Os bancos revestidos em couro e
camurça dão o toque sofisticado ao A4 Sport, que contrasta com sua
aceleração através das oito marchas |
Contudo, ao optar pelas trocas manuais usando as borboletas por trás do
volante, ocorre uma surpresa. Aquilo que poderia ser um simples
exibicionismo tecnológico, ou seja, a possibilidade de estabelecer
estágios — em princípio desnecessários — em um sistema de variação
contínua, se revela sedutor. O sedã tranqüilo, mas poderoso, que
praticamente anestesia seu motorista e evita qualquer erro através de
seus variados automatismos, ganha outra face. Passar oito marchas
acelerando a fundo, com espaçamento mínimo entre uma e outra, faz rever
posições. A primeira delas é de que aquele Sport no nome do A4 era "para
inglês ver". Não é. Os 214 cv dizem bem mais a que vieram quando o
câmbio Multitronic está à mercê de quem senta no banco do motorista, e
não quando são os sensores os responsáveis pela batuta.
Apesar de ter crescido em dimensões gerais — em especial na distância
entre eixos — em relação à geração anterior do A4, este sedã ataca
curvas com uma disposição que confirma o acerto de buscar uma melhor
centralização das massas, deslocando o motor para trás e para baixo,
assim como encurtando o balanço
dianteiro. Se o A4 Sport aparenta ser um carro de representação ou o
carro número um da família, ele também pode ser, e com grande
competência, um excelente vetor para se andar rápido e obter prazer na
pilotagem. Essa faceta dupla não se aplica ao A3 Sport, que é todo feito
para quem gosta de acelerar. Dois são os pontos positivos a destacar
nele, fora o fato de ter um preço bem abordável para um Audi.
O primeiro é o controle de largada, coerente com a proposta esportivo.
Para usá-lo é necessário desligar os controles de tração e de
estabilidade, zerar o hodômetro, colocar o câmbio em "S", pisar no freio
e acelerar fundo: o motor se estabiliza numa rotação perto de 3.000 rpm
e, nesse momento, basta soltar o pé do freio para o A3 Sport sair como
um raio, esfregando os pneus no asfalto e cumprindo a melhor aceleração
possível. Outro ponto alto é o câmbio, que traz o tempo de troca de
marchas a um patamar absurdo. A rapidez com a qual as mudanças ocorrem é
de ridicularizar os melhores câmbios de motocicleta, inclusos os dotados
de Powershifter, que dispensa o uso da alavanca de embreagem (cortam a
injeção quando um sensor posicionado na haste do câmbio detecta a
pressão do pé do piloto).
Além de veloz nas mudanças, o S-Tronic é preciso, justo e muito bem
casado com o saudável motor turbo. Somado ao acerto de suspensões, faz
deste A3 o digno herdeiro do sucesso da saudosa versão paranaense. |