O primogênito do Modelo T

Descendente direto do carro do século 20, o Ford A
tinha a missão de reeditar um sucesso sem precedentes

Texto: Fabiano Pereira - Fotos: divulgação

Um mito automobilístico nunca é fácil de ser criado. Para alcançar tal resultado costuma-se combinar um projeto de engenharia muito bem desenvolvido, de alguma forma revolucionário, um desenho atraente e com um toque inusitado, além de uma brilhante estratégia de marketing muito ligada ao momento econômico vivido pelos mercados onde o produto é vendido.

Quando um carro consegue chegar ao topo do ranking dos mais vendidos no mundo, ao mesmo tempo em que revoluciona a indústria, tornando o automóvel, pela primeira vez, um objeto de consumo acessível às massas, temos o carro do século 20. E coube ao Modelo A substituir nada menos que o dono desse título, o Ford Modelo T.

Lançado em dezembro de 1927, o Modelo A pouco aproveitava do consagrado T. Ao lado um Sport Coupé 1928, e acima, um Cabriolet 1930

Se criar um ícone desse porte já é tão difícil, repetir a façanha é um desafio muito maior. O Modelo T era tão popular que recebia até apelidos: Tin Lizzie nos EUA (Lizzie era nome genérico de empregada doméstica nos EUA, tin, lata, daí “empregada de lata”) e Ford de Bigode no Brasil, devido às alavancas na coluna de direção para acelerador e avanço de ignição. Mas, já por volta de 1926, suas vendas tinham caído em mais de 250.000 unidades. Encalhes nas lojas eram freqüentes. O mercado pedia uma nova geração de Fords.

Aperfeiçoamentos como rodas raiadas e pneus balão não foram suficientes. A concorrência tinha avançado bastante e o Ford T continuava espartano como sempre, com seu leque de cores restrito ao preto, seus freios fracos e câmbio planetário operado pelo pé. Mas seu criador era tão fiel ao carro, que o projeto de um substituto mal engatinhava. Depois de mais de 15 milhões de unidades vendidas, em 26 de maio de 1927 o último Modelo T finalmente deixou a histórica linha de montagem desenvolvida por Henry Ford.

Eram muitas as versões, todas com o mesmo motor de quatro cilindros e 3,3 litros: ao lado o De Luxe Coupé, acima o Phaeton, ambos de 1930

Com o término da produção, 60.000 funcionários da empresa ficaram sem ter o que fazer, enquanto Henry e seu único filho Edsel discutiam como — ou mesmo se — fazer um novo carro da marca. Edsel queria fazer frente aos modernos Chevrolets da época, enquanto seu pai preferia o câmbio planetário. Por nove meses, as concessionárias Ford mais sólidas se mantiveram sem carros novos, apenas com venda de peças e serviços. Continua

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Data de publicação: 28/10/03

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