

Antecessores: o Lotus Mark I (em
cima), com motor Austin para provas de trial, e o Mark VI, oferecido em
forma de kit e feito em 110 unidades



Anunciado como "o carro esporte
monte-você-mesmo", o Seven tinha linhas simples e motores de 950 cm3,
1,1 e 1,2 litros com 40 até 75 cv |
Existem dois carros que disputam o título mundial de maior número de
fabricantes de cópias e modelos neles inspirados: o
AC/Shelby Cobra e o Lotus Seven. No
entanto, se forem incluídos também os clones construídos pelos próprios
proprietários em suas garagens e quintais, sem dúvida a taça vai para o
Seven, com um número de construtores difícil de calcular.
A Lotus surgiu a partir de um carro construído em 1947 pelo então
estudante de engenharia Colin
Chapman, um inglês com 19 anos. Chamado de Lotus Mark I, usava a
mecânica de um Austin Seven anterior à
Segunda Guerra Mundial e era destinado a corridas de trial, modalidade
popular no país naquela época, disputada em terrenos acidentados. O
carro logo foi vendido e Chapman investiu na construção do Mark II.
Assim foi até o Mark IV, quando Colin, devido à insistência por parte de
outros pilotos para que vendesse cópias de seus carros, muito
bem-sucedidos em competições, resolveu produzir o modelo em pequena
série.
Surgiu assim o Mark VI — já que o Mark V foi um projeto natimorto —,
carro com chassi tubular vendido em forma de kit e produzido até 1955 em
total aproximado de 110 unidades. O kit era fornecido incompleto, tendo
o comprador que montá-lo e obter os itens que não faziam parte do
pacote, tais como faróis e lanternas, de maneira que assim não existia
um Mark VI igual a outro. No período de produção do modelo, outros
carros Lotus foram surgindo e obtendo vitórias nas pistas, tais como os
8, 9 e 10.
O modelo que originalmente levaria o nome de 7, ou Seven, foi construído
em sociedade com os irmãos Clairmonte. Eles entrariam com o fornecimento
do motor e a Lotus com o chassi. Após a montagem do primeiro exemplar,
contudo, a sociedade se desfez porque os irmãos não tinham como suprir
os motores. O exemplar único acabou sendo conhecido como Clairmonte
Special.
O nome Seven só foi adotado por Chapman novamente em 1957. Necessitando
de um sucessor para o Mark VI, ele projetou e desenhou o carro em apenas
uma semana. O carro era vendido em kit como seu antecessor, mas ao
contrário deste tratava-se de um pacote completo, pois Chapman não
estava feliz em ver a adaptação no Mark VI de certos componentes que não
faziam parte do kit. O pacote já vinha com diversos conjuntos
pré-montados e, segundo o fabricante, o carro podia ser facilmente
montado em apenas 12 horas. Isso mesmo sem que o conjunto viesse com
manual de instruções de montagem.
Segundo as normas vigentes à época no Reino Unido, para que um carro
pudesse ser caracterizado como kit não poderia ser fornecido com tal
auxílio pelo fabricante; em contrapartida, os kits tinham a vantagem de
que o comprador não teria de pagar a cara Taxa de Aquisição, o que
diminuía em muito seu custo. Chapman contornou a proibição publicando
instruções de montagem em revistas especializadas e também, seguindo a
legislação ao pé da letra, oferecendo manual de desmontagem do
carro — para quem quisesse, era só seguir as instruções ao contrário.
Tal inventividade, até mesmo para enxergar as entrelinhas de
regulamentos, foi um dos motivos de seu posterior sucesso na Fórmula 1.
A primeira série do Seven, a Series I, foi produzida até 1960 em um
total aproximado de 240 unidades. O chassi tubular era enrijecido com
painéis de liga leve rebitados a sua parte inferior e às laterais. Os
chassis não eram feitos na empresa, mas fornecidos por fabricantes
especializados, de início pela The Progress Chassis Company e depois
pela Arch Motors. A carroceria de liga leve, produzida pela tradicional
britânica Williams & Pritchard, vinha normalmente sem pintura e tinha
alguns toques marcantes, como o escapamento exposto na lateral, o estepe
preso à traseira, os para-lamas no estilo de motocicleta, o capô que
ocupava metade do comprimento total do carro e os faróis bem saltados em
relação ao resto do corpo. A capota era de tecido, com uma capota
tonneau extra.
O motor básico era um Ford 100E de 1,2 litro com
comando no bloco e válvulas laterais que,
com dois carburadores SU — famosos por terem venturi variável —,
entregava a potência de 40 cv. Havia também uma versão de maior
desempenho chamada Super Seven, com motor Coventry Climax FWA de 1,1
litro, comando no cabeçote e 75 cv. Mais
tarde o Super Seven passou a vir com motor BMC "A", com 950 cm³ e
válvulas no cabeçote para 40 cv. Com esse motor vinha uma caixa de
quatro marchas, no lugar da de três empregada pelas demais versões. Essa
variação também foi chamada de Seven A.
Continua
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