Outra ironia desta história é que até se cogitou batizar o novo projeto de Edsel, nome do filho do fundador da companhia, Henry Ford. O nome viria acompanhado do mote "agora é sério". Personagem fundamental na história desse fabricante, Edsel Ford teve influência decisiva em projetos de sucesso da empresa, como o Modelo A e o Lincoln Continental. No entanto, com a malsucedida divisão Edsel, que durou de 1957 a 1959, seu nome tornou-se injustamente uma piada na indústria e fora dela. Se a escolha das denominações Taurus e Sable foi acertada, Edsel Ford perdeu a chance de ter seu nome associado a um triunfo comercial.

O painel com instrumentos digitais era uma das opções para o LX, cujo câmbio automático trazia a alavanca na coluna de direção

Aplausos logo na estréia   Tecnicamente o Taurus era competente, mas não guardava nenhuma grande cavalaria montada sob o capô. Sua proposta era um desempenho racional e compatível com a classe de mercado na época. Havia dois motores disponíveis. Para os modelos de entrada, L (apenas sedã) e MT5 (sedã e perua), a Ford oferecia um quatro-cilindros de 2,5 litros, com potência máxima de 92 cv a 4.000 rpm e torque de 18,2 m.kgf a 3.000 rpm. As versões mais sofisticadas — GL e LX — traziam um V6 de 3,0 litros, 140 cv a 4.800 rpm e 22 m.kgf a 3.000 rpm. Tradicionais, ambos tinham o comando de válvulas no bloco e usavam injeção eletrônica.

A caixa de câmbio podia ser manual de cinco marchas, automática de três ou, no caso do V6, de quatro com a última sendo uma sobremarcha. Na frente, a suspensão era independente do tipo McPherson, enquanto no eixo traseiro tinha duas versões. O sedã usava o mesmo conceito da dianteira, mas a perua abdicava da coluna McPherson para colocar as molas em posição mais baixa, de modo a não prejudicar o compartimento de bagagem. Os freios dianteiros eram a disco e os pneus tinham de 14 pol, com opção por 15. Se a engenharia do Taurus agradava, seu maior trunfo era mesmo sua fina estampa.

O Thunderbird (foto), nos EUA, e o Sierra na Europa mostravam em 1983 o caminho das formas arredondadas, que o Taurus logo seguiria com êxito

A Ford já havia dado duas pistas do caminho para onde seguia com os arredondados Thunderbird de 1983 e Sierra europeu. Eles apontavam tendências que o Taurus desenvolveria plenamente. As linhas do novo sedã eram tão limpas, suaves e aerodinâmicas que qualquer carro à venda nos Estados Unidos naquele momento envelheceu pelo menos cinco anos com sua chegada. As pessoas diziam que ele havia sido desenhado como uma jujuba. Se ainda hoje, 20 anos depois, a geração de 1986 estivesse à venda, passaria tranqüilamente por um modelo contemporâneo, apesar dos modismos surgidos desde então. Continua

Para ler
Taurus: The making of the car that saved Ford - por Eric Taub, E. P. Dutton. Com 278 páginas em inglês, o livro é de 1991, quando o Taurus se preparava para sua primeira atualização mais relevante, e mostra como o modelo foi fundamental na recuperação da Ford americana. O autor aborda vários ângulos do desenvolvimento do projeto, mais voltado para aspectos administrativos, trabalhistas e políticos, mas também com um pouco da vida dos personagens que criaram o carro durante o processo.

Ford Motor Company: The first 100 years – pela Turner Publishing Company. Sem dúvida um dos protagonistas na história dos primeiros 100 anos da Ford, o Taurus não podia faltar nesse relato feito na época em que a empresa comemorou seu centenário em 2003. São 196 páginas em inglês.

Nascar Ford Taurus (Racecar Tech) - por William Burt, Specialty Press.

Tão distinto do Taurus de rua, o modelo desenvolvido para a Nascar mereceu este título escrito por Burt, que conta quais são as diferenças de motor, chassi, suspensão e direção. São informações úteis a pilotos e plastimodelistas, que nos Estados Unidos fazem dos modelos de corrida 70% do mercado de kits para montar. Tem 112 páginas em inglês.

Ford Police Cars 1932-1997 - por Edwin J. Sanow, Motorbooks International. Num papel normalmente atribuído ao Crown Victoria nos últimos 25 anos, o de viatura de polícia Ford, o Taurus mereceu um capítulo de sete páginas inteiro só dele. Embora atípico, o modelo de quatro portas é certamente mais adequado à função que o gracioso Mustang da capa, vestido de carro da lei. Em inglês, 160 páginas.

Ford Station Wagons 1929-1991 Photo History - por Paul G. McLaughlin, Iconografix. Pontuando o fim de 72 anos de história de peruas da Ford, a Taurus Wagon se destaca como uma das mais belas e bem-sucedidas formas de transportar famílias já criadas por Detroit nesse tipo de carroceria. São 120 páginas em inglês.

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