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Ajuste elétrico dos bancos e computador de bordo eram refinamentos presentes no Town Car desde o início, assim como o revestimento parcial do teto

Cantos arredondados suavizavam um pouco a carroceria em 1985; no interior também havia novidades, embora mantendo o ar tradicional

 
Perigo por trás
A plataforma Panther trouxe muitos lucros à Ford, em especial com o Crown Victoria e o Town Car, mas também fez os executivos da empresa rebolarem em busca de uma solução a mais discreta possível para uma leva de incidentes. Isso porque os Crown Vics pós 1992, em especial os das forças policiais, costumavam pegar fogo quando atingidos por trás em um acidente. Com a posição insegura do tanque de combustível, logo atrás do eixo traseiro, somada à presença de parafusos nas imediações, uma batida um pouco mais forte já era suficiente para causar um grave desfecho.

Uma morte foi provocada em um Town Car atingido por trás. Um acordo entre a Ford e a viúva do motorista, que também ficou ferida no acidente, deixou a gigante americana 80 milhões de dólares mais pobre. Isso sem contar os gastos em modificações nos chassis dos carros para evitar novos casos.

Por dentro o carro esbanjava conforto. O painel repetia as linhas retas da carroceria e usava revestimento em madeira em profusão. O quadro de instrumentos, dividido em três mostradores quadrados, era completo e o volante de quatro raios trazia a alavanca de câmbio em sua coluna. Os bancos mais se pareciam com sofás de uma ampla sala de estar.

O capô de grandes dimensões abrigava um V8 "Windsor" (apelido em alusão à cidade em que era fabricado) de 5,0 litros. Com comando de válvulas no bloco e alimentado a carburador (com opção por injeção monoponto), desenvolvia a discreta potência de 134 cv, mas o torque era de bons 32,1 m.kgf. Não era um veículo veloz: sua velocidade máxima ficava em 165 km/h, mas essa não seria uma preocupação de seus donos. Acoplada ao propulsor vinha uma caixa automática de quatro marchas. A suspensão era independente e de eixo rígido atrás, ambas com molas helicoidais. As rodas de 15 pol calçavam pneus 205/75 e os freios eram a disco, ventilado na frente.

O Town Car trazia farta conveniência para o motorista — mesmo que este muitas vezes não fosse o dono do carro. Podia receber um computador de bordo com mostrador digital que entregava, entre outras funções, autonomia e tempo estimado de viagem. Estava disponível um sistema de senha por teclas na porta do motorista, dispositivo que abria e fechava as portas e o porta-malas. O sistema teve longa vida na linha Ford em modelos como Taurus, Explorer e o atual Fusion.

O revestimento de couro granulado no teto e a iluminação da coluna central eram itens de série no Town Car básico. O teto parcialmente revestido em vinil e uma janela traseira de menor tamanho, conhecida como ópera, vinham nas séries especiais Signature Series e Cartier, mas esse requinte também podia equipar o modelo de entrada. Um terceiro revestimento, em tecido, dava uma atmosfera de conversível ao teto do grande sedã. As duas opções mais luxuosas citadas recebiam os passageiros da frente com bancos equipados com ajustes elétricos.

Com a plataforma Panther já não era possível ter os motores V8 de 400 pol³ (6,5 litros) e 460 pol³ (7,5 litros) usados no Continental. Mas um opcional interessante era o pacote para reboque de trailers, operação comum nos EUA. Incluía duplo escapamento, encurtamento do diferencial (do tipo autobloqueante) e melhoria nos sistemas de arrefecimento do motor e da transmissão, tendo em vista o esforço extra na parte mecânica. Nessa configuração o motor chegava a 162 cv e 38,7 m.kgf.

O ano de 1985 reservou surpresas discretas para o grande Lincoln. Externamente, além de um arredondamento dos quatro cantos do carro, novas disposições de luzes e pára-choques modificados completavam o conjunto. Por dentro o painel recebia acabamento preto acetinado e novo volante, com o acionamento da buzina na almofada central — antes vinha na ponta da haste da luz de direção. Apliques de madeira usados até 1984 foram suprimidos em favor da mesma tapeçaria dos assentos.

Correndo por fora   Com o downsizing pelo qual todas as marcas americanas passaram, alguns concorrentes de peso, como os Cadillacs DeVille e Fleetwood, além de perder gordura e tamanho deixaram de lado a tração traseira, exceto o Fleetwood Brougham. A Lincoln aproveitou para lançar a série publicitária "Valet", onde um manobrista tinha dificuldade em distinguir Cadillacs de modelos de outras marcas de menor prestígio, como Buick, Oldsmobile e Chevrolet. De repente aparecia um cliente pedindo o Town Car e o grande Lincoln sobressaía sobre os demais, para desespero dos concorrentes. Continua

Tanque de guerra
Muitos usuários de veículos do segmento do Town Car são importantes e influentes, como empresários e pessoas ligadas a governos. Por isso, não é surpresa que uma versão blindada de fábrica seja opção a esse público desde 2004. Com o maior nível de blindagem disponível nos EUA naquele tempo, o Town Car pesava pouco mais de três toneladas. Estava disponível também em países do Oriente Médio, um mercado pujante para esse tipo de configuração.

O modelo blindado protegia seus ocupantes de um simples tiro de calibre 38 a rifles de alta velocidade e até submetralhadoras. Seus vidros tinham 40 mm de espessura e havia a presença de diversos materiais, como aço balístico, cerâmica de grau militar e fibra de aramida. Os pneus atingidos podiam rodar até 40 quilômetros. O motor era o mesmo V8 de 4,6 litros das unidades "civis".

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