> A exemplo do Accord
trazido dos EUA, o CR-V vem do México
com motor diferente do usado por lá. Como no Brasil a alíquota
de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobe muito
acima do limiar de 2.000 cm³, a Honda optou por
substituir, já na geração anterior, a unidade
K24Z de 2,4 litros pela R20A de 2,0 litros. Enquanto a série K
abrange o 2,0-litros do Civic Si, a linha R é a mesma do Civic
1,8. Tanto uma quanto outra usam
comando de válvulas variável, que atua sobre o tempo de
abertura e o levantamento das válvulas, e bloco de alumínio.
> No Tiguan está a unidade EA-113 bem conhecida do grupo VW-Audi,
de certo modo originária do AP-2000 que tivemos em Gol, Santana
e outros — diâmetro de cilindros e curso de pistões ainda são os
mesmos, mas o bloco não mais, pois a unidade com turbo chega a
obter 272 cv em sua aplicação mais vigorosa, a do Audi TT-S.
Se recorre a um tradicional bloco de ferro fundido (mais pesado
e menos eficiente em dissipar calor que o de alumínio) e não tem
variação do comando de válvulas, por outro lado o motor VW usa
turbo, resfriador de ar e injeção direta. Isso explica a
potência específica bem mais
alta, de 100,8 contra 75,1 cv/litro, e o torque máximo presente
em ampla faixa de rotações, característica dos modernos motores
com controle eletrônico da pressão de turbo. |
A injeção direta, contudo,
vem ao Brasil com a função de mistura estratificada (que admite
mais ar do que o usual em certas condições, para maior economia)
não atuante, por causa do maior índice de enxofre da gasolina
local.
> O princípio de funcionamento da tração integral é similar
entre os
dois utilitários. Em condições normais de aderência, são carros
de tração dianteira, pois tal eixo recebe 100% do torque, no
CR-V, ou 90% dele no Tiguan. Quando essas rodas começam a perder contato
com o solo, o torque passa a ser enviado também às traseiras (em
até 100%),
repartição que cessa quando a aderência da frente for
recuperada.
Não se trata, portanto, de uma tração integral permanente como a
da linha Audi de motor longitudinal (A3 e TT ficam de fora, pois
usam o mesmo sistema do Tiguan) ou a do Toyota RAV4. Em
nenhum deles há caixa de transferência (reduzida).
> Se o conceito de suspensão dianteira é o mesmo McPherson em
ambos, a traseira se diferencia. O CR-V usa braços sobrepostos,
como o Civic de que deriva, e o Tiguan tem um conceito
multibraço, a exemplo da linha Golf na qual se baseia. Nesses
dois casos não foi preciso desenvolver suspensões específicas em
função da tração integral, ao contrário do ocorrido no nacional
Ford EcoSport, cuja versão 4WD abandonou o eixo de torção em
favor do sistema multibraço.
Saiba mais sobre os tipos de suspensão. |