos carros que rouba em Marselha, Michel parte em alta velocidade pela famosa estrada Nacional 7, cultuada pelos franceses como a Rota 66 pelos americanos. Nessa estrada mata um policial que tentou prendê-lo por excesso de velocidade. Ele volta a Paris, continua seus furtos de carros. E o casal se apaixona. No interessante filme aparecem vários Simcas Vedette, Présidence e Chambord. Numa cena mais longa estão a bordo de um Ariane táxi (acima). Disponível em DVD.

Outro filme com Belmondo é O Homem do Rio (L’Homme de Rio, 1964). Trata-se de uma aventura filmada na França e no Brasil. Aqui as cenas se passam no Rio de Janeiro, uma pequena parte em Brasília e na Amazônia. Belmondo faz o papel do detetive particular Adrien Dufourquet, encarregado de desbaratar um seqüestro. Junto com ele está Agnès Villermosa (a francesa Françoise Dorléac). A participação de atores brasileiros é importante. Nas cenas passadas na capital francesa podemos ver um Vedette Chambord 1958 de cor bege (acima) que Adrien utilizava com freqüência.

Nos filmes do grande ator e diretor Jacques Tati aparecem muitos carros. E na comédia Meu Tio (Mon Oncle, 1958) não foi diferente. O casal Arpel tem uma casa muito moderna para a época.

Tudo é novo, confortável, limpo e cheio de tecnologia. Mas o filho adolescente Gerard é infeliz até a chegada de seu tio, o senhor Hulot (Jacques Tati), que conquista a amizade do sobrinho mostrando as coisas simples da vida. Esta bela e comovente historia venceu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e o prêmio Especial do Júri no Festival de Cinema de Cannes. Dentre os belos e impecáveis carros temos em várias cenas um Simca Vedette Versailles de 1955 (acima), nas cores azul e branco.

No melhor e mais popular seriado da TV brasileira nos anos 60, O Vigilante Rodoviário, o ator Carlos Miranda era o Inspetor Carlos. Em suas aventuras ao lado de seu fiel cão Lobo, usava um Simca Chambord com as cores da Polícia Rodoviária. Ao andar de carro com Carlos, o pastor-alemão Lobo ficava sempre no banco da frente, ao lado do Inspetor. Iniciada em março de 1961, a série teve 38 episódios na extinta TV Tupi e mais tarde na Excelsior, Cultura, Globo e Record. Um dos automóveis usados na série (acima) foi recuperado por Carlos, com as cores originais preta e amarela e o mesmo brasão da polícia na porta. Esteve em várias exposições e encontros de carros antigos, onde o protagonista da série sempre se veste a caráter.

O Simca também apareceu em várias novelas de época, como em Estúpido Cupido, da Rede Globo. O personagem de Ney Latorraca, ao ganhar na loteria, tem seu primeiro sonho realizado: comprar um Chambord.

Na década de 1980, a música Simca Chambord do grupo Camisa de Vênus traria aos jovens a importância do modelo para nossa indústria. Cantava: "E no caminho da escola eu ia tão contente / Pois não tinha nenhum carro / Que fosse na minha frente / Nem Gordini nem Ford / O bom era o Simca Chambord".

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