



Grandes mudanças na frente
(talvez não para melhor), lateral sem vinco e novas lanternas traseiras:
tentativa de rejuvenescer um velho projeto |
Quinze anos. Essa idade é mágica para as adolescentes e, por que não,
para suas mães também. As que nasceram em 1994 hoje estão felizes da
vida em completar essa idade mágica, muitas vezes com direito a Baile de
Debutantes. No caso do Ranger — lançado aqui no Salão do Automóvel de
1994, portanto há quase 15 anos —, sua "mãe", a Ford, está feliz e
preparou para o picape uma ampla remodelação visual. Uma cirurgia
plástica para uma apresentação mais moderna de seu visual.
Diferente do que acontece com as pessoas, 15 anos no mundo
automobilístico pesam bastante e exigem mudanças no corpo um tanto
radicais. E a Ford sabe disso. Além de tentar rejuvenescer o conhecido
Ranger enquanto não chega a nova geração, a fábrica reduziu preços e
criou novas versões para manter o utilitário competitivo no mercado, uma
vez que sua participação — ainda que esteja dentro do que a Ford
programa — vem caindo.
Para tanto, o ponto em que mais se mexeu foi a dianteira. Com novos
faróis, para-choque, para-lamas, grade e capô, o aspecto frontal do
Ranger foi todo refeito. Os faróis estão instalados no extremo superior
da frente, ladeando uma grade que busca referência no
F-250, com elementos
entrelaçados nas extremidades. Logo abaixo desse conjunto há uma grande
peça de plástico que demonstra o objetivo de deixar a frente mais alta e
imponente. Tal peça é um elemento a ser revisto, pois além de ser
exagerada vem sempre em preto fosco. Nas versões mais luxuosas ela cria
um aspecto estranho, pois o para-choque e a grade são cromados e a peça
destoa do conjunto.
A Ford divulga que os faróis trazem nova tecnologia no refletor de facho
baixo. Um anteparo de plástico injetado tem como função proporcionar
maior alcance e abertura do facho e maior uniformidade da dispersão da
luz. A lateral perdeu os vincos na carroceria, para um aspecto mais
limpo, e ganhou novas maçanetas (as mesmas do EcoSport) e retrovisores.
As maçanetas visam à facilidade de abertura das portas e também a um
aspecto mais jovem, já que as antigas tinham desenho em desuso. A
traseira traz lanternas interessantes, maiores que as antigas e com
fundo cromado, como antes existia no Fusion.
Esta é a primeira vez nos 15 anos do Ranger em que o modelo argentino
ganha desenho próprio, sem vínculo ao norte-americano — mesmo a
reforma de 2004, anunciada como um
trabalho da Ford brasileira, apenas o deixara similar ao feito nos EUA.
Também não há muita semelhança com o moderno modelo tailandês, que é de
projeto diferente. As formas são bem distintas e a versão feita lá nos
parece mais harmoniosa (leia boxe abaixo).
O problema é que o Ranger traz formas de um produto da década passada e
fazê-lo casar com os novos conceitos de desenho é algo difícil. Pode-se
afirmar que o modelo anterior era mais coerente que o atual. A única
parte que não fica a dever nesse aspecto é a traseira, pois comportava
lanternas maiores como as instaladas agora. Vendo o picape ao vivo as
linhas parecem mais agradáveis do que em fotos, mas não é possível
afirmar que haja harmonia entre elas. No mais, o Ranger continua o
mesmo. Sua cabine recebeu acabamento sempre preto (uma incoerência em um
país tropical), a seção central do painel agora é prateada e o quadro de
instrumentos tem novo grafismo.
Continua |