O Ka, assim como o Renault Twingo, é um carro homologado para quatro pessoas: este é o primeiro ponto que deve ficar claro na comparação de espaço. Assim como o Celta, é adequado para dois adultos na frente e dois de pequena estatura atrás, mas o GM é mais amplo para pernas e cabeças e pode, ainda, levar uma criança no centro deste banco. Como em nenhum os assentos dianteiros correm para a frente, não se espere muito conforto no acesso ao banco de trás.

Em porta-malas o Ford sai novamente em desvantagem: são apenas 186 litros (que aumentam um pouco com o banco mais vertical), bem menos que os razoáveis 260 do GM. O estepe do Ka vem por baixo do compartimento, sendo mais difícil verificar sua pressão, mas facilitando o uso se houver bagagem; no Celta fica por dentro. O banco traseiro do Ford é bipartido (50/50), ao contrário do oponente, mas eles empatam no acabamento do porta-malas: extremamente pobre.

Mecânica, comportamento e segurança   O motor do Celta é o conhecido 1,0-litro da chamada Família I, que a GM usa desde 1994 no Corsa Wind -- à época, ainda com injeção monoponto. O do Ka é bem mais moderno: o Zetec Rocam lançado em 1999, um projeto nacional que trouxe ao Brasil o acionamento indireto das válvulas com roletes, hoje empregado também em motores Volkswagen e Renault.

Esse recurso permite maiores potência e torque ao Ford: 65 cv e 8,9 m.kgf, contra 60 cv e 8,3 m.kgf do GM. Como o Celta pesa 50 kg a menos, as diferenças não são grandes no uso cotidiano. Ambos trabalham com poucas vibrações, mas os carros são ruidosos em velocidade de viagem, devido às relações de marcha curtas (mais no Ford) e ao pouco emprego de material absorvente -- no GM piora sem o ar-condicionado opcional.

Pelos dados do fabricante o Ka é melhor em velocidade máxima, 157 contra 151 km/h, empatando na aceleração de 0 a 100 km/h -- 15,4 s, ante 15,5 s do Celta. São marcas adequadas aos motores e mostram a boa disposição desses carrinhos no tráfego, desde que descarregados e sem usar o ar-condicionado. Com quatro pessoas e o ar ligado as coisas mudam bastante.

Baixo consumo é algo que se espera destes modelos, e os índices declarados apontam que eles não decepcionam: na cidade, 14,2 km/l o Ka e 12,9 km/l o Celta; na estrada, 18,7 km/l e 18 km/l, na mesma ordem. Como dito acima, o acréscimo de peso e o uso do ar-condicionado influenciam muito nesses números, assim como a velocidade: em viagem à média de 130/140 km/h, com ar ligado e apenas o motorista, não conseguimos mais de 9 km/l com o Ka.

Os dois carros possuem comando preciso do câmbio, com vantagem para o Ford pela embreagem de acionamento hidráulico (saiba mais sobre técnica) e o engate fácil da marcha a ré, como se fosse uma sexta marcha (no GM é preciso puxar um anel-trava, pois sua posição é a mesma da primeira). Os freios são eficientes, mesmo sem discos ventilados à frente, mas só o Ka pode vir com direção assistida, item de conforto que muitos desejam hoje, mesmo no segmento 1,0-litro.

Embora menos pesada que a do Corsa, não há como comparar a do Celta à assistida do oponente, tanto em peso quando em rapidez de respostas. A GM anunciava esse opcional no lançamento do carro, mas apenas algumas concessionárias o instalam, a custo inaceitável (cerca de R$ 1.700) e sem a garantia do fabricante. Continua