Molduras em preto fosco, faróis
escuros, barras de teto: a decoração externa do Uno Way combina com
pneus maiores e suspensão elevada


O interior da versão é similar
ao da Attractive, mas com revestimento diverso; o painel pode receber
apliques decorativos em concessionária



O motor de 1,0 litro ficou
suave ao extremo com as mudanças; outros destaques do Uno são
comportamento dinâmico e conforto de marcha |
O interior, embora simples nos materiais como é comum no segmento de
entrada, transmite boa impressão pelo desenho — nada da falta de cuidado
estético que se nota, por exemplo, no Ka ou no Celta original. A
aparência do painel é agradável, os difusores de ar são muito práticos
(e estão em posição alta, como deveria ser na linha Palio e na Idea) e
há um bom volante espumado de três raios. Detalhe interessante é que
aquele ruído de lata ao fechar a porta do Mille deu lugar a um som
abafado, que dá percepção de qualidade. Coisa que não interfere no
funcionamento do carro, mas traz prazer de possuir.
Já o quadro de
instrumentos convence mais pela forma que pela função: embora tenha bom
aspecto, o velocímetro tem escala de apenas 180 graus e o conta-giros
(exclusivo das versões 1,4) de 90 graus, o que deixa os dígitos muito
próximos e requer mais atenção na leitura — a Volkswagen havia cometido
o mesmo erro no Fox, mas o corrigiu na linha 2010. Ainda, o ponteiro do
conta-giros mover-se em posição oposta ao do velocímetro é estranho. Um
mostrador digital aponta nível de combustível e temperatura do motor. No Vivace vem um econômetro como o do Mille Economy, que sugere a forma de
dirigir com menor consumo.
O motorista senta-se bem, no caso do carro com ajuste de altura do banco
e do volante, e dispõe de comandos bem alinhados, pedais em posição
ideal e ótimo apoio para o pé esquerdo, o que resolve um inconveniente
da linha Palio. Uma falha é o uso de encostos de cabeça fixos na frente
(atrás são ajustáveis), deslize em segurança só visto até agora em Celta
e Prisma. Um motorista mais alto pode ficar com apoio em altura
inadequada e vir a se lesar no evento de uma colisão, seja frontal
(quando o corpo se voltar para trás depois do impacto), seja traseira
(quando a cabeça for jogada para trás). No banco traseiro o espaço
vertical é muito bom, mas a acomodação para as pernas não — problema
herdado do Palio e inerente à distância entre eixos, das menores do
mercado. O controle elétrico dos vidros opcional, restrito aos
dianteiros, tem função um-toque, mas não
sensor antiesmagamento. Os botões vêm no
painel, abaixo do rádio.
Inovação em um carro nacional é o para-brisa térmico, opcional, que
conta com resistência interna (como a usual na traseira, só que bem
discreta) para rápido desembaçamento em dias úmidos. É uma solução mais
eficaz que a emissão de ar quente no vidro, embora o uso de
ar-condicionado ainda pareça melhor solução quando disponível. Por falar
no para-brisa, agora são dois limpadores em vez de um — característica
do Mille que incomodava cobradores de pedágios, pois lançava um jato
d'água à esquerda após a varredura. Os retrovisores são convexos e
bastante amplos, mas não há repetidores laterais das luzes de direção.
Se os faróis são de refletor único (no Palio vinham
duplos), a Fiat afirma que são de uma
nova geração mais eficiente, aspecto a verificar na avaliação completa.
A capacidade de bagagem está dentro da média da classe, 280 litros — são
290 no Palio e no Mille. O encosto do banco traseiro pode ser ajustado
em posição mais vertical, como já visto no Corsa e no Ka em gerações
anteriores, o que libera mais 3 cm de espaço longitudinal e 10 litros de
volume para a carga. Se o banco for rebatido obtêm-se 690 litros. O
estepe vem sob o assoalho do compartimento, a exemplo do Palio, e não
junto ao motor como no Mille.
Ao volante
Embora o novo Uno tenha aproveitado em grande parte a arquitetura — ou
plataforma — do Palio, o que inclui sua distância entre eixos, a Fiat
garante que 82% dos componentes do carro são novos. Os motores chamados
de Fire Evo (de evolution, evolução), de 1,0 e 1,4 litro, são versões
aprimoradas na linha Fire em uso há 10 anos pela Fiat (leia
comentário técnico abaixo) e, segundo a fábrica, ficarão restritos
ao Uno. Apesar das várias intervenções técnicas, em comparação aos
usados no Palio o 1,0 não ganhou potência nem torque. Só o ponto máximo
deste último caiu de 4.500 para 3.850 rpm, regime ainda alto para uma
unidade de duas válvulas por cilindro — consequência da "corrida de
cavalos" que se vê nessa cilindrada, em que um valor mais alto de
potência impressiona o consumidor desinformado, mesmo que traga pouca
influência ao desempenho no uso cotidiano.
No caso do 1,4, a única
alteração em números é o aumento de 2 cv na potência com álcool,
enquanto os demais índices permanecem como no Palio. É de se perguntar
para que serviu a adoção de variação de
tempo de válvulas no motor maior. A Fiat alega que priorizou a
redução de consumo, que teria sido de 5% nesse motor, e de emissões.
Continua |