Entretanto, uma vez decidida a substituição do T, foram necessários apenas seis meses para o Modelo A chegar à produção. Aproveitando a fama da qual o nome Ford já dispunha, foi criada uma campanha publicitária interessante para revelar o carro ao público. Depois de publicarem informações secretas vazadas da Ford, os jornais divulgaram os anúncios do novo carro a prestações. Foram cinco dias seguidos, sendo que no último ele foi finalmente apresentado com fotos, em 2 de dezembro de 1927, como modelo 1928.

O Modelo A De Luxe Sedan em um anúncio que destacava sua facilidade de condução pelas mulheres: sinal dos tempos

O Modelo A tinha o mesmo nome do primeiro carro da marca, de 1903. Sinal dos tempos, era mais complexo que o T: tinha 6.800 peças, enquanto o outro comportava cerca de 5.000. Cem milhões de dólares foram gastos no projeto e na reaparelhagem das fábricas, soma espantosa para a época (mais de US$ 1 bilhão hoje). Prevaleceu a visão mais aberta a mudanças de Edsel. Pouco se aproveitou da mecânica do T, como os feixes de molas transversais. Com 40 cv a 2.300 rpm, o motor de quatro cilindros, 3,3 litros e válvulas laterais dobrava a potência do 2,9-litros de seu antecessor.

Para apagar a má fama dos freios do T, ativados apenas nas rodas traseiras, o Modelo A trazia um sistema que operava nas quatro. O câmbio de três marchas com engrenagens deslizantes, de alavanca no assoalho, substituía a caixa planetária de duas, operada pelo pé. Já a aceleração passava a ser por pedal, aposentando o sistema de alavanca abaixo da direção. A velocidade máxima chegava a 105 km/h, bem mais que os 70 km/h do T.

Os nomes Tudor Sedan (acima) e Fordor (ao lado) eram corruptelas de two-door e four-door, ou duas-portas e quatro-portas

Os instrumentos do painel, com velocímetro, medidor de gasolina e óleo, ganhavam iluminação. No conjunto também vieram baterias convencionais, ignição com uso de bateria e bobina, no lugar do magneto montado no volante do motor, e amortecedores hidráulicos de dupla ação, sendo as molas dianteiras semi-elíticas longitudinais e a traseira do mesmo tipo, só que na transversal. De série vinha com as cinco rodas raiadas de aço, espelho retrovisor, limpador de pára-brisa, lanterna e luz de freio, ferramentas e pistola de lubrificação a pressão.

Eram sete tipos de carroceria disponíveis em quatro cores, com preços entre 385 e 570 dólares. Entre elas havia o Tudor Sedan e o Fordor, ambos com nomes baseados no número de portas: duas para o Tudor (corruptela de two-door) e quatro para o Fordor, que misturava four-door com o nome do fabricante. Também no catálogo estavam Roadster, Phaeton, Coupé e Sport Coupé com "banco de sogra", bem vendido.

As luxuosas versões Victoria Coupé (ao lado) e Town Sedan foram as últimas adicionadas à linha, mas o Modelo A não resistiu à queda da bolsa e à expectativa pelo Ford V8

O ano de 1929 trouxe novas versões de carroceria, como o Town Sedan, Cabriolet e o elegante Town Car, com o compartimento de motorista aberto criado por Edsel. Apesar da queda da Bolsa de Nova York em 29 de outubro, a Ford passou à liderança do mercado americano. Em 1930, o A ganhava pára-choques mais baixos e largos, pneus menores e capô mais alto. No ano seguinte, as versões Town Sedan e Victoria Coupé eram as últimas inclusões na linha. Mas toda a evolução promovida pela Ford não passaria ilesa pela realidade econômica da época.

O Modelo A vendeu 607 mil unidades em 1928, 1,5 milhão em 1929, 1,1 milhão em 1930 e, sob efeito da Grande Depressão, 615 mil até o último em novembro de 1931. Desde 1930 já era aguardado para breve o lançamento do novo motor V8, que viria a ser outro grande sucesso da marca. Foram apenas quatro anos, mas o Modelo A cumpriu seu objetivo: substituiu um carro de singular importância, dando continuidade a uma história fascinante que já dura 100 anos.

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