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Carros do Passado

Os valentes da GM

A série 10/20 cumpriu bons serviços e ajudou a fazer
dos picapes melhores opções para utilização urbana

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Os utilitários estão intimamente ligados à história da General Motors do Brasil: foi um furgão o primeiro veículo montado no País, no bairro paulistano do Ipiranga, pela Companhia Geral de Motores do Brasil S.A., como fora registrada a empresa em 26 de janeiro de 1925. No início de 1956, com a criação do GEIA, Grupo Executivo da Indústria Automobilística, pelo presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, para incentivar e ordenar a implementação da indústria automobilística brasileira, foram picapes e caminhões que a GM ficou encarregada de produzir, com elevado conteúdo nacional.

Duas décadas após seu lançamento como C-14, em 1964, o picape -- ou a camioneta, diminutivo de caminhão, já que o termo aportuguesado para o inglês pickup ainda era pouco utilizado por aqui -- C-10 apresentava clara defasagem de estilo diante do concorrente direto da Ford, o F-100/F-1000. Os utilitários conquistavam cada vez mais usuários urbanos, que não abriam mão de certo conforto no interior e na rodagem. Era preciso atendê-los com algo bem mais moderno.

Lançado em 1964, o C-14 (depois C-10) perdeu atualidade com a renovação do concorrente F-100 na década de 70. A GM precisava atualizar sua linha de picapes pesados

Em maio de 1985 a GMB introduzia a nova série 10/20, composta pelos modelos A-10, C-10, A-20, C-20 e D-20, em acabamentos básico e Custom. A letra identificava o combustível, álcool para A, gasolina para C (sem uma razão, a não ser o fato de que a letra era usada no C-14 e C-10 desde quando esse combustível era o único) e diesel para D. O número referia-se à capacidade de carga aproximada em libras, em torno de 600 kg para a série 10 (1.000 lb) e de 1.100 kg para a série 20 (2.000 lb) -- a única com versão a diesel, dada a exigência de capacidade de 1.000 kg pela legislação para o uso desse combustível.

Seu estilo impressionava bem, com predomínio de linhas retas, pára-brisa mais inclinado do que o usual, capô em forma de cunha e agradável equilíbrio de proporções -- a não ser na enorme versão de caçamba longa. Os faróis e as luzes de direção dianteiras eram os mesmos do Opala, enquanto as lanternas traseiras separavam, pela primeira vez no segmento, as funções de posição/freio, de direção e de ré. No teto podia vir uma espécie de alçapão, que se erguia para melhorar a ventilação interna.

Chega a série 10/20, em 1985: linhas retas, faróis emprestados do Opala, estilo moderno e atraente. A mecânica não trazia inovações, mas o picape estava bem mais confortável

A nova série representava um largo passo também por dentro, com acabamento bem-cuidado e banco dividido em 60/40, sendo a parte do motorista reclinável e ajustável em altura. Surgiam espaços para pequenos objetos e a ventilação oferecia quatro velocidades. O painel era típico de automóvel, com sua conformação envolvente, voltada ao motorista, e seis módulos para os instrumentos.

Dentro do conta-giros do D-20 havia o horímetro, um medidor de horas de funcionamento do motor, considerando uma hora como 100 mil rotações do virabrequim (o que ocorre a 1.600 rpm). O objetivo era mensurar com maior precisão o período de utilização (para trocas de óleo, por exemplo) em condições severas, com funcionamento quase ininterrupto mesmo com o veículo parado.
Continua

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Data de publicação deste artigo: 28/12/02

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