No mesmo ano chegava a versão esportiva Rallye, a primeira do gênero em um sedã nacional. A maior alteração externa estava no capô com duas entradas de ar circulares. O motor era o mesmo do Présidence. Com cores exclusivas e alguns cromados a mais, chamava a atenção. Uma novidade nesta versão, que aos poucos se estenderia a toda a linha, era o ajuste do avanço inicial de ignição por uma pequena alavanca no painel. Continuava a existir o avanço automático no distribuidor, mas o ajuste manual permitia compensar diferenças de altitude e de octanagem da gasolina, um recurso exclusivo entre os nacionais.

Cores exclusivas, tomadas de ar no capô e... estava pronto o Simca Rallye, a
primeira versão esportiva de um sedã nacional, que veio ampliar a linha em 1962

No Salão de São Paulo, em novembro, como modelo 1963, aparecia a perua Jangada. Era derivada da Marly francesa, mas com diferenças visuais (como as lanternas traseiras aproveitadas do sedã) e técnicas, caso da estrutura reforçada. Foi a primeira perua nacional com cinco portas e também a última até que surgisse a VW Quantum, em 1985 — a não ser pela Chevrolet Veraneio, de outra categoria. Seus pára-lamas estendiam-se bem além da linha da traseira, em um desenho curioso.

Havia duas portas para acesso à carga, uma aberta para cima e a outra para baixo, solução comum nas peruas da época. A capacidade até a altura dos vidros ficava em torno de 500 litros, podendo chegar a 1.800 com o banco traseiro rebatido e o uso do espaço até o teto. Um recurso pouco usual permitia levar mais duas crianças no compartimento de bagagem: basculavam-se pequenos bancos presos às laterais, movendo-se a tampa do estepe para dar espaço às pernas. No ano seguinte, e apenas nesse ano-modelo, ela teria opção entre os acabamentos Utilitário e Luxo.

A Jangada foi nossa única perua de cinco portas até os anos 80; a tampa traseira
abria-se em duas seções e havia mais dois lugares, precários, para crianças

Os Simcas tornavam-se mais atuais em abril de 1964. Recebiam teto mais alto, pára-brisa e vidro traseiro maiores e colunas traseiras mais largas; na frente a grade ganhava um escudo ao centro; as novas lanternas traseiras incluíam luzes de direção em tom amarelo. No interior havia banco dianteiro com encostos separados (60/40) e reclináveis, exclusivos do Rallye, e retrovisor dia/noite para evitar ofuscamento. Mas o melhor estava sob o capô: os motores chamados de Tufão e Super Tufão, que vinham amenizar as críticas ao desempenho da linha Simca. O primeiro tinha cilindrada de 2.414 cm³, taxa de compressão de 8:1, 100 cv a 4.800 rpm e 16,5 m.kgf a 2.750 rpm; o outro contava com 2.505 cm³, taxa de 8,5:1, 112 cv a 5.000 rpm e 18 m.kgf a 3.000 rpm.

O sistema de arrefecimento era melhorado para reduzir o risco de superaquecimento, problema freqüente nos modelos anteriores. Já a bomba de combustível continuaria a superaquecer em condições de maior solicitação. O emblema na grade mostrava uma andorinha e a letra S e o pequeno tanque de combustível de 55 litros era ampliado para 85, bem mais coerentes com o elevado consumo. A Jangada também recebia o motor melhorado, mas teve de esperar mais um ano até ganhar o pára-brisa mais amplo na linha 1965 — quando perdia alguns equipamentos como os faróis de neblina. A "depenação" dos carros nacionais vem mesmo de longa data.

O Alvorada (foto) era simples, mas as coisas ficariam piores no Profissional, em 1966: rodas sem calotas, portas de Eucatex, pára-sol só para o motorista

Outra versão, mas que seria um fracasso de vendas, era lançada ainda em 1964: o Simca Alvorada, desprovido de maiores ornamentos. Dois anos mais tarde a fábrica trocava o nome para Profissional, pois visava ao mercado de táxi. Seu acabamento ficava ainda mais rústico, sem calotas ou cromados externos e pára-sol do passageiro. As portas vinham revestidas com Eucatex, chapa dura à base de fibras de eucalipto usada no interior dos ônibus. Tudo bem compensado pelo preço, cerca de 30% menor que o do Chambord. Junto com este "popular", financiado a longo prazo pela Caixa Econômica Federal, havia o Gordini Teimoso, os DKWs Pracinha e Caiçara e o Fusca Pé de Boi (saiba mais). Continua

Para ler
Simca: A História desde as Origens - por Paulo César Sandler e Rogério Simone, editora Alaúde. O interessado na Simca brasileira, sobretudo, pode ter boa leitura nas 255 páginas desta obra de 2005, que começa com a história da empresa francesa e destaca a parte nacional. Inclui fotos de época e informações sobre corridas.

Simca: De Fiat à Talbot
- por Michel G. Renou, editora ETAI. Se o objetivo é conhecer toda a trajetória da marca francesa, desde sua origem até a extinção, este livro de 1999 pode ser muito útil. São 255 páginas em francês.
La Simca Vedette de Mon Pere - ETAI. A conhecida série dos carros "de meu pai", que aborda os carros mais marcantes da França, não poderia deixar de fora o modelo que deu origem a nosso Chambord. A obra foi lançada em 2001 e vem em francês.

Memórias Sobre Rodas - O Automóvel no Brasil dos Anos 1960 - por Fabio Steinbruch, editora Alaúde. Recém-lançado, o livro de 384 páginas conta com detalhes, e de forma envolvente, as impressões do autor sobre os carros nacionais e alguns importados daquela década. É ricamente ilustrado com modelos de coleção e inclui comentários técnicos de Bob Sharp, colunista do Best Cars. Recomendado.

Carros do Passado - Página principal - Escreva-nos

© Copyright - Best Cars Web Site - Todos os direitos reservados - Política de privacidade