 
Interior do Xsara é mais
sofisticado e traz boas soluções como o porta-objetos
das
portas, mas estas deveriam ser revestidas em couro e não
em tecido
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Nos dois modelos os assentos dianteiros (só o direito no
Alfa) deslocam-se para facilitar o acesso ao banco
traseiro, retornando à posição anterior de regulagem,
o que ainda não ocorre no Astra. Mas o revestimento em
couro do Xsara esfrega-se na estrutura do banco e
dificulta rebater o encosto, descuido surpreendente do
fabricante. O espaço atrás, mesmo pouco importante num
esportivo, é melhor sobretudo para a cabeça no 145, que
também tem saídas traseiras de ar-condicionado. O
concorrente retruca com porta-malas visivelmente maior e
dotado de três cintas elásticas e uma rede para prender
objetos, além de cobertura mais rígida. O estepe fica
sob o assoalho, como manda a tradição francesa. No
italiano está dentro do porta-malas e exigiu enchimento
de espuma para nivelar o piso, pois na Europa adota-se
pneu de emergência mais estreito.
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Difusores de ar redondos, maçanetas
cromadas, janelas mais baixas à frente e o
emblema que oculta a fechadura da porta traseira: estilo
e criatividade no 145
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Alma de esportivos
As duas
marcas recorreram a motores de 2 litros, duplo comando e
16 válvulas, mas as semelhanças ficam por aí. No Alfa
há variador de fase no comando das válvulas de admissão
e duas velas por cilindro, origem do nome Twin Spark,
ou dupla centelha (clique aqui para saber mais sobre técnica). Duas árvores contra-rotativas
anulam vibrações. O resultado são 150 cv e 18,9 mkgf,
torque este atingido a 4.000 rpm.
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Motor
do Alfa incorpora mais tecnologia, mas ainda deve torque
em baixa rotação
Com bloco também em alumínio -- só o cabeçote no Alfa
--, o motor do Xsara é ainda mais brilhante. Sem
recorrer a comando variável a Citroën obteve 167 cv de
potência (83,6 cv/litro!) e torque de 20,1 mkgf a 5.500
rpm, dos quais 89% estão disponíveis já a 2.000 giros,
segundo a marca. Ambos trazem revestimento fonoabsorvente
sob o capô, mas só o do VTS é sustentado por molas a gás.
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O
2-litros do Citroën, todo de alumínio, é 17 cv mais
potente e "empurra" bem em qualquer regime
Rodando com os carros percebe-se claramente o
comportamento mais agressivo do 145, com o ronco elevado
do escapamento convidando o motorista a pisar fundo, em
oposição à resposta suave do Xsara, que não permite
antever o verdadeiro canhão escondido sob o capô.
A engenharia da PSA (Peugeot e Citroën) merece parabéns
pelo compromisso obtido neste motor, com bom torque para
uso normal entre 1.500 e 2.000 rpm. Mas ambos são
isentos de vibrações e atingem cerca de 7.300 giros na
rotação de corte, quando o desempenho efetivamente
entusiasma. Acelerar qualquer um deles através das
marchas é puro prazer -- e muito arriscado com as
avenidas e estradas repletas de radares...
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Porta traseira do 145 avança
sobre o teto e não ergue a cobertura divisória; Xsara
tem porta-malas maior, rede e cintas elásticas para
segurar objetos
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Colabora em ambos o bom comando de câmbio, em que a ré
não impõe travas desnecessárias, mas a embreagem do
Alfa pareceu pouco resistente. Relações de marcha são
próximas entre si (close ratio) nos dois,
resultando em regime algo elevado em velocidades de
viagem: cerca de 3.500 rpm no francês e 4.000 no
italiano a 120 km/h. Há diferença importante no nível
de ruído, mais baixo no Citroën, mas seu teto solar
carece de defletor mais eficiente para eliminar incômodo
barulho de vento, tanto aberto quanto basculado, a partir
de 100 km/h. Não se pôde analisar o do 145, ausente da
unidade avaliada.
