



Linhas conservadoras, interior
com luxo ostensivo e muitos itens de conveniência, motor V8 e tração
traseira: a receita do Town Car 1981 |
O
mercado de veículos de alto luxo reserva surpresas. Afinal, quando
dinheiro não é problema, o consumidor interessado na última palavra em
automóvel pode buscar seu objeto de desejo em qualquer parte do mundo.
Então como viver em um mercado onde Mercedes-Benz, BMW, Rolls-Royce e
outras “grifes” são a síntese do que procuram as pessoas mais
influentes, abonadas e exigentes?
Mesmo não tendo a aura que cerca as marcas mais famosas do mundo, a
Ford, por meio de sua divisão de alto luxo Lincoln, passou a oferecer
aquilo que o consumidor americano queria no segmento: luxo, classe,
requinte, desempenho e espaço, muito espaço. Estamos falando do Town
Car.
Esse nome já figura no mundo automotivo há muito tempo. Em 1922 ele
surgiu pela primeira vez em um Lincoln produzido especialmente para
Henry Ford, no mesmo ano em que a marca foi adquirida pelo empresário.
Depois, entre 1959 e 1980, foi uma versão de acabamento do modelo
Continental, outro grande
sucesso dos americanos. Disponível apenas na cor preta, o modelo recebia
um teto de vinil acolchoado bastante exclusivo. Mas foi somente em 1981
que ele ganhou vida própria dentro da divisão mais luxuosa da Ford. No
ano seguinte, com a diminuição de tamanho do Continental — processo
conhecido na indústria como downsizing —, o Town Car tornava-se o topo
da gama Lincoln.
Curiosamente seu nome em inglês, "carro da cidade", fazia referência a
De Ville, seu concorrente da Cadillac. O chamado Sedan de Ville remete
ao tipo de carruagem, muito comum nos anos 1920, onde a parte destinada
ao motorista era descoberta, ao contrário do resto da carroceria. De
fato, muitos veículos evocam essa característica forrando apenas a parte
posterior do teto com vinil, por exemplo.
Com vida própria, o Town Car chegava em 1981 exibindo, como não poderia
deixar de ser, linhas sisudas e clássicas — dentro do que seu
público-alvo esperava. Dividindo a mesma plataforma Panther e a
construção de carroceria sobre chassi, o modelo tinha semelhanças
estéticas com o Crown Victoria,
da Ford, e o Grand Marquis, da Mercury. Chamava a atenção a grade
projetada à frente, como em um Rolls-Royce, aliás uma inspiração
condizente com sua proposta. De cada lado vinha um par de faróis
retangulares acompanhado da luz de direção.
Com três volumes bem definidos e retos e versões de duas e quatro
portas, o carro abusava de cromados nos pára-choques, caixas de rodas,
retrovisores, maçanetas e molduras das janelas. Um detalhe charmoso era
a iluminação externa na coluna central. A traseira ostentava lanternas
verticais de bom gosto que eram unidas por refletores horizontais. Com
5,56 metros de comprimento, 1,98 m de largura e 1,42 m de altura, estava
entre os maiores automóveis americanos. Seus ocupantes viajavam com
conforto em 2,97 m de entreeixos. O peso acompanhava o tamanho: 1.835
kg.
Continua
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