




Mesmo em configuração
cinco-portas, o S3 transpira esportividade por fora, como nas rodas de
18 pol, e por dentro, caso do volante achatado |
Alguns anos atrás, uma bem-bolada publicidade da Audi dizia algo como
"ele é tão bravo, que tivemos de colocar quatro argolas em seu focinho".
A frase veio logo a nossa mente quando vimos o que a marca de Ingolstadt
começa a vender no mercado brasileiro: o hatch S3 de segunda geração,
com potência de 256 cv e preço sugerido de R$ 208 mil; o cupê TT-S, de
272 cv, que custa R$ 283.750; e a versão roadster do mesmo modelo, a R$
299 mil.
O S3 já esteve por aqui na primeira geração, importado em versões de 210
e 225 cv (leia avaliação), quando o A3
era produzido em São José dos Pinhais, PR. Além da maior potência no
motor turboalimentado de 1,8 litro,
contava com tração integral e um extenso pacote visual e mecânico. Com a
troca de geração na Europa, em 2003, a Audi suspendeu sua importação e
ele acabou ficando de fora quando o novo
A3 desembarcou por aqui, em 2006.
Quanto ao TT-S, derivado do TT de segunda
geração, foi lançado na Europa em 2008 com mecânica semelhante à do S3.
O hatch chega para o confronto direto com o BMW 130i de cinco portas,
que tem motor aspirado de seis
cilindros, 3,0 litros e 265 cv com tração traseira e custa quase o
mesmo, R$ 209.900. Outra opção é o Subaru Impreza WRX STi, com motor
turbo de 2,5 litros, 310 cv e tração integral por R$ 219.900. Por sua
vez, o TT-S encara o cupê Porsche Cayman, com seis cilindros, 2,7 litros
e 245 cv por R$ 285 mil, e os conversíveis Mercedes-Benz SLK 350, que
tem motor V6 de 3,5 litros e 305 cv por R$ 283.305; BMW Z4 S-Drive 35i, com seis
cilindros, 3,0 litros e 306 cv a salgados R$ 307 mil; e Porsche
Boxster, com o mesmo motor do Cayman, a R$ 275 mil.
Mesmo com a opção da Audi por trazer apenas a carroceria de cinco portas
Sportback (na Europa existe também com três), o S3 distingue-se
claramente do A3 convencional: rodas de 18 pol com belo desenho e pneus
225/40, saias laterais e nos para-choques mais pronunciadas, elemento em
tom prata no para-choque traseiro que simula um difusor de ar,
retrovisores de alumínio na mesma cor, duas saídas de escapamento
ovaladas e, claro, os logotipos S3 na grade e na traseira. Os
faróis de aparência ousada adotados no A3 em 2008, com fila de
leds e um grande refletor
elipsoidal para ambos os fachos (a
lâmpada é de xenônio), ficam mais
coerentes com o conjunto da versão, que tem
coeficiente aerodinâmico (Cx) regular, 0,33.
Por dentro, o S3 recebe bancos com apoios laterais pronunciados, pedais
esportivos, painel com nova grafia (em que o velocímetro chega a 300
km/h, mas continua com 100 km/h no topo para mostrar as baixas
velocidades com maior precisão) e um atraente volante de três raios, com
apoio perfeito para os polegares e base achatada inspirada em carros de
corrida. Não poderiam faltar as identificações S3, no volante e
no conta-giros, e Quattro na tampa do porta-luvas. Em um ambiente
refinado e de bom gosto, os bancos associam revestimento em camurça
sintética na seção central, para maior retenção do corpo nas curvas, e
couro nos apoios laterais — a combinação de tons do carro avaliado, com
a parte central em creme bem claro, é que pode não agradar a todos. O
motorista encontra posição ideal para dirigir, com ajuste elétrico até
para o apoio lombar, e as abas laterais ajudam nas curvas mais rápidas.
É ampla a dotação de série, como seis bolsas infláveis (frontais,
laterais e cortinas), controles de
estabilidade e tração (este pode ser desativado), sistema de áudio
de alta qualidade com alto-falantes Bose e
subwoofer, ar-condicionado com duas zonas de ajuste e computador de
bordo em português com consumo em km/l. Há detalhes típicos dos bons
alemães, como o retrovisor esquerdo
biconvexo, e nem a faixa degradê no para-brisa foi esquecida.
Contudo, o teto solar duplo — duas grandes seções de vidro, sendo a
dianteira móvel e a traseira fixa — conta com telas perfuradas,
insuficientes para isolar o sol no verão brasileiro. Um ponto a ser
revisto. O estepe é temporário, mas a tração suplementar leva o espaço
de bagagem a cair de 370 para 302 litros. Vale notar que, ao contrário
do anterior, este S3 compartilha a suspensão traseira multibraço do A3 —
que antes usava eixo de torção, incompatível com tração, levando ao
emprego de braços sobrepostos no esportivo.
Continua |