




Harmonioso mesmo com a capota
fechada, o desenho do SLK busca semelhança com o do supercarro SLR
McLaren e mostra que não é preciso gerar polêmica para ter identidade |
Conversíveis esporte são uma tradição de longa data na Mercedes-Benz. Já
na década de 1920 houve a série S/SS/SSK/SSKL, seguida nos anos 30 pelas
luxuosas versões abertas dos 500K e
540K. No pós-guerra, a
linhagem SL começou com o 300 SL cupê de 1954, passou ao primeiro
conversível três anos depois e teve seguimento em quatro outras
gerações. Ainda assim, quando o primeiro SLK foi lançado, em 1996, havia
um apelo de novidade.
Com uma sigla que dizia muito sobre sua personalidade — sport, leicht,
kurz ou esportivo, leve e curto --, aquele roadster de linhas
suaves e agradáveis foi o primeiro conversível ocidental, na história recente, com
um mecanismo automático para recolher a capota rígida e guardá-la no
porta-malas, cuja tampa se abria em sentido oposto para esse fim (a
japonesa Mitsubishi ofereceu uma pequena série do 3000 GT com sistema
semelhante). Embora
Peugeot (com o 402 Eclipse dos anos 30) e
Ford (com uma versão do Fairlane, nos 50) tenham feito mecanismos
parecidos no passado, o abandono dessa solução por tantas décadas
mostra que a tecnologia precisava evoluir antes que ela retornasse.
Depois do SLK vieram muitos conversíveis com o mesmo princípio, até o
pequeno Peugeot 206 CC vendido no Brasil. No
ano passado, diante de uma revigorada concorrência entre os roadsters
de prestígio — BMW Z4,
Porsche Boxster,
Honda S2000 —, a Mercedes apresentou sua
segunda geração. Além da exclusiva
oferta de motor V8 na versão de topo 55 AMG, o novo SLK esbanjava
estilo: era clara a intenção de lembrar, no desenho frontal, o vigoroso
supercarro SLR McLaren. E foi ele,
na opção de entrada 200 Kompressor, que o BCWS escolheu para esta
edição de oitavo aniversário.
As formas do SLK impressionam ao primeiro contato: não é todo dia que se
vê uma combinação tão feliz de imponência e leveza, sem apelar a
discutíveis ousadias como no concorrente da BMW. O destaque é sem dúvida
o ressalto central no capô, inspirado nos carros de Fórmula 1 da
McLaren, mas se nota esmero em todas as linhas. A posição da cabine
quase sobre o eixo traseiro, típica dos roadsters, agrada muito.
Em relação à primeira geração, o carro cresceu 72 mm em comprimento, 65
em largura e 30 na distância entre eixos, mas continua pequeno, com 4,08
metros de ponta a ponta. O coeficiente
aerodinâmico (Cx) é bom, 0,32 com capota fechada, e as lanternas
traseiras usam LEDs.
Aberta a imensa porta, o motorista depara-se com um interior compacto,
mas com espaço suficiente mesmo para pessoas de maior estatura, e muito
bem elaborado. Houve um grande passo aqui em relação ao primeiro SLK,
com formas modernas e atraentes — os puxadores das portas são um símbolo
de criatividade. Os materiais plásticos têm uma textura rugosa que não
mostra qualidade aos olhos, mas agradam ao tato pela maciez. Ambos os
bancos (são só dois lugares) têm amplos ajustes elétricos (assim como o
volante) e três memórias, muito conveniente por se poder guardar uma
posição baixa, para uso sem capota, e uma mais alta com o carro fechado.
Continua |