Seria impossível relacionar aqui todas as empresas que
transformaram o F-1000 (assim como seus concorrentes da
Chevrolet) em cabine dupla, perua ou simplesmente o equiparam ao
gosto do cliente. Mas algumas marcas, sem dúvida, se destacaram,
como Demec, Engerauto, Furglass, Sidcar, SR, Sulam e Walk.

A Furglass, empresa de Guarulhos, SP, produziu por muitos anos
na década de 80 o Furglaine (foto), espécie de van de grande
porte, quase um microônibus. Com base no chassi dos picapes
F-100 e F-1000 ou do caminhão leve F-4000, tinha porta lateral
corrediça, três fileiras de bancos (2+2+3 lugares) e itens de
conforto como ar-condicionado, revestimento de couro e luxuoso
acabamento.
A SR Veículos Especiais, empresa do grupo Souza Ramos,
concessionária Ford e que em 1997 criaria a Mitsubishi Motors do
Brasil, apresentou em 1986 uma linha de cabines-duplas com
surpreendente leveza de estilo. A receita foi utilizar o
conjunto de faróis e luzes de direção do Del Rey, que se adaptou
de forma feliz às linhas antes truculentas do F-1000. |
No ano seguinte a linha passava a incluir uma versão de quatro
portas, algo que a GM já oferecia de fábrica, mas a Ford nunca
disponibilizou para esse picape.
A mesma SR deu um passo adiante ainda em 1987. Com base no
chassi e na mecânica do F-1000, e utilizando uma carroceria de
plástico reforçado com fibra-de-vidro, lançou o Ibiza, veículo
de proposta similar à do Furglaine, mas de linhas arredondadas.
Com 5,5 metros de comprimento e 2,5 m de altura, pesava 2,5
toneladas e oferecia relativo conforto — mas tudo isso tinha de
ser arrastado pelo modesto motor diesel, sem turbo.
Pé grande
Se fazem tanto sucesso nos Estados Unidos, em exibições nas
quais passam por cima de carros velhos, por que não criar um no
Brasil? A SR veículos Especiais levou a idéia adiante e
apresentou, no Salão do Automóvel de 1988, o Big Foot, um enorme
veículo com chassi de caminhão (Ford Cargo 1418), pneus de
trator e carroceria de um F-1000 transformado em perua.
O "pé grande" (tradução do nome, que nos EUA designa esse tipo
de veículo) era exagerado em tudo: media quatro metros de
altura, pesava sete toneladas e usava pneus de 1,70 metro de
diâmetro, com peso de 400 kg cada um. Pintado em amarelo,
laranja e vermelho — como se fosse preciso para chamar a atenção
—, tinha cinco amortecedores na cor verde-limão em cada roda,
mas apenas um realmente ligado à suspensão. E não fazia curvas,
por falta de espaço para esterçar os imensos "pés" junto ao
chassi. |