



"Quadrado arredondado", ou com
cantos curvos, é o conceito de estilo presente em todo o novo Uno -- que
a Fiat diz ter atendido a pesquisas


O interior revela acabamento
adequado, posição de dirigir agradável e difusores de ar elevados, mas
no painel o conta-giros é muito pequeno |
A Fiat mantinha a incômoda posição, sobretudo para uma empresa líder de
mercado, como fabricante há mais tempo sem carros novos no segmento de
entrada. O Mille lançado em 1984 como Uno e o Palio de 1996, apesar das
renovações, não ocultavam a idade quando confrontados a modelos mais
modernos como Gol, Fox, Fiesta e Corsa. Era preciso trazer algo
realmente novo à categoria e, para essa missão, foi retomado o
carismático nome Uno — que desapareceu dos logotipos em 1993, mas ainda
é usado por muitos ao se referirem ao Mille.
O novo Uno resulta de investimento total, do primeiro esboço ao
lançamento, de 600 milhões de dólares. A intenção da Fiat é vender 12
mil unidades ao mês, com previsível competição interna com Mille e
Palio, mas aumentando a participação total da fábrica no segmento.
Exportação de 20% do total produzido para a América Latina — México
inclusive — está nos planos. Já à venda, ele de início está
disponível apenas com cinco portas e os seguintes preços sugeridos:
versão Vivace com motor de 1,0 litro, R$ 27.350; Way 1,0, R$ 28.490;
Attractive 1,4, R$ 31.080; e Way 1,4, R$ 31.870. Em junho chegam as
versões de três portas com valores mais baixos: Vivace 1,0, R$ 25.550;
Way 1,0, R$ 26.690; Attractive 1,4, R$ 29.280; e Way 1,4, R$ 30.070. A
garantia é de um ano com revisões anuais ou a cada 15 mil quilômetros.
Os equipamentos de série são escassos no Vivace: vidros verdes,
imobilizador de motor, banco traseiro com duas posições para o encosto,
volante espumado, relógio, hodômetro parcial, terceira luz de freio,
espelho no para-sol do passageiro, marcador de temperatura do motor e
econômetro no painel. Os para-choques vêm sem pintura, os cintos de três
pontos laterais traseiros são fixos (não retráteis, que deveriam ser
padrão na indústria) e apenas a porta do motorista aciona a luz interna.
Ao menos a Fiat revestiu as colunas e portas, deixando de expor a chapa
da carroceria. O Way acrescenta itens externos em preto fosco (como
molduras nos para-lamas e nas portas), barras longitudinais no teto,
faróis com máscara negra, lanternas traseiras com seções em tom fumê,
apliques prateados nos para-choques para simular proteções de alumínio,
suspensão elevada, rodas de 14 pol com pneus 175/65, revestimento
interno exclusivo e conta-giros.
Attractive e Way 1,4 adicionam rodas de
14 pol com pneus 175/65 no primeiro e 175/70 no segundo, cintos
dianteiros com regulagem de altura e laterais traseiros retráteis,
conta-giros, alças de teto na traseira, espelho no para-sol do
motorista, aplique de tecido nas portas, console de teto com espelho
convexo (para monitorar crianças no
banco traseiro, por exemplo), console central mais longo, comando
interno do porta-malas e da tampa do tanque, lavador/limpador e
desembaçador do vidro traseiro, volante com ajuste de altura e, no
Attractive, para-choques e retrovisores na cor da carroceria.
Alguns opcionais são comuns a todos eles: ar-condicionado ou apenas
aquecimento, direção assistida, vidros dianteiros e travas com controle
elétrico, freios com sistema antitravamento (ABS) e
distribuição eletrônica de força entre os
eixos (EBD) e bolsas infláveis frontais.
Nas versões de 1,4 litro
podem-se aplicar faróis de neblina, rodas de alumínio, predisposição
para sistema de áudio, para-brisa com faixa degradê, terceiro encosto de
cabeça traseiro, rádio/toca-CDs com MP3 em duas versões (uma inclui
conexões USB e para MP3, além de interface
Bluetooth para telefone celular), volante revestido em couro, ajuste
de altura do banco do motorista e para-brisa térmico (leia mais
adiante), entre outros. Nos Unos de 1,0 litro podem ser
acrescentados itens que os 1,4 trazem de série. Além disso tudo, há
ampla oferta de acessórios em concessionária, como alarme antifurto,
acendedor de cigarros, pedais e pomo de câmbio esportivos, porta-óculos,
sensores de estacionamento traseiros,
faróis de neblina, dois modelos de rádio e diversas opções de adesivos
decorativos para a carroceria e de apliques centrais para o painel. A
variedade de personalização, que impressiona, foi certamente inspirada
na do Fiat 500.
Embora lembre vagamente o Panda europeu lançado em 2003, o novo Uno tem
desenho próprio, elaborado pelos centros de estilo da Fiat no Brasil e
na Itália. A fábrica denomina o conceito de "quadrado arredondado", isto
é, formas retilíneas com os cantos curvos, tendência que fica evidente
por todos os ângulos. São assim a tomada de ar frontal (que substitui a
grade superior) e o elemento correspondente no para-choque traseiro,
molduras de para-lamas, janelas, elementos inferiores nas portas, o
conjunto formado por lanternas e vidro posterior, as seções dentro das
mesmas lanternas, a parte inferior da tampa traseira e, afinal, o perfil
do carro como um todo.
Com exceção do para-brisa, os vidros são quase
verticais e formam uma cabine retangular. O capô alto segue a proposta
de transmitir robustez, como se pertencesse a um pequeno utilitário.
Detalhe marcante são os três vãos retangulares no lado esquerdo da
frente, motivo que se repete no logotipo. É bonito ou feio? Depende do
gosto pessoal. A Fiat afirma ter dado especial atenção às opiniões
coletadas em pesquisas, o que faz esperar boa aceitação de seu
público-alvo. Mas poderia ter sido mantida uma ligação visual com o Uno
original, já que lado a lado nada mostram em comum.
Continua |