

Bolsa inflável e caixa
automática de quatro marchas estavam entre as opções; o painel de linhas
retas era rico em comandos e instrumentos |
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A Alfa teve um desafio pela frente ao lançar o modelo
no mercado de Hong Kong: a superstição daquele povo, sobre o
qual a numerologia exerce forte influência.
O número 164 para os chineses significa "caminho para a morte".
Quem dirigiria um carro com tal significado, ainda mais com
ímpeto esportivo?
De fato, as vendas iniciais foram muito baixas
e os poucos proprietários não raro retiravam o logotipo da
traseira dos carros. Assim que perceberam a gafe, os executivos
locais da marca recorreram aos italianos para que pudessem
trocar o quanto antes o nome do sedã. Essa é a origem do Alfa
168, único no mundo. A singular troca veio a calhar, já que para
eles o número 8 significa prosperidade e, assim, 168 é "caminho
para a prosperidade". |
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No
164, assim como no 75 que o recebia no mesmo ano, esse propulsor contava
com injeção eletrônica Bosch Motronic,
variador do tempo de abertura das válvulas de admissão e duas velas
por cilindro, origem do nome Twin Spark ou dupla centelha. As velas eram
iguais (na versão de 16 válvulas, que não chegaria a equipar o 164, cada
cilindro usaria duas velas de tamanhos diferentes) e disparavam sua
faísca ao mesmo tempo em cada cilindro, o que permitia melhor combustão
com menor avanço de ignição, além de permitir desenhos mais eficientes
para as câmaras de combustão.
A segunda unidade era de 1.995 cm³ com duplo comando de válvulas e
turbocompressor. O bloco de origem Fiat,
concebido por Aurelio Lampredi e em uso desde os anos 60, foi também
aplicado a modelos da Lancia como o Beta
e até ao Tempra brasileiro.
Nesta configuração entregava 175 cv e 27 m.kgf a baixas 2.500 rpm. Com
um sistema de aumento temporário de pressão (overboost), o torque
crescia para 29 m.kgf. Assim, o 164 alcançava 225 km/h. A injeção LE2 Jetronic possuía
sensor de detonação.
Depois dos motores de quatro cilindros era a vez dos tradicionais V6.
Este tinha 2.959 cm³ e era uma evolução do projeto de Giuseppe Busso
usado no Alfa 75 America e no Alfa 6. Com bloco de alumínio, comando
único em cada cabeçote e duas válvulas por cilindro, entregava 192 cv e
25 m.kgf (184 cv quando recebesse catalisador, em 1991), o suficiente
para 230 km/h. Qualidades desse motor eram a suavidade de funcionamento
e o torque em baixa, 90% dele disponíveis a 2.000 rpm. Mas fale do V6
para um alfista e você ouvirá relatos apaixonados sobre o ruído — ou
melhor, música — que ele produz ao ser acelerado ou sobre a bela
aparência dos dutos de admissão cromados assim que o capô é aberto.
Para os menos puristas havia também um turbodiesel da VM Motori, tipo de
motor com grande demanda na Itália e por isso aceitável em um Alfa. Com 2.499 cm³, desenvolvia 116 cv
e 26 m.kgf, dos quais 85% já a 1.500 rpm. Suas principais qualidades eram dimensões compactas, relativo baixo peso, manutenção
simplificada e economia de combustível.
Qualidades inatas
A tração dianteira era
uma preocupação dos fãs da Alfa, mas o comportamento dinâmico do 164
acalmou os ânimos. Mesmo não podendo "empurrar" a traseira nas curvas
mediante aplicação de potência, o motorista desfrutava um grande acerto
de suspensão e direção que deixava o carro muito preciso e controlável.
Além disso, a qualidade construtiva da marca melhorava muito, espantando
de vez os problemas de ferrugem recorrentes em modelos anteriores, como
o Alfasud e o Alfetta/GTV. Para isso, boa
parte da carroceria era galvanizada.
Continua
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