Versão 1,4, embora com melhor
desempenho, não convence: o motor é muito áspero e o desempenho está
abaixo da concorrência de 1,6 litro


O Uno Vivace, escasso em
equipamentos, vem apenas com motor 1,0 e tem jeito simples com os
para-choques sem pintura e rodas de 13 pol

O motor de 1,0 litro traz bielas
mais longas; o 1,4 inova na categoria com variação contínua de tempo das
válvulas e tem outras melhorias |
Ao
rodar com a versão de 1,0 litro, chama atenção a grande suavidade de
funcionamento: com bielas mais longas que melhoraram em muito a
relação r/l, ficou absolutamente "liso",
imune a altas rotações — como era o antigo Fiasa que equipou o Mille de
seu lançamento, em 1990, até a chegada do Fire em 2001. Com o peso 65 kg
maior que no Mille atual de cinco portas, o desempenho em baixa rotação
não entusiasma, mas o motor dá conta do recado porque pode ser bem
explorado sem demonstrar esforço. Ainda assim, e apesar do bom
revestimento fonoabsorvente, a 120 km/h são 4.400 rpm no Way, rotação
excessiva que deveria ser revista. O ruído passa a incomodar e surge a
sensação de "pedir marcha".
O Vivace, que tem da terceira à quinta
marcha e o diferencial mais longos (mas usa pneus menores), obtém 4.000
rpm à mesma velocidade e está mais dentro da média da classe.
Infelizmente, a modificação de bielas não se estendeu ao 1,4, logo o
motor que mais precisava dela. Ao dirigir o Uno nessa versão, nota-se
que a aspereza já conhecida tira muito do brilho do motor, sobretudo se
comparado a concorrentes de 1,6 litro ou ao Corsa 1,4. Seu desempenho
não é insuficiente para o uso normal, mas a diferença de preço para o
motor menor seria mais justificada se fosse tão suave quanto ele ou se
tivesse vantagem mais palpável em potência, algo como 25 a 30 cv. O
câmbio também poderia ser mais longo para amenizar a sensação de esforço
em velocidades de viagem: a 120 km/h o Attractive está a 3.700 rpm, e o
Way, a excessivas 4.050 rpm (a versão tem quinta e diferencial mais
curtos).
O comando de câmbio repete o do Palio: correto, mas com curso longo e um
pouco vago. Já o comportamento dinâmico é invejável, para o que
concorrem as bitolas largas e a ótima calibração — algo que a Fiat vem
fazendo muito bem desde a Idea. Em curvas animadas ele sai com as quatro
rodas, bem equilibrado, ainda mantendo uma atitude segura para o usuário
sem pretensões esportivas; não é preciso ser piloto para não se dar mal.
A suspensão filtra bem irregularidades e lombadas e a direção assistida
é leve na medida certa, sem contragolpes e com bom retorno nas manobras;
parece mais precisa que a do Palio e obteve diâmetro de giro menor que o
do Mille. Os freios seguram bem o carro em qualquer situação e mostram
calibração acertada da assistência, sem o excesso de resposta notado nos
Palios de anos atrás.
Tudo somado, o Uno mostra atributos certos para — enfim — colocar a gama
de carros de entrada da Fiat no século XXI. A nosso ver, vai dividir
mais as opiniões do que seria ideal em termos de estilo, mas pode ser
que caia no gosto popular como aconteceu com seu antecessor. De resto,
mostra avanço em diversos aspectos não só em relação ao Mille, mas
também ao Palio. Os preços estão bem situados na categoria e, em um
segmento carente de renovações, terá por bastante tempo o atrativo de
ser um carro com aparência toda nova e não uma simples reestilização. O
êxito parece garantido. |