



Desempenho e atuação
do câmbio S-Tronic são ótimos, mas, apesar da aderência dos
pneus 225/45 R 17, o A3 poderia sair menos de frente



Painel e comandos bem
desenhados, duplo teto solar opcional e motor turbo com torque
máximo a 1.800 rpm: um conjunto feito para cativar |
Dupla embreagem
No
entanto, a principal atração do A3 Sportback está no conjunto
mecânico, mais precisamente no câmbio S-Tronic de
dupla embreagem. O motor de 2,0
litros ainda usa bloco de ferro fundido, solução ultrapassada
diante do alumínio usado em alguns carros bem mais baratos, mas
traz quatro válvulas por cilindro,
variação contínua de tempo das válvulas de admissão,
coletor de admissão variável,
turbocompressor e
injeção direta de combustível.
Com tudo isso, produz potência de 200 cv entre 5.100 e 6.000 rpm
e torque máximo de 28,5 m.kgf entre 1.800 e 5.000 rpm, uma
elasticidade que só mesmo os turbos modernos podem trazer.
Impressiona ainda a taxa de
compressão de 10,5:1 em um motor turbocomprimido.
O câmbio automatizado, chamado de S-Tronic pela Audi, é o mesmo
que a VW chama de DSG. Seu destaque é usar duas embreagens
multidisco e ter a árvore primária dividida em duas, sendo uma
responsável pelas marchas pares e a outra pelas ímpares. Quando
uma marcha está engatada, a marcha seguinte já fica selecionada
e, assim que o motorista ou o sistema (conforme o modo de uso)
ordena a troca, basta o desacoplamento da embreagem da marcha
que está sendo usada e o acoplamento da outra embreagem, a da
marcha que está para ser colocada em uso. Com esse sistema, o
engate das marchas fica muito mais rápido e suave, pois não há
necessidade de interromper a transmissão de potência até que a
marcha seguinte seja engatada. A sensação é de que o carro não
para de tracionar nunca e, mesmo em uma condição adversa, é
possível saber que a potência e a tração estarão presentes.
As trocas manuais podem ser comandadas pela alavanca no console,
subindo para frente e reduzindo para trás, ou pelas borboletas
fixadas ao volante, com mudanças ascendentes pela direita e
reduções pela esquerda. Em modo automático — isento de indecisão
e de trancos — a caixa pode operar em programa normal ou no
esportivo, que tende a usar marchas mais baixas para ganho de
agilidade, e mesmo nesse modo a operação manual está disponível.
Tudo isso soma-se à eficiência de transmissão de um câmbio
manual. Não é à toa que caixas desse tipo estão surgindo em mais
e mais fabricantes e, na Europa sobretudo, já equipam vários
modelos até de segmentos inferiores ao do A3.
Câmbio à parte, andar com o Sportback em qualquer condição é
prazeroso. No trânsito da cidade, o carro tem a potência e a
agilidade necessárias para se portar bem. O comportamento da
suspensão não é tão áspero quanto se esperaria de um carro de
apelo esportivo e com rodas de 17 pol. Evidente que ele não é
macio, mas também não é duro a ponto de incomodar, não produz
batidas secas e absorve bem as irregularidades do piso. O
comportamento em direção mais esportiva é excelente: mostra alto
limite de aderência, deixa rolar muito pouco a carroceria e
permite ao motorista saber exatamente onde estão as rodas.
Mérito também do sistema de direção, muito bem acertado e que
poderia ser até um pouco mais direto.
Naturalmente, por ser um carro de 200 cv com tração dianteira,
seu comportamento em curvas é
subesterçante — escorrega demais de frente, sobretudo quando
se provoca mais a autuação do turbo pela pressão do pé direito,
ainda que o despejo de potência seja gradual. Nesse ponto, uma
tração traseira como a usada pelos concorrentes BMW Série 1 e
Mercedes-Benz CLC ainda é a melhor solução. Mas a satisfação de
uso do câmbio, com o som que ele produz com as trocas em alta
rotação, faz qualquer entusiasta se interessar pelo A3. Com o
uso diário, o motorista adapta-se à característica subesterçante
e convive muito bem com o Audi. Aliás, atributos para esse
convívio harmonioso o A3 Sportback tem de sobra. É muito bem
equipado, bonito, tem um motor potente desde baixa rotação e um
câmbio que pode ser considerado um divisor de águas, tamanha sua
tecnologia e eficiência.
Tudo isso, claro, tem um preço: R$ 127.431 com a caixa S-Tronic,
mas sem os opcionais teto solar e sistema de áudio de alta
qualidade. É de se pensar, pois seu preço fica próximo de
modelos de categoria superior, de sedãs como o VW Passat a
crossovers como o Volvo XC60. É
também mais caro que carros similares em porte e proposta como o
Volvo C30 T5 (R$ 119.500 com motor
2,5 turbo de 230 cv) e o BMW 120i Top (R$ 119.800 com motor 2,0
de 150 cv); já o CLC 200 K com motor 1,8,
compressor e 184 cv fica em
compatíveis R$ 128.650. Todos têm câmbio automático, mas não
automatizado como o do A3.
Se você busca espaço e conforto, fique com o carro de categoria
superior. Esportividade pura? Olhe com mais atenção os
concorrentes, sobretudo o 120i pela tração traseira, embora
tenha uma potência bem menor — questão para se resolver com os
R$ 209.900 da versão 130i Sport, de 265 cv. No entanto, se busca
é pelo compromisso entre a esportividade e o conforto, o A3
Sportback tem grandes chances de ser a escolha certa. |
MOTOR
- transversal, 4 cilindros em linha; duplo comando no cabeçote,
4 válvulas por cilindro. Diâmetro e curso: 82,5 x 92,8 mm.
Cilindrada: 1.984 cm3. Taxa de compressão: 10,5:1. Injeção direta,
turbocompressor e resfriador de ar. Potência máxima: 200 cv de 5.100
a 6.000 rpm. Torque máximo:
28,5
m.kgf de 1.800 a 5.000 rpm. |
CÂMBIO
- manual automatizado, 6 marchas; tração dianteira. |
FREIOS
- dianteiros a disco ventilado; traseiros a disco; antitravamento
(ABS). |
DIREÇÃO
- de pinhão e cremalheira; assistência elétrica. |
SUSPENSÃO
- dianteira, independente McPherson; traseira, multibraço. |
RODAS
- 7,5 x 17 pol; pneus, 225/45 R 17. |
DIMENSÕES
- comprimento, 4,286 m; largura, 1,765 m; altura, 1,423 m;
entreeixos, 2,578 m; capacidade do tanque, 55 l; porta-malas, 370
l; peso, 1.410 kg. |
DESEMPENHO - velocidade
máxima, 236 km/h; aceleração
de 0 a 100 km/h, 7,2 s. |
Dados do fabricante; consumo
não disponível |
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