Esportivo de alma conservadora

Com o musculoso GS, a General Motors tentou rejuvenescer a
imagem da Buick e aumentar sua participação no mercado

Texto: Marcelo Ramos - Fotos: divulgação

O ano de 1964 se tornou um marco na história da indústria americana por dois motivos. O primeiro foi o lançamento do Ford Mustang, que se tornou um dos mais afamados carros dos Estados Unidos. O outro coube à Pontiac, divisão da General Motors, ao lançar o GTO, que deu início à era dos chamados muscle cars, os "carros musculosos", de relação peso-potência baixa e desempenho exuberante. Era uma versão esportiva do Tempest, com um potente motor V8 de 6,0 litros e 325 cv (potência bruta, como todas as deste artigo, salvo menção em contrário). Era destinado ao público jovem, que buscava modelos menos "caretas", de baixo preço mas com grande desempenho.

Após fechar o ano com 32 mil unidades do GTO comercializadas, a GM resolveu expandir sua gama de ofertas, pondo Chevrolet e Buick na corrida. O lançamento da Ford já havia se tornado um fenômeno de vendas, com 126 mil unidades comercializadas entre abril e dezembro. Para a marca da gravata-borboleta havia o Malibu e o Chevelle, que ocupavam a mesma categoria do Tempest.

O primeiro Skylark Gran Sport, ou GS, em 1965: uma versão mais potente para o modelo médio da Buick, com o mesmo motor V8 de 6,5 litros e 325 cv do Pontiac GTO

Já para a Buick foi lançada a versão GS (Gran Sport) do Skylark. Dentro da proposta de motor grande em carro médio – para os padrões locais, é claro –, foi usado um V8 de 400 pol³ (6,5 litros), o chamado Wildcat 445 (valor de seu torque em libras-pé, que correspondia a 61,5 m.kgf), capaz de gerar os mesmos 325 cv do GTO. Esse motor também era conhecido como nail head engine ou "motor cabeça-de-prego", devido ao descomunal tamanho das válvulas.

Assim equipado, era capaz de acelerar de 0 a 96 km/h em apenas 7,8 segundos e completar o quarto de milha (0 a 402 metros) em 16,6 s. Esse desempenho podia variar conforme a opção entre nada menos que seis relações de diferencial – de 2,78:1 a 4,30:1 –, que alteravam bastante seu desempenho. O GS trazia ainda pneus 7,75-14, diferencial autobloqueante (com as relações mais curtas) e suspensão redimensionada, com calibração mais firme de molas, amortecedores e estabilizador dianteiro. O estabilizador traseiro, assim como flexíveis metálicos para os freios, era disponível nas concessionárias.

"Você não coloca o Wildcat V8 em qualquer gaiola", provoca a publicidade, destacando que o potente motor era acompanhado por uma revisão de suspensão, freios, pneus e transmissão do Skylark

O GS tinha um desenho limpo, com linhas retas, assim como o Chevelle e o Tempest. Vinha equipado com conjunto ótico duplo, pára-choques e grades cromadas, capô proeminente e molduras nas laterais. Naquela época os carros tinham estilo bastante extravagante, com grandes vincos e cantos vivos, mas o GS era sóbrio para um modelo de sua proposta.

O interior era espartano, com um banco inteiriço de encosto baixo, com apoio central de braço, e opção pelos individuais com bastante apoio lateral. Diante do motorista, o volante de três raios e um exagerado velocímetro retangular, com mostrador na horizontal, que tomava quase todo o painel. Um pequeno conta-giros era opcional. Era mais despojado que a versão básica do Skylark, o que combinava com suas pretensões. Oferecidos nas versões cupê com teto de vinil e conversível, o Skylark vendeu cerca de 16 mil unidades em 1965. Nada mal para uma marca que, até então, tinha como principal foco o público de maior idade e pouco apelo esportivo.
Continua

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Data de publicação: 2/10/04

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