Imitado sim, limitado jamais

Leve, ágil e com total envolvimento com o motorista, o Lotus Seven
motivou dezenas de pequenos fabricantes a criar interpretações

Texto: José Geraldo Fonseca - Fotos: divulgação

Antecessores: o Lotus Mark I (em cima), com motor Austin para provas de trial, e o Mark VI, oferecido em forma de kit e feito em 110 unidades

Anunciado como "o carro esporte monte-você-mesmo", o Seven tinha linhas simples e motores de 950 cm3, 1,1 e 1,2 litros com 40 até 75 cv

Existem dois carros que disputam o título mundial de maior número de fabricantes de cópias e modelos neles inspirados: o AC/Shelby Cobra e o Lotus Seven. No entanto, se forem incluídos também os clones construídos pelos próprios proprietários em suas garagens e quintais, sem dúvida a taça vai para o Seven, com um número de construtores difícil de calcular.

A Lotus surgiu a partir de um carro construído em 1947 pelo então estudante de engenharia Colin Chapman, um inglês com 19 anos. Chamado de Lotus Mark I, usava a mecânica de um Austin Seven anterior à Segunda Guerra Mundial e era destinado a corridas de trial, modalidade popular no país naquela época, disputada em terrenos acidentados. O carro logo foi vendido e Chapman investiu na construção do Mark II. Assim foi até o Mark IV, quando Colin, devido à insistência por parte de outros pilotos para que vendesse cópias de seus carros, muito bem-sucedidos em competições, resolveu produzir o modelo em pequena série.

Surgiu assim o Mark VI — já que o Mark V foi um projeto natimorto —, carro com chassi tubular vendido em forma de kit e produzido até 1955 em total aproximado de 110 unidades. O kit era fornecido incompleto, tendo o comprador que montá-lo e obter os itens que não faziam parte do pacote, tais como faróis e lanternas, de maneira que assim não existia um Mark VI igual a outro. No período de produção do modelo, outros carros Lotus foram surgindo e obtendo vitórias nas pistas, tais como os 8, 9 e 10.

O modelo que originalmente levaria o nome de 7, ou Seven, foi construído em sociedade com os irmãos Clairmonte. Eles entrariam com o fornecimento do motor e a Lotus com o chassi. Após a montagem do primeiro exemplar, contudo, a sociedade se desfez porque os irmãos não tinham como suprir os motores. O exemplar único acabou sendo conhecido como Clairmonte Special.

O nome Seven só foi adotado por Chapman novamente em 1957. Necessitando de um sucessor para o Mark VI, ele projetou e desenhou o carro em apenas uma semana. O carro era vendido em kit como seu antecessor, mas ao contrário deste tratava-se de um pacote completo, pois Chapman não estava feliz em ver a adaptação no Mark VI de certos componentes que não faziam parte do kit. O pacote já vinha com diversos conjuntos pré-montados e, segundo o fabricante, o carro podia ser facilmente montado em apenas 12 horas. Isso mesmo sem que o conjunto viesse com manual de instruções de montagem.

Segundo as normas vigentes à época no Reino Unido, para que um carro pudesse ser caracterizado como kit não poderia ser fornecido com tal auxílio pelo fabricante; em contrapartida, os kits tinham a vantagem de que o comprador não teria de pagar a cara Taxa de Aquisição, o que diminuía em muito seu custo. Chapman contornou a proibição publicando instruções de montagem em revistas especializadas e também, seguindo a legislação ao pé da letra, oferecendo manual de desmontagem do carro — para quem quisesse, era só seguir as instruções ao contrário. Tal inventividade, até mesmo para enxergar as entrelinhas de regulamentos, foi um dos motivos de seu posterior sucesso na Fórmula 1.

A primeira série do Seven, a Series I, foi produzida até 1960 em um total aproximado de 240 unidades. O chassi tubular era enrijecido com painéis de liga leve rebitados a sua parte inferior e às laterais. Os chassis não eram feitos na empresa, mas fornecidos por fabricantes especializados, de início pela The Progress Chassis Company e depois pela Arch Motors. A carroceria de liga leve, produzida pela tradicional britânica Williams & Pritchard, vinha normalmente sem pintura e tinha alguns toques marcantes, como o escapamento exposto na lateral, o estepe preso à traseira, os para-lamas no estilo de motocicleta, o capô que ocupava metade do comprimento total do carro e os faróis bem saltados em relação ao resto do corpo. A capota era de tecido, com uma capota tonneau extra.

O motor básico era um Ford 100E de 1,2 litro com comando no bloco e válvulas laterais que, com dois carburadores SU — famosos por terem venturi variável —, entregava a potência de 40 cv. Havia também uma versão de maior desempenho chamada Super Seven, com motor Coventry Climax FWA de 1,1 litro, comando no cabeçote e 75 cv. Mais tarde o Super Seven passou a vir com motor BMC "A", com 950 cm³ e válvulas no cabeçote para 40 cv. Com esse motor vinha uma caixa de quatro marchas, no lugar da de três empregada pelas demais versões. Essa variação também foi chamada de Seven A. Continua

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Data de publicação: 9/10/10

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