


O interior não é tão refinado
quanto em outros Audis, mas o câmbio tem operação impecável e o motor de
200 cv "empurra" esse A3 com vigor



Para o A4, o pacote S Line da
versão Sport traz para-choques, rodas de 18 pol e outros detalhes que
mudam o caráter comportado do belo sedã |
No âmbito das suspensões, o alumínio é empregado tanto para o
subchassi dianteiro do A4 quanto para os
cinco braços do sistema chamado de Five Link, onde o quinto braço nada
mais é do que a engenhosa utilização dos tirantes de direção como mais
um ponto de apoio da suspensão, baseada em braços sobrepostos. Na
traseira o sistema é multibraço de alumínio, também acoplado a subchassi.
O A4 testado contava com o sistema Audi Drive Select, um opcional (cerca
de R$ 13 mil) não disponível no A3 Sport, que permite alterar as
características da resposta das suspensões e sistema de direção entre os
modos Comfort, Dynamic e Auto, por teclas situadas no console atrás da
alavanca de câmbio.
Em ambos estão presentes o controle de
estabilidade ESP e o controle eletrônico de tração. No A4 o motor é
acionado por botão de partida e o comando do freio de estacionamento se
dá por uma pequena tecla no console central, que comanda um sistema
eletromecânico. O A3 Sport tem freio de estacionamento convencional, mas
traz um recurso com grande chance de servir como peça forte no marketing
do modelo: o sistema de controle de largada ou Launch control. Ele
otimiza o arranque se valendo da integração entre motor, câmbio e
comandos de freio e acelerador, orquestrados pela eletrônica.
Se o A3 Sport nasce para agradar quem se importa prioritariamente com
desempenho e o A4 Sport para quem quer um sedã com algo a mais (menos o
preço da versão V6), uma simples conferência visual confirma esta
afirmação. Começando pelo revestimento dos bancos: no A4, camurça
sintética (Alcântara) combinada com couro normal é um elegante
equipamento de série. Já no A3 Sport o couro simples é opção paga, já
que o padrão é o interior revestido de tecido. Teto solar e controles do
sistema de áudio no volante são comuns a ambos; todavia, o sistema do A4
é o Audi Symphony, enquanto no A3 é o Audi Concert, mais modesto, apesar
de bem eficiente. Nos dois está presente o computador de bordo e os
materiais de revestimento são, de uma maneira geral, adequados para este
padrão de automóvel.
Enquanto o conforto no banco traseiro e o acesso a ele são
irrepreensíveis no sedã, tanto pelo bom ângulo de abertura das portas
quanto pelo amplo espaço interno, o mesmo não se pode pretender do
hatchback. Além de ter o banco traseiro mais estreito, o A3 obriga a
certo contorcionismo para entrar e sair da "segunda classe", mesmo com o
sistema de rebatimento dos bancos que os avança inteiros e não apenas o
encosto. É preciso usar boa energia para desancorar o assento e permitir
acesso ao banco traseiro. Para o A3 a regulagem dos bancos dianteiros é
manual, enquanto que no A4 há assistência elétrica para a tarefa. Como
era de se esperar, nos dois o volante permite regulagem de altura e
distância. Por fim, o ar-condicionado automático com regulagem
individual para motorista e passageiro, seis bolsas infláveis e rodas de
17 pol (com opção de 18 pol no A4) são aplicados a ambos.
Alta satisfação
Dirigir estes Audis é um exercício de prazer dentro da expectativa que
as naturezas diferentes do A3 e do A4 criam — pois, como dissemos,
apesar de unidos pela marca e por um mesmo motor, são grandes as
individualidades e o marcado caráter de cada um. No A3 Sport a vida é
rápida, áspera, agitada. As suspensões têm um excelente acerto e
oferecem um conforto bem acima do que se poderia esperar para um carro
com apelo esportivo. No entanto, a aderência oferecida por um pneu
245/45, largo e baixo, implica um rodar menos silencioso e com absorção
das irregularidades do piso apenas razoável. Por mais que as suspensões
se esforcem, o que se passa no contato do pneu com o solo é transmitido
para o habitáculo. Esta é uma característica positiva se considerarmos
que o A3 é um esportivo, mas quantos o comprarão pelos prazeres de uma
condução mais ousada, para andar com o som desligado e os vidros abertos
só para ouvir o pneu gritar no asfalto e a rotação do motor subir e
descer entre as trocas de marcha?
Sendo assim, apesar do impecável funcionamento do motor, câmbio,
suspensões, direção e freios e da bem estudada posição de dirigir
(pilotar!), o A3 Sport é cansativo. Como em todos os alemães, os bancos
são firmes e certamente o pequeno "canhãozinho" não é a melhor escolha
para uma viagem de mil quilômetros num dia. Ao contrário, o A4 "veste"
de maneira diferente. Em boa parte pelo entre-eixos mais longo e também
pelo fato de a versão testada contar com o sistema Audi Drive Select,
nossos 100 km ao volante foram bem mais confortáveis que no A3. A opção
entre os modos Dynamic e Comfort tem a atuação esperada: suspensões mais
firmes no primeiro caso e mais macias no segundo. Já a opção Auto usa os
sensores para "entender" o que se passa com o carro, "lendo" a tocada
que seu usuário adota para escolher o melhor ajuste de suspensão e
direção.
Usando o A4 com câmbio em "D", a impressão é de dirigir um carro de
motor elétrico, uma vez que o elevado torque disponível numa extensa
faixa — de 1.500 a 4.200 rpm! — se traduz num sólido e constante
empurrão, potencializado pela transmissão de potência sem pausa.
Continua |