Sem alterações externas além
do logotipo Flex, o Focus ganhou 3 cv com álcool e melhorou no comando
de embreagem, antes criticado |
Uma das grandes queixas de quem cogitava o Ford Focus entre suas opções
de carro médio chegou ao fim. Depois de longa espera, a Ford apresenta o
modelo com motor Duratec de 2,0 litros flexível, com opção de caixas
manual e automática, carrocerias sedã e hatch e acabamentos GLX e Ghia.
Somadas à GL e à GLX com motor
Sigma 1,6, lançadas em dezembro, essas versões deixam a linha Focus
"flexibilizada" por inteiro, sendo uma das últimas do segmento. Além da
nova matriz de combustível, o carro recebeu pequenas mudanças internas e
mecânicas, mas manteve as características externas da segunda geração
lançada em 2008, que — apesar de já ter seu sucessor conhecido no
exterior — continua um dos modelos mais modernos da categoria. Boa
surpresa foi uma redução de 3% no preço final (ajudada pelo menor IPI
vigente até este mês) em relação às versões a
gasolina, que saem do mercado.
O grande atrativo da novidade, claro, está no motor Duratec feito no
México, de 16 válvulas e dotado de coletor
de admissão com geometria variável, já presente no modelo 2009.
Com gasolina ele desenvolve potência máxima de 142,9 cv a
6.250 rpm, enquanto com etanol chega a 148,3 cv no mesmo regime, ante
145 cv a 6.000 rpm do anterior a gasolina. Mais do que os 3 cv, a
grande conquista foi uma distribuição mais plana do torque. O máximo
passou de 18,9 m.kgf a 4.500 rpm para 18,8 m.kgf a 4.250 rpm
(gasolina) e 19,5 m.kgf a 5.250 rpm (álcool). Se não parece muito, o
ganho na faixa de 1.000 a 2.500 rpm foi de 10%. Trata-se de um
motor de concepção moderna, todo feito de alumínio, o que o deixa leve
(110 kg). O trabalho de apoio do motor na estrutura, por meio de
eficientes coxins, foi tão desenvolvido que chega a ser difícil perceber
se está ligado em marcha-lenta. Alguém poderia perguntar por que
não usar simplesmente o motor 2,0 flexível do
EcoSport, lançado em 2008. A Ford
explica que a versão usada desde aquela época no Focus, a
Duratec HE, exigia calibração específica por causa do coletor variável.
Em termos de desempenho, a nova versão movida a etanol não chega a abrir
distância de quando abastecida com gasolina. São diferenças
desprezíveis: segundo dados da Ford, a aceleração de 0 a 100 km/h na
versão de câmbio manual leva 10,4 segundos com álcool e 10,5 com
gasolina, ante 10,4 s do antigo modelo de 145 cv. A velocidade máxima,
antes de 204 km/h, aumentou só para 205 km/h com etanol e se manteve com
gasolina. Com a caixa automática de quatro marchas opcional a situação
não é muito diferente (veja
os índices de desempenho e consumo). O que mudou — e muito — foi o
conjunto de câmbio/embreagem da versão manual. Batizada de IB5 Plus, a
nova caixa de cinco marchas fabricada em Taubaté, SP é 7 kg mais leve do
que a MTX anterior importada da Europa, o que reduziu muito a inércia e
permitiu aliviar em até 15% o esforço pelo motorista no pedal da
embreagem, ponto crítico do Focus anterior. Um retrocesso foi a marcha à
ré não ser mais sincronizada.
Do lado de fora fica difícil identificar alguma alteração, a não ser o
discreto logotipo Flex na base do vidro traseiro. Continua a linha
baseada no conceito Kinetic (do grego, cinética ou movimento), que busca
a sensação de o carro estar em movimento, mesmo estacionado. As
novidades estão apenas nos faróis de neblina também na versão GLX, pois
eram restritos ao Ghia. Da mesma forma, por dentro o GLX ganhou o quinto
encosto de cabeça e o volante com revestimento em couro e apliques em
tom prata, que já vinham no Ghia e na versão 1,6.
Continua |