Apesar do melhor desempenho da série Tufão, o motor continuava um ponto fraco do Simca. Além do projeto superado, a posição lateral das válvulas era um fator que limitava seu rendimento. O engenheiro Jean-Jacques Pasteur então fez modificações importantes no velho propulsor. Como nos V8 mais potentes da Chrysler, adotaram-se câmaras de combustão hemisféricas no motor Emi-Sul — assim chamado por ser o primeiro com essa concepção no Hemisfério Sul. Embora mantivesse os 2.414 cm³ do Tufão, adotava comando no bloco e válvulas nos cabeçotes, que eram de alumínio, e fornecia potência de 140 cv a 5.000 rpm, avanço expressivo sobre o anterior.

O bom trabalho de Pasteur deixou o motor V8 bem melhor na série Emi-Sul: o
desempenho enfim agradava e os antigos superaquecimentos tornavam-se raros

Havia um radiador de óleo, para manter a temperatura do lubrificante sob controle. Ao se abrir o capô era notável o tamanho dos filtros de ar. Atrás chamava a atenção o duplo cano de escapamento. O torque passava a 23 m.kgf a 3.300 rpm e o desempenho em geral melhorava muito: a aceleração de 0 a 100 km/h agora era feita em 16 segundos e a velocidade final chegava perto de 150 km/h. A fábrica, em sua publicidade, anunciava mais de 160 km/h.

A sigla Emi-Sul V8 ficava nas colunas traseiras e o carro ganhava vidros verdes, bancos individuais reclináveis e novos desenhos no revestimento, que podia ser de couro. As calotas cromadas eram bonitas e seu centro imitava um cubo rápido. Estava bem mais atraente. Este motor também estava disponível para o Rallye, que não tinha mais as entradas de ar no capô. No Présidence, vinha acompanhado do inédito "câmbio de seis marchas" — na verdade três, só que o diferencial com duas reduções dobrava as opções de relações, dentro do mesmo princípio da caixa de transferência dos utilitários 4x4 com reduzida.

Mesmo com a parte central da carroceria mantida, o Esplanada (foto) e o Regente pareciam novos carros; o nome Simca logo desapareceria

A fase Chrysler   Ainda que tivesse adquirido desempenho bem mais adequado aos novos tempos, o desenho da linha Simca já se mostrava defasado, depois de várias alterações de estilo no concorrente Aero-Willys. A grande virada da marca era apresentada no Salão do Automóvel de 1966, em São Paulo. O novo modelo Esplanada tinha a frente e a traseira remodeladas, sem qualquer parentesco com o passado. Os faróis de formato hexagonal mostravam belo desenho, assim como a grade com frisos cromados horizontais, e a traseira com formas retilíneas tinha lanternas verticais. Novos pára-choques completavam o conjunto. Apesar de conservar intacta a parte central da carroceria, o carro estava mais moderno e muito bonito. Não havia mais a Jangada.

A versão mais luxuosa apresentava teto revestido de vinil, bancos de couro com novo desenho, tapetes de veludo, apliques de madeira jacarandá no painel e rádio de série. O painel era acolchoado e mantinha os instrumentos do Simca anterior, mas o terceiro pára-sol e o minibar no banco traseiro não existiam mais. O V8 Emi-Sul vinha com um carburador de corpo duplo DFV, conservando a potência e o torque (mais tarde haveria perda de 10 cv pela redução da taxa de compressão), mas agora se usavam comando hidráulico de embreagem, no lugar do tradicional cabo, e bomba elétrica de gasolina.
Continua

Os faróis em molduras hexagonais não demoraram a dar lugar a conjuntos duplos circulares; o teto da versão de luxo era revestido em vinil
Nas pistas
A Simca do Brasil não demorou a participar das corridas de Turismo. Formou uma equipe que incluía pilotos famosos como Chico Landi, Jayme Silva, "Toco" Martins, Walter Hahn Jr. e outros. A concorrência era feroz, sob forma das equipes Vemag e Willys, mas os Simcas conseguiram vencer muitas provas, como a 6 Horas da Barra da Tijuca, em 1962.

Já em 1961 a marca obteve várias vitórias nacionais. Cinco exemplares sobreviveram sem problemas à 24 Horas de Interlagos, percorrendo 1.680 voltas e 13.580 quilômetros. No mesmo ano, provou em terras gaúchas ser um carro muito valente. Tirou o 1º e o 2º lugares em provas de subida de montanha e quilômetro de arrancada, ambas em Caixas do Sul. Em Piracicaba, interior de São Paulo, obteve o 2º lugar no 3º Circuito de Piracicaba. Competiu com carros grã-turismo e também contra importados. A preparação não era das mais elaboradas, mas chegavam a obter 120 cv a 5.500 rpm.
Aqueles carros com jeito americano e o som rasgado do motor V8 contrastavam na pista com os pequenos DKW-Vemag e os ainda menores Renault Gordini e Willys Interlagos, cujos motores emitiam som mais estridente. Os Simcas eram um espetáculo à parte. Mesmo pesando mais que seus concorrentes, as qualidades de suspensão conferiam-lhe elegância nas curvas, sobretudo pelos acertos levados a efeito pelo engenheiro Jacques Pasteur. Raramente via-se um Simca escapar de traseira.

O câmbio de "seis marchas" chegou a ser usado em competição. O diferencial com duas reduções produzia três marchas longas e três curtas, suprindo em parte a deficiência diante dos câmbios de quatro e cinco marchas. Só que na pista não era tão simples: terceira longa, terceira curta, segunda longa...

Colaborou Bob Sharp

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