Com o Taurus a Ford deu ao consumidor americano a chance de se sentir moderno a bordo do carro da família. Os Jetsons, do desenho animado (leia boxe abaixo), se sentiriam em casa dentro dele. A frente inclinada não trazia grade: o ar entrava por uma abertura no pára-choque e por outra que rodeava o oval azul do logotipo Ford. No LX, os pára-choques de material plástico e cor distinta da carroceria portavam uma borda preta com friso cromado na parte superior. Esse padrão era mantido nas laterais, unificando toda a área inferior do carro. Retrovisores e maçanetas eram arredondados, não havia quebra-ventos e a área envidraçada era ampla.

As delgadas lanternas da perua permitiam um amplo vão de acesso ao compartimento de bagagem; este modelo 1990 já oferecia bolsa inflável e freios ABS  

As ultrapassadas faixas brancas dos pneus estavam terminantemente proibidas. No mais, as proporções eram bem tradicionais, o que contribuiu para que todo o avanço não causasse incômodo. Além do sedã, com três volumes bem definidos de forma equilibrada, a perua ganhava elegância com as finas lanternas. O Taurus estava anos-luz à frente do LTD, que ele substituía. Até seis passageiros cabiam em seu interior, dependendo do tipo de banco dianteiro escolhido. O painel era fácil de operar e os instrumentos bem distribuídos, num visual limpo e agradável. O volante embutia alguns desses comandos.

O Taurus ecoava o estrondoso sucesso do Forty-Nine, o projeto da linha Ford para 1949 que deu um salto em relação aos modelos do ano anterior. Entretanto, enquanto os modelos de 37 anos antes traduziam estilos de carros da Studebaker e da Kaiser para 1947 — com muito bom gosto, aliás — para a linha Ford, o Taurus era algo de realmente novo e à frente do tempo para os padrões de qualquer lugar do mundo. O sedã tinha 0,32 de coeficiente aerodinâmico (Cx) e a perua 0,34. Há quem aponte proporções inspiradas no Audi 100 de 1983, o que até procede, mas também esse modelo alemão parecia envelhecer ao lado do Taurus.

  Como já era habitual havia décadas, a Mercury teve sua versão também do Taurus: o Sable, aqui mostrado no modelo de 1992 a 1995

Tantas qualidades também foram coroadas pela imprensa especializada. A revista Motor Trend elegeu-o seu carro do ano de 1986, elogiando qualidade, desenho, comportamento e relação custo-benefício. A unidade avaliada pela publicação, estampada com alarde na capa da revista, encontra-se exposta no Museu Henry Ford. Vermelho, esse Taurus destoa da maioria, geralmente pintada em tons minerais metálicos. A revista Car and Driver colocou o novo Ford entre os dez melhores carros do mercado americano para aquele ano. Continua

Os Jetsons

Em meio à corrida espacial dos anos 50 e 60, a Hanna Barbera teve a idéia de criar um desenho animado que mostrasse um tradicional núcleo familiar que vivesse numa cidade espacial. A estréia nos Estados Unidos foi pela rede ABC, em 1962. A família era composta pelo casal George e Jane Jetson e seus dois filhos, a adolescente Judy e o garoto Elroy.

Ainda completavam o elenco o esperto cachorro Astro, a empregada-robô Rose e o chefe de George, Sr. Spacely. Os Jetsons eram os Flintstones do futuro. A cidade flutuava num espaço ensolarado como a Terra, os prédios pareciam pequenas pilhas de pratos e eram apoiados em finos pilares, mas nunca se via o chão que os sustentavam.

O meio de transporte mais comum eram pequenas naves do porte de um carro, com formas arredondadas e teto de vidro. Máquinas faziam de tudo, até comida. A modernidade visual era intensa e agradável. Já o núcleo familiar era o mais tradicional possível. Nada de mães com carreiras, pais divorciados, casais vivendo em casas separadas, casais gays ou inter-raciais, adolescentes grávidas, sexo sem compromisso e outras alternativas de comportamento que começariam a ser mais aceitas ainda no século 20... Afinal, era um desenho animado para crianças do início dos anos 60.

Os Jetsons, com o futuro na aparência e o passado no coração, conquistaram uma legião de fãs... assim como o Ford Taurus.
Nas pistas
Se o Taurus de rua sempre passou de ano com louvor por bom comportamento, exceto pelo rebelde SHO, o mesmo não se pode dizer do Taurus de corrida. Na verdade, seu comportamento não foi bom: foi furiosamente exemplar. Sua última temporada foi a de 2005, já que o Fusion assume o posto em 2006. A estréia do Taurus foi em 1998, ano em que substituiu nas pistas o Thunderbird. Esse primeiro projeto para as pistas seria atualizado em 2000 e 2003. Assim como nas vendas, as competições foram mais um palco em que o Taurus pôde fazer sua competência brilhar.

Seu currículo de vitórias na Nascar é invejável. Foram mais de 100 corridas válidas ganhas, de Daytona e Brickyard, em Indianápolis, a pistas curtas e trajetos de rua. Se incluirmos a Budweiser Shootout e Nextel All-Star Challenge, são 108 vitórias. O Taurus contabiliza três campeonatos Nextel Cup (Dale Jarrett em 1999, Matt Kenseth em 2003 e Kurt Busch em 2004) e um título na Nascar Busch Series, com Greg Biffle in 2002. Dale Jarrett lidera o ranking de pilotos que mais venceram a bordo de um Taurus, com 19 vitórias. Mark Martin vem em segundo, com 16.

De campeonato de construtores, foram outros três: 1999, 2000 e 2002. Ao ser anunciado o Fusion como sucessor nas pistas, o Taurus já havia vencido 15 das 35 provas da Nextel Cup deste ano. Ainda que seu desempenho no esporte fosse ruim, haveria um consolo: o Taurus vendia mais que seus rivais Chevrolet Monte Carlo, Pontiac Grand Prix e Dodge Intrepid. Juntos.

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