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Ronco esportivo do Quadrifoglio
convida a acelerar através das marchas, mas
a saída de traseira em curvas exige mais habilidade do
motorista
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Números de fábrica não são ideais para comparação,
mas a sensação ao dirigir não deixa dúvidas da
vantagem do VTS em desempenho. A marca promete 225 km/h
de máxima e 0-100 em 6,9 segundos, contra 210 km/h e 9
segundos do Quadrifoglio. Ambos alegam bons índices de
consumo, até 14 km/l na estrada, mas obtê-los implica
bastante serenidade... Em uso esportivo o ponteiro do
marcador de combustível desce com rapidez.
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Estabilidade
do VTS surpreende: eixo autodirecional coloca a traseira
onde se deseja e permite contornar curvas com grande
rapidez
A alma esportiva fica bem evidente no conjunto mecânico
dos carros. Agrada a baixa relação de direção, com 2,1
voltas entre batentes no Alfa e 2,4 no Citroën, mas
ambos são passíveis de críticas: no 145 as rodas esterçam
pouco (haveria limitação da caixa para evitar vazamento
de fluido e risco de incêndio, como ocorreu no primo
Tipo?), exigindo manobras em ruas onde outros modelos
fariam retorno, e no Xsara o esforço exigido pelo
volante está acima do normal. Em compensação são
precisas em velocidade.
Freios potentes, dotados de discos nas quatro rodas e
antitravamento, garantem segurança em ambos, mas modular
a pressão para evitar atuação do ABS -- sempre
inconveniente no uso esportivo pela vibração
transmitida ao pedal -- revela-se mais fácil no VTS.
Contribuem, claro, os excelentes pneus Michelin frente
aos apenas bons Goodyear do 145 avaliado.
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Desempenho
do carro francês promete: 0 a 100 km/h em 6,9 segundos,
contra 9 segundos do italiano
O esquema de suspensão é algo semelhante, com McPherson
à frente e braço arrastado atrás, mas só o Xsara dispõe
de efeito autodirecional no eixo traseiro. A roda externa
à curva assume posição convergente sob carga,
prevenindo saídas de traseira. Na prática, porém, o
VTS sobresterça (sai de traseira) de início para logo
assumir a trajetória prevista. É comum ziguezaguear com
o volante nas curvas rápidas até se acostumar com a
atuação do sistema, mas em alguns minutos o motorista
se vê confiante, contornando curvas em velocidade
espantosa e colocando a traseira onde desejar através do
volante. Verdadeira terapia antiestresse para os que
apreciam!
O 145 não decepciona, mas requer maior perícia para ser
desfrutado. Saídas de traseira são mais difíceis de
controlar e ocorrem quando se corta a aceleração em
curvas, comportamento pouco desejável pelo motorista médio.
O limite em curvas também chega mais cedo que no
concorrente. Ambos ficam devendo em conforto e absorção
de irregularidades, no que se mostram pouco adaptados a
nosso padrão viário. Experimentou-se menor pressão nos
pneus (de 3 a 4 lb/pol2) e o resultado foi razoável no
Alfa, mas inócuo no Citroën pela suspensão bastante
dura.
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Propostas de estilo diferentes
para o mesmo tipo de usuário -- mas o Xsara oferece
mais equipamentos e projeto mais moderno por preço pouco
superior
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Onde o Xsara se destaca é na relação equipamentos vs.
preço. Custa US$ 36,7 mil em pacote completo, incluindo
quatro bolsas infláveis (duas laterais incorporadas aos
bancos), revestimento em couro e teto solar elétrico. O
único opcional, pintura perolizada, acresce US$ 790.
Freios antitravamento, rádio/toca-fitas e ar-condicionado
automático são de série nos dois. O 145 parte de US$
35,9 mil, mas cobra a mais por bolsas infláveis frontais
(não oferece as laterais), teto solar elétrico, bancos
esportivos e pintura metálica, que o levam a US$ 40,2
mil. Uma diferença significativa para um carro menos
potente e de projeto mais antigo, decidindo a briga deste
comparativo em favor do modelo francês. O Quadrifoglio,
literalmente, levou couro do VTS -- e não só o
couro.
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